Obs.: contém spoilers do episódio. Leiam aqui as nossas críticas do restante da temporada.
Após os dramáticos acontecimentos do episódio passado estávamos incertos em relação ao que aconteceria aqui em Chapter 10. Evidentemente o foco seria em Lee, visto que ela fora a única sobrevivente da casa de Roanoke, mas qual seria a abordagem precisa ainda não sabíamos. Murphy e Falchuk, que, além showrunners, assinam o roteiro do capítulo, fazem uma pequena brincadeira nos minutos iniciais, nos fazendo acreditar que, novamente, fora tudo encenação, mas logo sacamos a jogada do texto e vemos que se trata de um evento relacionado à primeira temporada da série fictícia, My Roanoke Nightmare. O que segue nos pega totalmente de surpresa, mas se configura como um epílogo bastante desnecessário para a temporada.
Não que estejamos diante de um episódio ruim, muito pelo contrário – através de metalinguagens, um crossover com Asylum e um pouco mais do que vimos em Roanoke, esse ponto final da temporada consegue amarrar tudo com precisão, mas não poderíamos enxergar Chapter 9 como um desfecho melhor? Vejam, com a destruição da casa o tom cíclico da trama é perdido, Lee passou a representar mais que apenas uma pessoa que foi morar lá e sim alguém que venceu a Açougueira (ainda que o custo pessoal tenha sido imenso). Ninguém mais irá morar ali e não somos deixados com aquele gosto amargo, sabendo que mais vítimas podem encontrar os espectros assassinos da Lua de Sangue (apenas os ocasionais turistas e os policiais na cena final, é claro).
Chapter 10 é certamente o capítulo mais diferente dessa temporada, misturando found footage, talk-show e filmes/ séries sobre julgamentos. Fugimos um pouco do clima de terror que se estabelecera durante todo esse ano e somente retornamos nos momentos finais. Dito isso, Falchuk e Murphy conseguem manter a tensão no espectador através do sobrevivente dos Polk e o sumiço da filha de Lee, que ganha mais destaque aqui. Porém perdemos aquela sensação de estarmos vendo uma série dentro de outra, fazendo com que esse season finale soe como algo à parte de todo o restante.
Claro que a volta de Lana “Banana” é mais que bem vinda, por mais que constitua um puro fan-service e já nos abre a pergunta se todas as temporadas não se passam dentro do mesmo universo, algo já teorizado pelos fãs desde a segunda temporada de American Horror Story. Felizmente, a inclusão de Winters no episódio funciona para alavancar a narrativa para a frente e para quem assistiu Asylum não há como não temer pela morte da querida personagem diante do ataque do Polk.
Os momentos finais, apesar de trazer o sacrifício inesperado de Harris, são estabelecidos de maneira burocrática e com elementos bastante previsíveis, com mortes que em nada acrescentam após o banho de sangue visto nos capítulos anteriores. Quase chegamos a ter um semblante de final feliz em Roanoke, mas evidente que todos aqueles policiais ali encontrariam os fantasmas daquela região e o roteiro sabiamente esquiva da repetição finalizando no momento certo, dando a entender que mais mortes ocorrerão ali. Lee se junta aos espíritos locais, ainda que de forma diferenciada e chegamos ao fim da temporada.
Chapter 10 é um ótimo capítulo, mas bastante desnecessário. A temporada poderia muito bem ter acabado no episódio anterior, mas isso não afasta nossa percepção de que assistimos ao melhor ano de American Horror Story. Brad Falchuk e Ryan Murphy conseguiram nos entregar um verdadeiro show de horrores com poucos deslizes ao longo de seus dez episódios, com uma narrativa marcada pela metalinguagem. Certamente Roanoke irá deixar saudades e podemos apenas esperar para que os próximos anos sejam tão bons quanto esse.
American Horror Story – 6X10: Chapter 10 — EUA, 16 de novembro de 2016
Showrunners: Brad Falchuk, Ryan Murphy
Direção: Bradley Buecker
Roteiro: Brad Falchuk, Ryan Murphy
Elenco: Kathy Bates, Adina Porter, Sarah Paulson, Cuba Gooding Jr., Lily Rabe, André Holland, Denis O’Hare, Evan Peters, Cheyenne Jackson, Angela Bassett, Leslie Jordan, Brian Howe, Danielle Macdonald, Emma Bell
Duração: 45 min.