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Crítica | Anerca, Respiração da Vida

por Luiz Santiago
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A proposta dos diretores aqui em Anerca, Respiração da Vida é interessantíssima. Na introdução do filme, lemos na tela a seguinte exposição: “um filme sobre culturas indígenas no Círculo Polar Ártico, dentro das fronteiras da Finlândia, Suécia, Noruega, Groenlândia (Dinamarca), Canadá, Alasca (EUA), e Rússia. Essas culturas não elaboraram essas fronteiras. Os direitos foram violados, os modos de vida de herança ancestral foram em grande parte esmagados mas a visão do mundo interior das pessoas manteve-se firme e permaneceu intacta, pelo menos até agora”. Uma baita proposta, não?

Para nos introduzir a esses vários povos, os cineastas escolheram a arte como meio comunicador, com destaque especial para a dança e para a música percussiva e cantada. Nesse sentido, o que temos aqui é algo realmente inestimável. O conteúdo cultural, em parte se perdendo com as novas gerações, recebe um registro histórico admirável e, ao observarmos as músicas, máscaras, esculturas, danças e poemas de cada população, temos a oportunidade de conhecer um pouco do pensamento e produção artística desses indivíduos; sua relação com a terra, com a fauna, flora e também com a morte.

Os problemas do filme começam na forma como os diretores escolheram fazem a montagem desse material. A divisão nada dinâmica e os cortes de conteúdo dentro de cada bloco nos fazem questionar uma porção de escolhas, algumas delas simplesmente soltas no meio de todo apanhado etnográfico da película (o rapaz dançando no shopping é o caso mais grave disso). Um outro ponto é a exata mesma forma de apresentar cada nova cultura, sem nenhum tipo de trabalho mais acurado que nos desse dimensão do que a narração está nos dizendo. Há um claro desequilíbrio de fontes históricas (fotografias, vídeos) entre um povo e outro, mas isso não seria um problema se a relação entre passado e presente desses culturas não seguisse a mesma cartilha de exposição.

Falando de sobrevivência, dificuldades econômicas e até do apagamento e sincretismo cultural, Anerca, Respiração da Vida nos faz conhecer um pouco do modo de vida e da histórias dessas populações no extremo norte de nosso planeta. Como deixei claro no início da crítica, o conteúdo do documentário é muito valioso, e até mesmo por isso não deixo de lamentar o fato de que os diretores não souberam trabalhar bem com o que tinham em mãos, seja na exposição das as fontes, seja no ritmo empregado para mostrá-las.

Anerca, Respiração da Vida (Anerca, elämän hengitys) — Finlândia, 2020
Direção: Johannes Lehmuskallio, Markku Lehmuskallio
Roteiro: Johannes Lehmuskallio, Markku Lehmuskallio
Duração: 86 min.

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