- Há SPOILERS do episódio e da série. Leia aqui as críticas dos outros episódios.
Parece que Sojourn não vem agradando muita gente lá fora e acredito que a mesma divisão se dará por aqui. Mas eu gostei, e muito, do episódio. Basicamente, trata-se de um capítulo que faz conexões leves, embora nada assim tão fortes como as tivemos em Could It Be… Satan?, Return To Murder House ou até mesmo Traitor. Convenhamos que em cada um desses citados, o foco principal das conexões se destinava a um personagem, situações ou promessas diferentes para o andamento da temporada. Numa rápida passada de olho em redes sociais, notei que algumas pessoas reclamaram que o episódio foi um filler e por aí vai… Vamos então conversar um pouco sobre essas coisas.
Para efeito de classificação exata, vou concordar com os desafetos, nesse início. A razão para a reclamação vem especialmente se a gente utilizar a carta comparativa, ou seja, em termos de andamento e novidades, tendo em vista o que já conhecíamos ou suspeitávamos (as dicas dos capítulos anteriores foram muitas), Sojourn é mesmo um filler. Mas aí vem a parte interessante. A parte que a produção executiva da série adora brincar conosco e que o roteiro de Joshua Green simplesmente deixa acontecer solta aqui. Já haviam perguntas sobre como e por quê Miriam Mead não tinha sido revivida. Por quê o Anticristo havia escolhido a tecnologia para refazê-la. Como isso aconteceu? Quem estava por trás? E vejam, todos os ajustes mercadológicos, práticos e até ideológicos ligados ao fim do mundo, enfim, foram introduzidos aqui, para além da questão diabólica.
Os diálogos aqui são de um cinismo absurdo, reafirmados pela atmosfera da fotografia, majoritariamente entre o vermelho e preto da igreja em contraste com o ambiente limpo e minimalista da Central dos que venderam a alma ao Diabo… Particularmente, gosto muito de elementos cínicos utilizados em discursos de séries, livros e HQs, porque eles dizem coisas demais em pouco espaço. E para ser sincero, quando bem feitos, são melhores que as metáforas, porque são engraçados e acidamente críticos. Ao descobrir o que Cordelia e Cia. fez com Mead e os Magos, Langdon é guiado para um lugar, após um período que faz alusão ao jejum e peregrinação de Jesus pelo deserto. A reconexão dele com a Igreja Satanista tem um significado ainda maior do que a primeira aparição desse povo na série. Não estamos falando mais de uma iniciação. Ligado ao diabo, Langdon já estava. Ele agora precisava de um propósito.
Há muito mais comédia do que o esperado para o antepenúltimo capítulo de uma temporada como esta, especialmente na forma como os cultos são ministrados. Eu confesso que adorei e que ri MUITO daquela “pastora” (é isso mesmo, produção?) e seu culto cheio de ofensas e provocações que conclamam o pecado na congregação. A inclusão de Langdon em todo o processo até pode parecer deslocada no começo — e é! –, mas na minha cabeça, sempre vinha a visão de que estamos falando de um enviado do Inferno, logo, algumas coisas iriam cooperar para que ele encontrasse sinais, pessoas e ideias que facilitassem sua missão. E assim foi. Vejam o discurso de “poluir”, “estragar” ou “contaminar” a Terra para que o Diabo então se levantasse e estabelecesse o seu reino. Não sei qual o caminho que vão tomar no próximo capítulo, mas aqui temos todas as justificativas de preparação possíveis. Minha aposta agora é que o penúltimo episódio irá mostrar a preparação e a explosão das bombas (falta ainda explicar a duplicidade e ocultação de personalidades que irão para o Posto 3, certo?) e o último, com as consequências. O que vocês acham?
American Horror Story – 8X08: Sojourn (EUA, 31 de outubro de 2018)
Direção: Bradley Buecker
Roteiro: Joshua Green
Elenco: Sarah Paulson, Evan Peters, Cody Fern, Kathy Bates, Billy Eichner, Sandra Bernhard, Harriet Sansom Harris, Carlo Rota, Dominic Burgess, Alhan Bilal, Megan Davis, James DeAngelo, Garrett Westton
Duração: 44 min.