Com a finalização da primeira temporada do revival de Sex and The City, os realizadores decidiram investir num documentário com registros interessantes dos bastidores deste programa que é carregado de um extenso legado e impacto cultural. Em seus 67 minutos, a produção traça um panorama desta série que no passado, durou seis temporadas, exibidas entre 1998 e 2004, universo expandido para dois filmes, de 2008 e 2010, dentre outras produções conectadas com as personagens tão icônicas de Sarah Jessica Parker, Kristin Davis, Cynthia Nixon e Kim Cattrall, intérpretes de Carrie Bradshaw, Charlotte York, Miranda Hobbes e Samantha Jones. Como sabemos, afinal, a situação se tornou debate público, a loira fatal de Cattrall não retornou para o revival, haja vista uma série de diferenças pessoais com o elenco, em especial, com a protagonista, crise acentuadas desde o segundo filme baseado na série, problema que se alongou e acabou ganhando grandes proporções nas redes sociais nos últimos anos, com destaque para o cancelamento do desnecessário Sex and The City 3.
A carismática e adorada personagem é um dos primeiros tópicos debatidos no documentário. Engraçado observar que nenhuma das colegas de elenco sequer citam o nome da atriz que encarnou Samantha por anos, apenas mencionando o legado da personagem. É Michael Patrick King que destaca alguns pontos da ausência já conhecida por todos mesmo antes da estreia do primeiro episódio do revival, numa exposição que explica para o público o desinteresse em substituir a figura ficcional em questão. Nunca foi esse o foco, relata o criador do programa, reforçando que agora, com os novos tempos e demandas de representação, outras personagens foram criadas para ampliar a rede de contatos de Carrie, Charlotte e Miranda. Logo adiante, temos uma breve passagem sobre outra personagem que teve destaque, em especial, na terceira temporada: Natasha, a esposa de Mr. Big, traída por ele e Carrie durante um tórrido e trágico caso que trouxe graves consequências para todos os envolvidos.
Entre idas e vindas que destacam o presente, mas nunca deixam de mostrar pequenos trechos do passado, And Just Like That: O Documentário expõe para o espectador os principais pontos que os envolvidos queriam resgatar para demonstrar o que ficou para trás na vida das protagonistas e o que ainda se manteve conectado com a atualidade, quase vinte anos após o término da série ponto de partida, finalizada, como já mencionado, em 2004. Os figurinos, como não podia deixar de ser, ganham grande destaque na produção, com demonstração da trajetória de Molly Rogers, a responsável pelo setor, na busca dos trajes que estariam no revival. Parte da equipe desde os tempos em que a icônica figurinista Patricia Field comandava os sofisticado vestidos e sapatos de Carrie e suas amigas, temos aqui uma aula de como funcionam as escolhas nos bastidores, da pesquisa ao processo de inserção das roupas nas cenas. Didático, o documentário funciona não apenas para os interessados em Sex and The City, mas também para curiosos em torno dos mecanismos que engendram a execução de uma produção audiovisual.
Dirigido por Fabien Constant, temos ainda detalhamentos sobre a importância da direção de fotografia na série, assinada por Tim Norman, parte integrante da equipe que explica escolhas de movimentação, enquadramento e iluminação; Cynthia Nixon, também na posição de diretora num dos episódios, tem a sua eficiente jornada refletida pelas colegas e por ela mesma; o mundo de Charlotte, anteriormente a mais conservadora do programa, é expandido e comentado em pormenores; a cenografia e a direção de arte, ramificações do design de produção, também ganham comentários assertivos dos realizadores, além do emocionante relato sobre a morte de Willie Garson, o intérprete de Stanford Blatch, o melhor amigo gay de Carrie, ator que faleceu durante as filmagens, vitimado por um câncer. Em meio a sua dor e dificuldades, ele seguiu até quando pôde na empreitada, algo que era desconhecido pela equipe, informação compartilhada apenas por Sarah Jessica Parker, atriz que aqui também ocupa a posição de produtora executiva.
And Just Like That: O Documentário (And Just Like That: The Documentary/EUA, 2022)
Direção: Fabien Constant
Roteiro: Fabien Constant
Elenco: Sarah Jessica Parker, Kim Kristin Davis, Cynthia Nixon, Chris Noth, David Eigenberg, Willie Garson, Mario Cantone, Karen Pittman, Nicole Ari Parker, Bridget Moynohan, Neall Cunningham, Cathy Ang, Sara Ramirez, Alexa Swinton, Sarita Choudhury, Ivan Hernandez, Michael Patrick King, Molly Rogers
Duração: 67 min.