2X04
Pinte a Cidade de Azul
O segundo ato dessa temporada começa com um salto temporal depois do decreto de lei marcial em Piltover, onde Caitlyn, Ambessa e seus exércitos ocuparam Zaun. Nesse meio tempo, Jinx vira uma espécie de símbolo revolucionário e heroico para os moradores de Zaun, com direito a uma entrada divertidíssima que mistura ali algo meio punk rock com a pegada de insurgência que carrega a história do episódio. Confesso que é uma sacada inteligente para o arco de Jinx, tanto por ser ao mesmo tempo uma escolha inesperada e orgânica, quanto por agregar novas camadas de contradição (e de humor também) à personagem.
O bloco seguinte com ela escondida e brincando com besouros é bem exemplificativo dessa ideia divertida, com o roteiro gradualmente construindo uma possível transformação da personagem através da presença de Isha, que agrega muito em suas interações ternas e carismáticas com a Jinx. Por mais rápida que tenha sido a criação de laço entre as duas, a produção não deixa nada soar forçado ao ponto de seu sumiço ser sentido e orgânico para a grande vilã do seriado assumir seu papel como uma maldita heroína, em suas próprias palavras. Gosto bastante do dilema posto em frente à personagem, novamente com ótimos diálogos e com mais uma excelente sequência em torno de sua insanidade e melancolia quando “discute” com Silco – uma ideia recorrente muito bem executada pela série.
De maneira paralela, a narrativa continua dando espaço para Ambessa, que vem se tornando uma grande personagem. Sua pesquisa da tecnologia Hextech e o envolvimento das bruxas ainda soam um pouco confusas, mas intrigantes ao ponto de tornar essa trama verdadeiramente interessante, até por suas possibilidades de expansão de universo. A possível participação de Singed, já que Ambessa está procurando um cientista à altura de seus planos ambiciosos, também eleva a qualidade da trama, considerando que o alquimista não só é maluco, como tem um vínculo direto com Vi, Jinx e Vander como fica evidente no grande gancho do episódio.
Ademais, temos mais uma aula de animação e de nível de entretenimento, dessa vez ressaltado pelo peso dramático da insurgência em construção através de Jinx, algo que fica muito claro na ótima sequência que a personagem é de certa forma reverenciada e respeitada pelos prisioneiros de Zaun. Tanto a cena da prisão em Zaun quanto o resgate em Stilwater são grandes exemplares de ação, talvez com uso um pouco excessivo de câmera lenta, mas ainda assim incrivelmente divertido de assistir. A presença da besta me soava um pouco desconexa até esse episódio, mas a revelação final torna o personagem imprescindível para a história principal no que pode vir a se tornar uma grande tragédia.
2X05
Bolhas na Mão e Pés no Chão
Se Jinx virou uma heroína, Vi foi no caminho completamente oposto durante o salto temporal, se tornando uma lutadora clandestina alcoólatra depressiva com um cabelo mal pintado. A inversão de papéis entre as personagens é algo curioso e bem explorado na trama em que ambas as personagens vão em busca de Vander, que agora se tornou um monstro nas mãos de Singed/Reveck. Continuo achando que o drama das irmãs é o ponto alto do seriado, então todo esse bloco é ótimo para progredir o relacionamento das protagonistas, entre momentos de discussão, teimosia, zoações e, enfim, amor, com um desfecho ao mesmo tempo trágico e bonito quando a família se reúne.
Em algumas cenas acho que a produção ainda flerta com algo melodramático, o que é acentuado por uma trilha sonora sempre bem apelativa, mas de maneira geral temos uma ótima progressão do drama familiar de Jinx e Vi, agora com o adendo do problema em como recuperar a sanidade de Vander. Inclusive, o flashback com o personagem, Reveck e a mãe das protagonistas é muito comovente e agrega bastante à história do trio. Duvido bastante que teremos um final feliz aqui, mas é bacana ver algum tipo de alegria durante a jornada de duas grandes personagens.
