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Crítica | American Horror Stories – 1X05: Ba’al

por Kevin Rick
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  • Há SPOILERS. Leia aqui as críticas dos outros episódios.

Talvez foram as expectativas baixas, mas este episódio foi… interessante. Retornando sua parceria com a atriz Billie Lourd da série original, Ryan Murphy e companhia entregam um capítulo sobre Liv Whitley (Lourd), uma mulher que está desesperada para engravidar, e, após receber um totem de Ba’al aleatoriamente de uma recepcionista que acompanhava o drama da protagonista, Liv decide seguir um ritual que supostamente a engravidaria. Ela coloca o objeto debaixo da sua cama enquanto faz sexo com seu marido, e o deus faria a magia negra dele.

Apesar de achar a situação da entrega do Totem completamente abrupta e deslocada – até fazendo mais sentido posteriormente, mas ainda estranho na maneira súbita que Liv aceita o objeto -, gosto de como a inserção rápida do elemento de horror corta qualquer tipo de enrolação ao episódio. Esta é uma reclamação que mantive ao longo dos capítulos anteriores, e que aqui demonstra como a duração curta desta histórias demandam a agilidade do estopim do conflito. Além de rapidamente introduzir a base de mistério para a trama, o roteiro é bastante eficaz na junção do horror com o drama da personagem que desesperadamente quer um filho.

Imagine minha surpresa quando, para mais de uma boa introdução, havia uma toda uma base atmosférica ao episódio! Me senti vendo outra série, e até minha completa falta de ânimo foi deixada de lado a partir do momento que descobri se tratar de um suspense doméstico com elementos sonoros. Claro que a linguagem cinematográfica é completamente genérica, desde pequenos jumpscares habituais, o escalonamento do som vinculado à paranoia da protagonista em dúvida da realidade e todo o molde demoníaco com objetos – rola até o famigerado Ouija. Mas pelo menos existe algo. Existe a tentativa de estabelecer uma atmosfera, uma lenda urbana e um drama pessoal diluído nisso.

Chega a ser triste que o melhor episódio da temporada até aqui é justamente o que simplesmente propõe algo minimamente interessante, mas ei, pelo menos temos evolução. Não sei vocês, mas fui sendo surpreendido pela direção econômica de Sanaa Hamri, utilizando bem o tempo de “sobra” deixado pela velocidade em estabelecer o mote, para ir esticando a ansiedade da protagonista. Novamente, nada visualmente é fora da casinha, mas a diretora é perspicaz no uso de diferentes sons, a lentidão que ela explora o quarto e até rola alguns shots bem-compostos de reflexos e falta de foco que dão um quê de surrealismo brando.

Ainda tenho algumas ressalvas em relação a como o roteiro e a narrativa tem esse viés… constrangedor. Alguns diálogos expositivos, aquele melodrama barato e a inexistência de variedade de situações do horror – notem como o episódio é uma grande repetição dos mesmos sustos, seja no quarto ou com sons. Esses problemas se tornam mais chatinhos pelo elenco caricato (com exceção da ótima Billie Lourd), especialmente o marido da protagonista que parece estar sempre atuando para um comercial de televisão barato. Mas, dito isso, a narrativa é eficientemente carregada pelo aspecto de suspense doméstico e a boa interpretação de Billie, além de uma reviravolta realmente inusitada. Talvez foi falta de percepção minha, mas achei a virada atipicamente interessante, criando diferentes possibilidades de fechamento da história, até com contornos meio básicos de metalinguagem que o Ryan Murphy adora.

Até o início da reviravolta, confesso que estava flertando com 3 estrelas. Tudo bem convencional e padronizado, mas honestamente bom. É o episódio que melhor entende a estrutura antológica de American Horror Stories, desde a celeridade em estabelecer o mistério, a busca pela atmosfera e algumas tentativas de surpreender o espectador. E então… veio o desfecho. Qual a necessidade de gore em um episódio inteiramente atmosférico? Não faz qualquer sentido ter tripas e sangues jorrando pela tela, sendo que todo o contexto da experiência se baseava na angústia do desconhecido, de algo que se espreita. É desnecessário e gratuito, culminando em uma conclusão nojenta que evoca o mesmo sadismo e a linguagem sexualmente porca da série até aqui. Complicado viu… Felizmente, fica a sincera experiência ao longo de dois terços do episódio que alimentam um pouquinho o nosso otimismo para episódios posteriores.

American Horror Stories – 1X05: Ba’al | EUA, 03 de agosto de 2021
Criação: 
Ryan Murphy, Brad Falchuk
Direção: Sanaa Hamri
Roteiro: Manny Coto, Ali Adler
Elenco: Billie Lourd, Ronen Rubinstein, Virginia Gardner, Vanessa Williams, Michael B. Silver, Kimberley Drummmond, Chad James Buchanan, Jake Choi, Misha Gonz-Cirkl, Dane DiLiegro
Duração: 49 min.

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