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Crítica | American Horror Stories – 1X06: Feral

por Kevin Rick
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  • Há SPOILERS. Leia aqui as críticas dos outros episódios.

O que está acontecendo? Mais um episódio interessante de American Horror Stories! Estou com receio de estar sendo iludido, mas, bem, estou aceitando a crescente de qualidade na série. Sendo totalmente honesto, talvez esteja sendo um pouquinho generoso pela falta de expectativa, mas Feral, assim como Ba’al, é um capítulo antológico que entende muito bem como trabalhar a narrativa no espaço “limitado” de um único episódio, desde a agilidade em estabelecer o conflito do horror, a atmosfera florestal e o competente drama dos personagens principais.

No sexto episódio, acompanhamos o casal Jay Gantz (Aaron Tveit) e Addy Gantz (Tiffany Dupont), que, juntos de seu filho Jacob (Colin Tandberg), decidem acampar em um Parque Nacional. Após alguns eventos estranhos na floresta, o filho do casal desaparece, levando-os a desespero. Entre estes acontecimentos, o episódio vai lentamente nos inserindo em um conto de horror animalesco com cadáveres de animais, pequenos sons quiméricos e criaturas bestiais que circundam o parque. É uma típica história de fogueira de acampamento.

Confesso que fiquei em dúvida com o salto no tempo após o sumiço do garoto. Por um lado, a mudança temporal meio que recomeça a história, o que, em uma longa temporada, poderia ser um interessante artifício para misturar a narrativa, mas em um episódio antológico parece que rouba o tempo para desencadear o conflito – parece que sempre bato nessa tecla, mas é muito importante para o desfecho não ficar corrido. Podemos ver como esse restart causado pelo salto temporal atrapalha o andamento de uma história que já estava no ambiente do horror, com a atmosfera e o conflito estabelecido, para então o roteiro ter que recriar todo um novo bloco que leva os personagens para o mesmo local.

Todavia, o salto temporal transforma o desespero parental imediato para um viés mais depressivo com culpa e remorso, desenvolvendo com eficiência o núcleo dramático dos protagonistas, além de que reposiciona o horror do episódio para algo mais misterioso com a trama de criança desaparecida. Isso funciona muito bem pelo encadeamento de teoria de conspiração que o episódio ganha no último ato. Acaba deixando de ser, até certa medida, um horror de acampamento com a deslocação dos personagens, para ser basicamente um drama familiar com estas intrigas conspiratórias tipicamente americanas – gosto muito como o episódio cria uma mitologia em torno de Parques Naturais, capitalismo, park rangers; isso é lenda urbana!

Não gosto muito como toda a teoria da conspiração é desenvolvida majoritariamente pelos diálogos do park ranger, mas o ator é um babacão carismático tão divertido que seus monólogos expositivos são bastante satisfatórios. Além de que toda a cafonice da lenda urbana moderna me deixou extremamente contente. Você estabelece a conexão de um drama minimamente eficiente na duração contida do episódio com o horror (no caso o mistério do desaparecimento com o mistério da conspiração), cria ali uma mitologia interessante com o ambiente e personagens secundários interessantes – o Birch é bacaninha, mas o ranger roubou a cena pra mim – e a “aventura” desoladora dos protagonistas.

Pra mim faltou mais da última parte, justamente pelo fato de que a mudança de tempo (que tem seus pontos positivos como falei) retiram duração da exploração, da experiência de horror mesmo, e acaba correndo com tudo no final. Também temos muitos elementos genéricos de revirar os olhos, como a cena previsível da morte do Birch, mas o saldo acaba sendo positivo. Quando o menino aparece no final, entortei um pouquinho o nariz, mas aí fui parar pra pensar, e tudo que eu conseguia imaginar era um pai contando aquela história em uma fogueira para crianças não fugirem na floresta. Pura lenda urbana; sensacionalista, algumas reviravoltas e uma dose de horror fabular infantil – até o gore faz sentido contextualmente, considerando o horror bestial. Feral tem problemas, mas, assim como Ba’al, é outro exemplo de como pegar o antológico, o mito/folclore moderno, a cafonice desses pequenos contos, e criar algo interessante.

American Horror Stories – 1X06: Feral | EUA, 12 de agosto de 2021
Criação: 
Ryan Murphy, Brad Falchuk
Direção: Manny Coto
Roteiro: Manny Coto
Elenco: Cody Fern, Aaron Tveit, Tiffany Dupont, Colin Tandberg, Blake Shields, Ledger Fuller, Paul Duke
Duração: 39 min.

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