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Crítica | American Horror Story: Delicate – 12X05: Preech

AHS sendo AHS.

por Felipe Oliveira
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Se há uma forma de definir o quinto episódio de Delicate seria por meio da ironia. Ironia por marcar a metade da temporada, ironia por estar andando em círculos, ironia por não chegar a lugar algum. Como o título indica, a aleatoriedade da vez se dispôs a contar a origem de uma das personagens que integram a bolha de conspiração contra Anna, e novamente, o décimo segundo ano de AHS apresenta uma cena de flashback, agora em 1987 mostrando que a misteriosa mulher de preto que tem perseguido Anna foi uma das vítimas da seita satânica envolvendo fama e bebês. A pior parte disso é que o episódio desperdiça seu impacto ao colocar a versão atual da Mrs. Preecher (Julie White) avisando sobre a seita para a mãe de Dex, quando seria mais interessante ter um avanço narrativo com Anna deixando de ser podada. 

Porém, o roteiro de Halley Feiffer continua insistindo na ideia de que a fórmula funciona melhor em deixar Anna no escuro, no jogo de gaslight e paranoias. E como outra prova de desperdício é que tivemos a protagonista sendo reativa nas diversas situações que se via ser violada e pressionada, e a informação dada pela Mrs. Preecher teria algum efeito para a cena da discussão entre Anna e o marido, mas tudo indica que esse gancho será usado de forma melodramática uma vez que a pretensão da seita se trata de um acerto de contas sobre o passado de Dex. Contudo, o que temos até aqui, é a mesma cisma idealizada sobre a falecida esposa de Dex e sua parceira de trabalho, Sonia, e se essa releitura feminista de O Bebê de Rosemary cogita misturar Roman Polanski com Alex Garland ao dizer que tudo é culpa do homem, o resultado será nada menos do que AHS e sua superficialidade ao usar temáticas relevantes.

Nada mais convence ou faz o mínimo esforço na costura desse mistério sobre uma seita satânica que concede sucesso, mas em troca transforma uma gravidez num fruto do mal. Ou seja, assim como no flashback em 1500, o bebê de Anna que ela acredita ser um gêmeo desaparecido, se trata de uma criatura — o qual ela já cospe suas garras — crescendo rapidamente em seu corpo e gerando consequências nele. Nessa linha, o texto de Feiffer quer emular uma crítica aos processos da inseminação artificial, mas ainda assim, tudo soa solto, aleatório, sem uma construção que indique uma lógica para o que Delicate quer contar sem parecer ridículo.

E como seu começo, agora Anna é induzida a ingerir vitaminas pré-natais de modo mais intenso, além de consumir vários potes de sorvetes — o que deve conter as substâncias que a bruxarada precisa para a gravidez — enquanto a protagonista continua na bolha de confusão e gaslight. Exceto por Kim Kardashian e a maneira quase lúdica que conduz Siobhan, Delicate carece de personagens interessantes para esse jogo de conspiração. Ao todo, há quatro bruxas para a conjuração da seita — duas delas tiveram a identidade revelada — e não seria surpresa que uma delas fosse Siobhan ou Sonia, o que Siobhan estivesse por trás da tramoia satânica, porém, Delicate sofre para tornar a dinâmica de troca de benefícios na campanha de Anna pelo Oscar enquanto a seita utiliza sua gestação um interessante terror psicológico que acena para Rosemary’s Baby.

Aliás, a linha entre comparar Delicate com o filme de Polanski já estão borradas, e o que sobra é apenas uma base para tentar modernizar uma história que se tornou referencial para o terror da gravidez e maternidade, e assim como outros títulos recentes, a décima segunda temporada de AHS tem se colocado a debater temas atuais sobre os horrores da fertilização in vitro, porém, evitando o terror sobrenatural e utilizando o terror psicológico para aproximar a trama da realidade, mas como levar essa abordagem a sério quando temos uma Kardashian interpretando uma agente carrasca no arco sobre conspiração e premiações em Hollywood? 

Delicate tenta misturar duas abordagem para uma história que vai se chocar futuramente, e como a última ponta desse mistério, temos Anna como a próxima prometida numa seita geracional. É dessa forma que o roteiro de Feiffer quer justificar o arco em Hollywood, em como a seita se apropria da fama para que comece a operar, e como contextual atual, Delicate costura um conto mórbido por trás da fama da indústria de entretenimento. Seria essa a alternativa que Amy Adams teria para deixar de ser esnobada? Isso e muito mais sugestões sem sentido AHS promete na sua temporada que retorna no ano que vem.

American Horror Story: Delicate – 12X05: Preech (American Horror Story: Delicate – 12X05:  Preech – EUA, 2023)
Direção: John J. Gray
Roteiro: Ryan Murphy, Brad Falchuk, Halley Feiffer
Elenco: Emma Roberts, Matt Czuchry, Kim Kardashian, Julie White, Annabelle Dexter-Jones, Denis O’Hare, Michaela Jaé, Cara Delevingne, Debra Monk, Dominic Burgess, Maaz Ali, Tavi Gevinson, Taylor Richardson
Duração: 37 min

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