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Crítica | Amor de Índio (1914)

por Luiz Santiago
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 estrelas 1,5

Amor de Índio foi o primeiro filme dirigido por Cecil B. DeMille (em parceria com Oscar Apfel) e tinha uma história que o agradava tanto, que ele chegou a refilmá-la duas outras vezes, uma em 1918 e outra em 1931 (esta, com o título de O Exilado, aqui no Brasil). Também é importante lembrar ao leitor que não confunda esta história com aquela filmada por D.W. Griffith em 1911 e com o título original de The Squaw’s Love (também chamada de Amor de Índio em nossas terras).

Consta nos autos de boa parte das fontes sobre a História de Hollywood que Amor de Índio foi o primeiro longa-metragem a ser filmado naquelas paragens. Já há algum tempo a terra dos sonhos existia (o primeiro filme literalmente hollywoodiano foi o curta In Old California, de 1910, dirigido por D.W. Griffith), mas produções longas eram uma novidade ali. DeMille então iniciava a carreira de forma ambiciosa e fazendo História. Pena que a qualidade dessa sua primeira realização não seja tão interessante quanto o seu pioneirismo como diretor.

Baseado na peça de Edwin Milton Royle, Amor de Índio é um western improvável, híbrido dos dramas pós-vitorianos. A ação começa no Reino Unido e, a partir de um problema familiar com duas vertentes de escândalo, o herói da história é forçado a migrar para os Estados Unidos e, por um capricho do destino, acaba indo morar no interior da Califórnia, local onde se passa a maior parte da ação diegética.

Ao tentar lincar dois ambientes tão distintos, DeMille e Apfel se perdem a curto e a longo prazo. Primeiro, porque o encadeamento da trama é estranho e deslocado, dada a rapidez com que alguns fatos são mostrados e a extrema lentidão em outros vêm à tona. Segundo, porque na tentativa de fechar bem a cadeia de eventos trazendo pessoas do passado do protagonista, os roteiristas acabaram confundindo o espectador e dando nós desnecessários na história. É como se tudo servisse apenas para expiar o medo e a vergonha do herói e colocasse o amor de uma índia no altar do “sofrer é amar demais” (aqui, os indígenas são amigos dos colonos e com eles vivem harmoniosamente, embora haja certo receio de ambos os lados).

Para uma produção ambiciosa, há um grande número de erros cênicos a ser considerados, além de bizarrices na fotografia difíceis de justificar. O acerto pleno dos diretores é na figuração dos sets e a forma como eles exploram o local — o rancho é um lugar muito bem construído e existem cenas antológicas ali, como a que o ator Dustin Farnum está dentro do saloon, sentado em uma cadeira e pensando, muito preocupado e atormentado.

Nessa dinâmica, existe um quê mecânico ou cíclico que justifica o tédio do herói e a saudade que ele tem de casa. O desenho de produção da obra acaba servindo, então, de contraste com o passado, a única ligação interessante entre a parte western da história e sua versão britânica. Levando esses pontos em consideração, não é de se espantar que o final se desse com alto destaque para a tragédia, um desvio de enredo que acabou por enterrar de vez o que poderia ao menos ser um final mediano para essa estreia compartilhada do grande (embora não tão grande aqui) Cecil B. DeMille no cinema.

Amor de Índio (The Squaw Man) – EUA, 1914
Direção:
Oscar Apfel, Cecil B. DeMille
Roteiro: Oscar Apfel, Cecil B. DeMille (baseado na peça de Edwin Milton Royle)
Elenco: Dustin Farnum, Monroe Salisbury, Winifred Kingston, Mrs. A.W. Filson, Haidee Fuller, Red Wing, Foster Knox, Fred Montague
Duração: 74 min.

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