Nota para ambos os episódios:
American Horror Story é sem dúvida uma série com potencial. A proposta antológica de cada temporada ser em um cenário diferente que pode explorar uma nova abordagem de horror é sem dúvidas um dos principais chamariz que me fez querer assisti-la, como bom fã do terror. No entanto, o que me foi entregue até agora, nesses meados iniciais de Asylum, são muito próximos a unidade problemática instaurada por Ryan Murphy e Brad Falchuk como estilística na narrativa de Murder House. Infelizmente, desde Welcome to Briarcliff, está temporada vem com a mesma confusão desproposital da temporalidade de eventos, como também sofre na falta de um direcionamento temático expansivo do horror instaurados aos personagens, numa história circular que nunca deixa seu propósito claro, não exatamente por intenção, mas por desorganização completa de narrativa. I Am Anne Frank
Dos três episódios assistidos, somente um por exemplo explora o primeiro tempo do casal invadindo o Asilo no presente, em que inutilmente, é colocado dois garotos disfarçados do assassino ameaçador, sendo que o “verdadeiro” da aparente maldição que rancou o braço de Leo Morrison (Adam Lavigne) aparece também, agora para matá-los. Sério que vão fazer isso somente para prolongar a resposta no fim de personagem? Era melhor simplesmente ter colocado essa linha no início do primeiro episódio e ignorado, realmente voltando a ela quando vier a convir. O problema vai persistindo em outros núcleos de Nor’easter tais como a história da irmã Jude (Jessica Lange) com a garota misteriosa que atropelou e deixou para morrer ou a conspiração da irmã Mary (Lily Rabe) possuída seduzindo Dr. Arthur (James Cromwell) que tem relação as misteriosas criaturas – seriam elas os alienígenas? – que simplesmente não dá e nada e em nenhum momento se conversam durante o episódio.
O que poderia ter trazido de avanço interessante aos capítulos posteriores, no caso, a tentativa de fuga definitiva na tempestade de Lana (Sarah Paulson), Grace (Lizzie Brocheré), Kit (Evan Peters) e Shelley (Chloë Sevigny), só levam a outras subtramas ainda mais enfadonhas no capítulo consecutivo I Am Anne Frank. Primeiro que não faz sentido eles não terem sido pegos, ninguém percebeu que eles estavam molhados? Segundo, porque diabos, Arthur quis estuprar e cortar as pernas de Shelley e ainda assim mantê-la no laboratório? Qual o proposito dele com esse experimento? Na trama, isso leva a sua aliança definitiva com Mary, que consegue encobrir esse crime das autoridades que passam a procurá-lo, após a inserção de uma nova personagem, a tal da Anne Frank (Franka Potente), acusá-lo de ser um cientista nazista da época que sobreviveu ao holocausto – dúvida, óbvio, que continuará a persistir para outros. No entanto, não fica claro a motivação também de Mary em ajudá-lo, ou melhor, manipulá-lo, além de ser bastante obvio que se trata de uma manipulação, onde Arthur cai muito facilmente e nós como público ficamos sem saber quaisquer pistas de seu plano.
Acho legal até a trama de Anne Frank, essa paciente que se diz ser a famosa figura histórica vítima dos nazistas, quando na verdade é só uma mulher que ficou louca com a gravidez e tomou a história para si do Diário de Anne Frank, teatralizando aquilo no asilo. De novo, isso não avança a história para alguma direção sintomática, mas traz para o episódio uma reviravolta interessante, além de uma reafirmação temática da hipocrisia religiosa que circunda aquele local, quando Jude a libera somente por ser a pedido do marido. Nesse sentido, a trama se dá mais interessante no lado de Lana e suas interações com o psicólogo Oliver (Zachary Quinto) se oferecendo para ajudá-la a sair dali numa falsa terapia que não a faria mais ser lesbica. No entanto, isso descaba para outra reviravolta, essa com menos sentido por enquanto, de colocá-lo como o assassino que tanto procuravam. Uma virada um tanto evidente quando ele começa a fazer um joguinho na mente de Kit em fazê-lo acreditar que é o verdadeiro assassino e que as criaturas/aliens eram coisa da sua cabeça. Como não eram e tínhamos visto que não, só podia se tratar de uma forma o incriminar oficialmente para escapar.
Entre outras coisas notáveis na trinca de episódios, vale destacar a enfim utilizadade do diretor Timothy (Joseph Fiennes) na história, ameaçando tirar Jude de seu posto de poder após mentiras e um flagra dela bêbada de vinho após vivenciar as paranoias com a menina misteriosa que ela atropelou, além da subtrama romântica de Grace e Kit, pegos transando e agora ameaçados de serem castrados. Enquanto Kit busca a ajuda do psicólogo e da própria Jude em obter o perdão e escapar, Grace é pega pela mesma luz misteriosa que levou Kit ao internato. A partir disso, imagino que a história irá andar nos próximos capítulos, especialmente por vermos que Jude não abandona a tentação somente por bebida, mas também por sexo. Aguardaremos as consequências dessa teia de tramas confusas nos próximos capítulos.
American Horror Story (Asylum) – 2X03 a 2X05: Nor’easter / I Am Anne Frank: Parte 1 e 2 | EUA, 31 de Outubro de 2012 / 7 de Novembro de 2012 / 14 de Novembro de 2012
Criação: Ryan Murphy, Brad Falchuk
Diretores: Michael Uppendahl (2X03 e 2X04), Alfonso Gomez-Rejon (2X05)
Roteiristas: Jennifer Salt (2X03), Jessica Sharzer (2X04), Brad Falchuk (2X05)
Elenco: Zachary Quinto, Joseph Fiennes, Sarah Paulson, Evan Peters, Lily Rabe, Lizzie Brocheré, James Cromwell, Jessica Lange, Chloë Sevigny, Adam Levine, Jenna Dewan, Mark Consuelos, Fredric Lehne, Parker Croft, Mark Engelhardt, Naomi Grossman, Gloria Laino, Blake Sheldon, Britne Oldford, Joe Egender, Barbara Tarbuck, Matthew John Armstrong, Joel McKinnon Miller, Franka Potente, John Lee Ame, James J. Collins, John Cromwell, Bella Dayne, Kathrine Herzer, Joe Howard, Kelly Schumann, Casey Wyman, Mark Margolis, David Chisum, Valorie Hubbard, Abby Donnelly, Ted Mattison
Duração: 41 minutos em média cada episódio.