O restante do episódio foca na parte macro da história, dessa vez com núcleos de Mel e Jayce. Tudo em torno desses eventos seguem confusos, porém interessantes, com destaque para a pegada surreal da narrativa e dos visuais sempre excelentes. Ganhamos mais perguntas do que respostas sobre o papel de Mel nesse universo e sobre o que aconteceu com Jayce, que agora está vinculado à Hextech e em aparente caça de Viktor. Senti falta dos núcleos mais políticos nesse episódio, inclusive com o desperdício de Salo, que vinha se mostrando um bom personagem no Conselho, mas de maneira geral temos outro episódio de altíssima qualidade tanto no desenvolvimento da mitologia quanto no foco principal do drama familiar de Vi e Jinx.
2X06
A Mensagem Oculta no Padrão
A Mensagem Oculta no Padrão é um episódio bem enigmático, em um bom sentido, como o próprio título indica. Jinx, Vi e Isha levam Vander ao santuário de Viktor na esperança de que ele possa ser curado, no que acaba se tornando uma montagem de belíssimas sequências de Viktor caminhando pela psique quebrada do personagem. Entendemos um pouco melhor o papel da Hextech num sentido lírico e conceitual, apesar de na prática tudo continuar ainda mal explicado, principalmente por que Reveck precisa que Vander continue como um monstro.
Viktor ganha destaque no que é um arco curioso, quase similar ao de Jinx no sentido de um personagem duvidoso se tornando uma espécie de herói, mas ainda ficaram muitas dúvidas (boas, vale ressaltar) sobre suas verdadeiras intenções, o efeito delas e qual é a razão de Jayce matá-lo ao final do episódio. A presença antagonista de Reveck é excelente, em especial a cena muito bem escrita que os personagens se encontram, no que acaba culminando no ataque de Ambessa ao santuário. Ao longo de tudo isso, o ótimo reencontro de Caitlyn e Vi acaba se tornando uma previsível (num bom sentido) e intensa reviravolta com a traição da comandante contra Ambessa.
O clímax da batalha final está entre alguns dos melhores do seriado até aqui, que sempre gosta de terminar seus atos com um desfecho bombástico. A convergência das três tramas desse ato (Vi e Jinx; Ambessa e Caitlyn; Jayce e Viktor) é bem construída, com a morte de Viktor impactando severamente tanto em seus seguidores (que sequência mais sinistra…) quanto em Vander, no que acaba sendo o estopim de uma conclusão sangrenta e extremamente trágica para uma família que estava se reencontrando (sabia que não teríamos um final feliz…), principalmente para sua nova integrante: Isha. O sacríficio da jovenzinha é lindo e melancólico, com destaque para a sequência em aquarela entre ela e Jinx. Quando tudo parecia ir bem, voltamos a estaca zero. Será muito interessante ver a reação de Jinx e de Vi a esses acontecimentos, bem como onde a aliança de Caitlyn e Ambessa vai para após a traição e a morte de Rictus. Caos e desespero estão à vista, ainda mais quando lembramos dos enigmas em torno de Mel e Jayce, no que deve ser um terceiro ato explosivo para uma grande série.
Arcane – 2X04 a 06: Pinte a Cidade de Azul / Bolhas na Mão e Pés no Chão / A Mensagem Oculta no Padrão (2X04 a 06: Paint the Town Blue / Blisters and Bedrock / The Message Hidden Within the Pattern) | EUA, 17 de novembro de 2024)
Criador por: Christian Linke, Alex Yee (baseado no universo League of Legends)
Direção: Arnaud Delord, Bart Maunoury, Marietta Ren
Roteiro: Graham Mcneill, Kristina Felske, Giovanna Sarquis, Alex Yee
Elenco: Hailee Steinfeld, Ella Purnell, Kevin Alejandro, Katie Leung, Jason Spisak, Toks Olagundoye, JB Blanc, Harry Lloyd, Mia Sinclair Jenness, Remy Hii, Mick Weingert, Josh Keaton
Duração: 128 min.