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Crítica | Alabama Monroe

por Guilherme Coral
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estrelas 4,5

Tirando todos os floreios de Alabama Monroe, pode-se dizer que ele é uma história de amor. Porém, é através desses mesmos floreios que o filme se constrói, utilizando uma narrativa não linear, contudo totalmente conectada através do tom e da música.

O início do longa nos mostra Didier e Elise no hospital com sua filha, que está no processo de tratamento de câncer. Logo se vê o abalo emocional dos pais e também da filha. Com o decorrer dos minutos, contudo, esse clima de tristeza vai sendo desconstruído e passamos para um flashback de sete anos antes, quando o casal se conheceu.

Dessa forma, em dois tempos, o filme se constrói. Ao mesmo tempo que vemos o tratamento da filha, acompanhamos a relação do músico country e da tatuadora (posteriormente cantora na banda de Didier). O que poderia muito facilmente se tornar uma narrativa desconexa, é trabalhada organicamente – o tom é o mesmo no que é mostrado tanto no presente quanto no passado e ambos progridem juntos a fim de nos contar uma história única.

Além disso temos as diversas músicas do estilo bluegrass que ouvimos em vários momentos da trama. Elas funcionam, seja através da melodia, seja através da própria letra para melhorar ainda mais o ritmo da história que, dessa forma, nos mantém presos do início ao fim. O que impressiona é que diversos momentos não sabemos em que ponto estamos – passado, presente, futuro? Alabama Monroe, porém, não requer tal compreensão, ele obriga o mergulho do espectador em sua narrativa e consegue fazer isso com maestria.

Trabalhando para isso está a bela fotografia do filme que sabe intensificar cada momento íntimo e transformar os pontos animados em uma verdadeira e animada sinfonia. Não é possível não se deixar absorver pela tela, ao assistir o longa. Aumentando ainda mais essa sensação está a trilha sonora que sabe quando aparecer em destaque e some por cenas inteiras, como se a música do casal perdesse sua vida.

Não seria possível dar todo o crédito à música, montagem e fotografia do filme, contudo. O trabalho dos atores em conjunto com a direção é impressionante. A credibilidade passada pelo casal é inegável, sua química gigantesca. Desde o princípio do longa ficam claras as diferenças entre os dois, porém esse é um amor que acreditamos. É um trabalho emocional de primeira linha.

Alabama Monroe é um exemplo de uma história bem contada. Em diversos pontos do filme acabamos esquecendo que estamos acompanhando uma narrativa não linear que mescla o passado, presente e futuro. Possui personagens fortes presentes em um roteiro muito bem construído, que irá deixar o espectador com o bluegrass na cabeça.

Alabama Monroe (Broken Circle Breakdown, Bélgica, 2013)
Direção: Felix Van Groeningen
Roteiro: Johan Heldenbergh (peça original),  Mieke Dobbels (peça original), Carl Joos (adaptação), Felix Van Groeningen (adaptação), Charlotte Vandermeersch (contribuições no roteiro)
Elenco:  Veerle Baetens, Johan Heldenbergh, Nell Cattrysse, Geert Van Rampelberg, Nils De Caster, Robbie Cleiren, Bert Huysentruyt, Jan Bijvoet.
Duração: 111 min.

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