- Há SPOILERS. Leia aqui as críticas dos outros episódios.
Nada melhor para finalizar esta temporada tenebrosa de American Horror Stories do que um episódio como Lake, que grita genérico em cada frame e cada linha de diálogo. A premissa é uma batida história onde um personagem desaparece de forma misteriosa num lago, com aqueles que ficaram para trás descobrindo os segredos que levaram ao seu desaparecimento.
Primeiramente, preciso falar que nunca, em toda minha vida, vi uma representação de luto tão mal feita como neste episódio, passando pela reação de uma mãe dizendo que precisa superar a morte do filho pouco tempo após sua morte (sem nenhum traço de emoção, vale lembrar), até as interações mais artificiais que você vai ver entre marido e mulher. Não existe qualquer tipo de sentimento ou comoção em Lake, apesar do roteiro desesperadamente e obviamente tentar ser algum tipo de metáfora sobre perder alguém.
A obviedade é levada para o péssimo exercício de gênero de terror da direção. Mãos agarrando pernas; pequenos jumpscares com barulhos na sacada; vozes do além; e até torneira abrindo e fechando compõem a dieta de escolhas clichês do episódio, que em nenhum momento consegue trazer sensações de mistério ou pavor para o espectador. O desfecho com uma horda de zumbis carregando o patriarca da família protagonista é muito provavelmente uma das piores direções que já vi numa sequência de terror, começando pela falta de urgência dos monstros (eles podiam só ter corrido), a composição amadora do ataque, e chegando na total indiferença do personagem que está sendo levado à morte.
Narrativamente falando, temos outra história tediosa. O que poderia ter sido uma interessante lenda urbana de um monstro marítimo se torna um conto de vingança, porque, claro, o roteiro quer fazer checklist de todos os elementos mais genéricos possíveis. Vemos alguns dramas rasos e forçados sobre família, luto e poder, assim como uma reviravolta previsível e completamente trivial quando descobrimos a linhagem dos personagens – os flashbacks, aliás, só seriam mais caricatos se o tal criador do lago tivesse dado uma risada maquiavélica.
Pelo menos Lake não é nojento e não tenta trazer falsas críticas sociais como a maioria dos episódios do seriado. Ele só é genérico até não poder mais, e chato ao ponto de fazer aquelas séries de terror juvenil parecerem maravilhas em comparação. Queria entender como uma equipe criativa consegue transformar uma antologia de lendas urbanas em capítulos ruins de filmes de televisão que parecem ter saídos do Lifetime com esses draminhas superficiais que não convencem e não emocionam ninguém. Espero com todas as minhas forças que American Horror Stories não seja renovada.
American Horror Stories – 2X08: Lake | EUA, 08 de setembro de 2022
Criação: Ryan Murphy, Brad Falchuk
Direção: Tessa Blake
Roteiro: Manny Coto
Elenco: Alicia Silverstone, Olivia Rouyre, Teddy Sears
Duração: 40 min.