Número de temporadas: 04
Número de episódios: 102
Período de exibição: 22 de setembro de 1986 a 24 de março de 1990
Há continuação ou reboot?: Sim. Para capitalizar em cima do sucesso da série, ela ganhou um spin-off prelúdio em forma de aniumaçaõ, ALF: A Série Animada, que teve 26 episódios e que foi ao ar entre 26 de setembro de 1986 e 07 de janeiro de 1989. Com o mesmo objetivo, ALF Tales, também animação, foi lançada entre 10 de setembro de 1988 e 09 de dezembro de 1989, tendo tido apenas 21 episódios. Em 1996, um telefilme live-action – Projeto ALF – foi lançado continuando a história a partir do último episódio da série original, mas sem a família Tanner. Finalmente, em 2004, o personagem ganhou um talk show – ALF’s Hit Talk Show – que teve somente sete episódios.
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Em 1982, E.T. – O Extraterrestre tomou os cinemas do mundo e a imaginação de crianças e adultos com um adoravelmente feio alienígena comedor de Reese’s Pieces que foi esquecido por aqui e estabelece um vínculo de amor e amizade com uma família que o ajuda a voltar para casa. Além de ganharmos um grande clássico de ficção científica, ganhamos um sem-número de outros filmes com a mesma temática. Quatro anos depois, ainda explorando esse inesgotável veio cinematográfico, eis que foi a vez da televisão ser invadida por um alienígena simpático com paladar requintado. Nascia Alf – sigla de Alien Life Form, ou Forma de Vida Alienígena – que, por aqui, ganhou o subtítulo “o ETeimoso” que, claro, tornou mais evidente ainda a inspiração no longa de Steven Spielberg.
Concepção original de Paul Fusco, que depois encetou parceria com Tom Patchett para viabilizar sua criação, Alf – ou Gordon Shumway, seu nome verdadeiro que, porém, não é revelado no episódio piloto – é um falante alienígena do planeta Melmac que gostar muito de comer gatos e que cai na garagem dos Tanners, a típica família suburbana de classe média dos EUA, logo passando a fazer parte dela, sendo “adotado” pelo pai Willie (Max Wright), a mãe Kate (Anne Schedeen), a filha adolescente Lynn (Andrea Elson) e o filho mais novo Brian (Benji Gregory), já que seu planeta fora destruído. O que segue daí é uma sitcom clássica americana oitentista, mas com esse twist da presença de um bicho peludo – marionete comandada principalmente pelo próprio Fusco, que também empresta sua voz ao personagem – vindo de fora da Terra e que precisa ser escondido dos vizinhos abelhudos e, claro, da entidade governamental que quer capturá-lo.
O piloto, que já estabelece o que seria o tom da razoavelmente longeva série, lida com a presença de Alf por ali da maneira mais direta e simples possível. Há o deslumbramento inicial principal do patriarca da família, astrônomo amador e também radioamador, que logo abre espaço para que a natureza alienígena do personagem seja basicamente esquecida – a não ser quando elementos e personagens externos aparecem, lógico – e ele passe a ser aquele membro estranho da família que é um grande – mas simpático – inconveniente que aparece no banheiro de Willie sem pedir licença, tenta transformar Lucky, o gato da família, em sua próxima refeição e bebe “cerveja” com o jovem Brian, personagem que mais se aproxima do ETeimoso.
O humor, nesse início, é quase que exclusivamente voltado ao inusitado da situação e o quanto, em seguida, os Tanners simplesmente passam a aceitar Alf como mais um deles. Vemos as idiossincrasias do personagem em marionete e também seu lado mais… humm… humano, quando ele tenta entrar em contato com seus pares que porventura tenham sobrevivido ao fim de Melmac, algo que é o catalisador para a completa aceitação dele ali na clássica e idealizada casa de uma família americana. O capítulo inicial não é capaz de extrair risadas descontroladas do público, mas o roteiro, ainda que rasinho e bobinho, é certamente cheio de potencial, ainda que já comece aqui, em meros 20 e poucos minutos, a se tornar repetitivo.
O que realmente vale destaque para além da premissa subvertida de E.T., é o trabalho de Paul Fusco e demais marionetistas no controle de Alf. A criatura em si pode parecer simples, não mais do que um Muppet (o que já é muito, eu sei, mas o que eu quero dizer é que era “comum” para a época), mas ela quase que imediatamente torna-se mesmo parte do elenco, algo que se dá em razão de expressões faciais excelentes, um trabalho de voz exato de Fusco e um cuidado enorme da produção em manter a ilusão da coisa toda, o que significou a construção de cenários com fundos falsos e um trabalho de câmera constantemente preocupado em impedir que o diminuto Alf fosse visto pelo público como um mero boneco.
O começo de Alf, o Eteimoso pode não ser explosivo, mas ele certamente e sem qualquer demora consegue conectar o espectador como o alienígena, valendo-se muito, claro, da experiência coletiva com o filme de Spielberg de quatro anos antes. Como filhote de E.T., Alf é um dos mais célebre representantes e, na seara televisiva, se descontarmos os Muppets, claro, só tem mesmo concorrência na Família Dinossauros, que aportaria com pompa, circunstância e muita crítica social em 1991, quase exatamente um ano após a despedida de Gordon Shumway.
Alf, o ETeimoso – 1X01: A.L.F. (ALF – EUA, 22 de setembro de 1986)
Criação e desenvolvimento: Paul Fusco, Tom Patchett
Direção: Tom Patchett
Roteiro: Tom Patchett
Elenco: Paul Fusco, Anne Schedeen, Max Wright, Andrea Elson, Benji Gregory
Marionetistas: Paul Fusco, Michu Meszaros, Lisa Buckley, Bob Fappiano
Duração: 24 min.