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Crítica | As Filhas de Drácula (1974)

Sexo, morte e violência na jornada de duas vampiras sedentas e bizarras.

por Leonardo Campos
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Títulos oportunistas e suas barganhas em prol do lucro. Apesar de parecer bizarro, As Filhas de Drácula é uma produção que instiga, atrai por sua curiosidade, haja vista o mergulho intenso na morbidez ao longo de seus 90 minutos de desenvolvimento. Com uma trama que se aproveita da liberdade sexual exibida nos filmes após a década de 1960, aqui podemos contemplar cenas de relações íntimas entre as vampiras do título e os homens levados ao seu império de luxúria, numa história que beira ao pornográfico, dando visibilidade total, obviamente, para a nudez feminina, num festival de seios e outras partes dos belos corpos destas jovens sedentas por sangue. Navegando no extenso oceano promovido pelo legado e impacto cultural do romance do escritor Bram Stoker em suas representações cinematográficas, a produção pega carona na onda das realizações da década de 1970, uma era profícua para o Conde Drácula.

Acredito, por sua vez, que seria mais apropriado chamar o filme de As Filhas de Carmilla, afinal, as protagonistas sugadoras da energia alheia possuem mais semelhanças com a “Vampira de Karnstein”, icônico personagem de Sheridan Le Fanu, predecessora da criatura da noite definidora da mitologia vampírica. Aqui, temos duas jovens bonitas, sedutoras e com um enorme apetite por duas bases da vida humana: o sexo e o sangue. Logo na abertura, elas são assassinadas à tiros, num preâmbulo violento que estabelece o tom que será desenrolado ao passo que a narrativa avança. A direção de fotografia de Harry Waxman faz um sombrio jogo de luz e sombra, esconde parcialmente os excessos por meio de enquadramentos mais sutis, para escancarar as artimanhas destas mortas-vivas mais pra frente.

Sim, elas são aniquiladas por uma figura masculina e ressuscitam. Não há explicações no roteiro de Dianna Dawbeney e Thomas Owen, mas após os tiros, elas voltam para o mundo dos vivos, sem planos de vingança contra quem as destruiu. O foco é fazer sexo e beber sangue. Como observamos tudo isso com algum espanto diante da falta de cuidado dos dramaturgos em amarrar as pontas da história, ficamos apenas atentos ao que vai acontecer mais adiante. É um daqueles filmes onde não devemos exigir muito e tentar aproveitar ao máximo os bons momentos para evitar a sensação de desapontamento. Vida e morte que seguem. Assim, o diretor José Ramón Larraz conduz a saga destas vampiras lésbicas, o tal paralelo mais adequado com Carmilla ao invés de Drácula, acompanhadas pela misteriosa trilha sonora de James Clarke.

Ainda em seus primeiros instantes, o filme nos situa numa ambientação ao estilo gótico. O design de produção de Ken Bridgeman capricha na ornamentação sombria e sensual e a câmera faz seu jogo situacional pelos espaços de uma mansão repleta de corredores, quartos, escadas, simbologias cristãs mescladas com elementos mundanos, local imerso numa gigantesca área arbórea, propícia para atrair homens incautos, tendo em vista executá-los. Fran (Marianne Morris) e Mirian (Anulka Dziubinska) geralmente vão para a beira da estrada e, com seus olhares sensuais e roupas góticas, pedem caronas aos caras que atravessam a região, levando-os para os seus aposentos na mansão. É lá que elas se relacionam sexualmente e depois matam.

Ted (Murray Brown) é um deles. Ao estilo Hellraiser: Renascido do Inferno, as moças garantem a alimentação diária, transformando estes homens em seus objetos sexuais, para depois, descarta-los em prol da próxima mordida. Desenvolvido numa habitação utilizada numerosas vezes pela Hammer para a produção de filmes de terror, As Filhas de Drácula traz um texto descuidado, poucos diálogos, muitas cenas de sexo intenso e violência, além de estabelecer um casal, Harriet (Sally Faulkner) e John (Brian Decon) como personagens extras para permitir que a trama tenha algo a mais para esticar ao máximo a sua estrutura básica. Eles são dois jovens que viajam e decidem acampar para descansar, próximos da mansão. Juntos, contemplarão as estranhezas das vampiras e seus rituais cotidianos de atração das figuras masculinas que entram na casa, mas nunca saem de lá.

É um daqueles filmes estranhos, que não dizemos ser ruim, mas também não achamos bom.

As Filhas de Drácula (Vampyres, Estados Unidos – 1974)
Direção: José Ramón Larraz
Roteiro: Diana Daubeney
Elenco: Marianne Morris, Anulka Dziubinska, Murray Brown, Brian Deacon, Sally Faulkner, Michael Byrne
Duração: 87 min.

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