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Crítica | Ahsoka – 1X03: Time to Fly

Treinamento samurai espacial.

por Kevin Rick
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  • Há spoilers. Leiam, aqui, as críticas dos demais episódios da série.

Depois dos primeiros episódios estabelecerem os personagens, o objetivo principal de salvar Ezra e o palco da história contra um Império ressurgente, o terceiro capítulo Time to Fly avança a narrativa com Ahsoka, Huyang e Sabine dando início à missão em Seatos. Durante a viagem, vemos o recomeço do treinamento Jedi de Sabine e, posteriormente, o grupo encontrando encrenca em uma batalha especial. Paralelo a ação, Hera se reúne com senadores da República, a fim de obter permissão para enviar reforços para Seatos, mas sem sucesso, mesmo com a participação especial de Mon Mothma (Genevieve O’Reilly).

Aliás, a participação de Mon Mothma é simbólica da abordagem de Dave Filoni. Se em Andor a líder revolucionária é uma figura tridimensional e complexa (assim como todos os personagens da série), aqui a chanceler é apenas uma personagem unidimensional que serve à trama e como referência para fãs apontarem o dedo. Desde o começo da série, é perceptível que Filoni traria uma produção mais formulaica, em tom de homenagem e autorreferência a Star Wars do que qualquer ideia de progressão e/ou desconstrução da franquia, algo bem evidenciado no simpático terceiro episódio.

Time to Fly é um campo familiar. De início, acompanhamos a clássica dinâmica do mentor sábio ensinando o aprendiz sobre paciência e disciplina, com diálogos óbvios, instruções comuns e conflitos previsíveis, mas sempre com aquele aspecto carismático e bem caracterizado que Filoni consegue incorporar clichês. Temos até alusões às histórias de samurais que inspiraram George Lucas e acenos à Zatoichi, como forma de nos integrar na tradição da franquia que a produção carrega com cuidado. O episódio nunca sai do lugar-comum, mas também é agradável de acompanhar em suas convenções.

Por outro lado, continua sendo um pouco estranho notar como a narrativa se encaminha para o protagonismo de Sabine, que está descobrindo a Força ao mesmo tempo que está se autodescobrindo, enquanto Ahsoka é aos poucos colocada na caixinha coadjuvante do mestre, como Obi-Wan, Qui-Gon Jinn, Yoda, entre outros instrutores da franquia. Não sei exatamente qual é o sentido que Filoni quer dar ao arco da togruta, mas espero que a personagem não fique em um papel secundário numa série que parece cada vez mais uma quinta temporada de Rebels e não uma história dela. Talvez o encaminhamento seja para demonstrar a evolução de Ahsoka como mentora, sendo que, confesso, é divertidamente irônico assistir a Jedi dar orientações sobre calma e prudência considerando seu passado.

Dando base aos ensinamentos, o roteiro do episódio apresenta um cenário de ação para vermos o relacionamento das personagens e o treinamento em exercício. Para derrotar Shin Hati e seus lacaios, a dupla precisa entrar em sinergia, confiar uma na outra, se comprometerem a trabalharem em equipe e todo o alfabeto estereotipado desse tipo de situação. O conflito espacial é lindo de ver, especialmente a cena em que Ahsoka enfrenta diretamente duas naves, tranquilamente à deriva no espaço, ou então a maravilhosa sequência das baleias espaciais. Penso que o destaque é mais dos efeitos visuais do que propriamente da direção funcional de Steph Green, mas o cineasta consegue trazer entretenimento de qualidade.

Só que, claro, é difícil sacudir a sensação de beleza superficial do bloco e a falta de tensão ou frenesi durante a batalha. Falta um certo peso, entendem? Tudo é um pouco aprazível demais, até muito fácil eu diria, o que, mesmo em uma série com abordagem inocente como esta, acaba pecando na falta de urgência ou de criatividade em alguns momentos. O fato do episódio ter apenas 30 minutos não ajuda a dar algum senso de escopo à história, até porque, mesmo trazendo continuidade narrativa, o capítulo tem todas as características de um episódio contido de animação com a batalha espacial ganhando a frente de qualquer elemento de trama.

Talvez esteja cansado de produções muito familiares ou então esteja muito empolgado com a inovação de Andor na franquia para encontrar substância no mais do mesmo. Não confundam, porém, minha nota e minhas reclamações com cinismo, porque Time to Fly é um episódio extremamente simpático de assistir no estilo inocente e homenageador de se contar uma história de SW que Filoni tanto adora. Como falei na crítica passada, temos uma aventura sci-fi de alto valor de produção que cativa os olhos. Só penso que, aqui, a diversão é efêmera demais pro meu gosto e que, mesmo entre clichês, o episódio não faz muito para capturar nossa atenção. É sim legalzinho ver Sabine como padawan, Ahsoka no espaço e batalhas de naves, mas tem algo além disso? Não vejo efeito no episódio para além de algo agradavelmente passageiro que acena mais para o passado da franquia do que cria expectativas para o futuro. Se esse for o tom daqui pra frente, teremos uma série simpática, mas nada mais do que isso.

Ahsoka – 1X03: Time to Fly (EUA, 29 de agosto de 2023)
Showrunner: Dave Filoni
Direção: Steph Green
Roteiro: Dave Filoni
Elenco: Rosario Dawson, Natasha Liu Bordizzo, Mary Elizabeth Winstead, Ray Stevenson, Ivanna Sakhno, Diana Lee Inosanto, David Tennant, Genevieve O’Reilly
Duração: 37 min.

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