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Crítica | Agents of S.H.I.E.L.D. – 7X09: As I Have Always Been

por Ritter Fan
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  • Há spoilers do episódio e da série. Leiam, aquias críticas dos outros episódios e, aquide todo o Universo Cinematográfico Marvel.

Elizabeth Henstridge estreia na cadeira de diretora colocando na telinha um episódio praticamente perfeito de Agents of S.H.I.E.L.D. que reúne ação constante com um momento fortemente emocional que consegue lidar com a morte de um querido personagem e, ao mesmo tempo, de maneira melancólica, mas muito bonita, lembra-nos de que a série está mesmo chegando ao fim. As I Have Always Been pode desde já figurar no panteão dos melhores desta série que deixará saudades.

E a qualidade da direção de Henstridge, pareada, claro, com o roteiro enxuto, inteligente e preciso de Drew Z. Greenberg, produtor e escritor veterano da série, é ainda mais sensível quando notamos que o artifício narrativo utilizado como motor do episódio é um dos mais batidos da ficção científica e que até mesmo já fora usado na série, mais precisamente na primeira metade da 5ª temporada: o loop temporal, mas agora no estilo clássico e frenético de Feitiço do Tempo e No Limite do Amanhã. O desafio era, portanto, evitar aquela sensação de mais do mesmo, de mera reutilização de um conceito básico e fiquei feliz ao perceber que o objetivo foi mais do que alcançado.

Não só Henstridge parece ter a mente científica de Jemma para a decupagem de um episódio, como ela é capaz de usar exatamente aquilo que é necessário para fazer a narrativa andar, sem um segundo a mais ou a menos, o que impede toda e qualquer sensação de repetição, cansaço ou aquela boa e velha “barriga narrativa”. Ajuda muito que Greenberg tenha mexido na fórmula do loop temporal, adicionando novas regras, a começar pela ativação de cada loop não pela morte de determinado personagem – no caso Daisy -, mas sim pela própria máquina do tempo do Z1. Outra mudança é fazer a morte resetar o conhecimento adquirido ao longo de loops anteriores, forçando o recomeço do zero de toda a jornada. Finalmente, no lugar de loop infinito que, querendo ou não, cria uma sensação de relaxamento depois que o inevitável é aceito pela protagonista, a cada nova repetição a nave está mais próxima do centro do vórtex temporal que, se alcançado, significa que todo serão apagados da linha temporal.

Todas as novas regras vão sendo “pingadas” no texto de maneira muito tranquila e orgânica, apesar do ritmo puxado que o episódio mantém do começo ao fim. Além disso, finalmente, depois de diversos episódios mantida consideravelmente à margem dos grandes momentos de ação, Daisy tem tempo para brilhar, sendo o efetivo motor e ponto-de-vista para a história e a única completamente humana a ter consciência do que está acontecendo. Fazendo parceria com Coulson, que também tem consciência do loop, Daisy lidera uma correria insana para desvendar o mistério e quebrar a repetição temporal, o que também lhe dá tempo de ter alguns segundos românticos com Daniel Sousa, formando mais um casal perfeito em uma série cheia deles.

Mas a solução para o quebra-cabeças, que passa pela retirada do supressor de memória de Jemma – levando-a a chorar copiosamente em razão de algo que ainda será revelado – e pelos hilários enfrentamentos de um Enoch invencível com a missão justamente de impedir a retirada do supressor, é tristíssima, sem dúvida um dos mais emocionantes momentos de toda a série até agora. Enoch, que, claro, já morrera, agora morre aparentemente em definitivo, sacrificando-se por seus amigos, com tempo para últimas palavras que certamente emocionarão os mais insensíveis fãs da série, com direito a Coulson ecoando lindamente as palavras de seu colega robótico. E a cereja no bolo, claro, foi o recado muito claro a nós de que a série está realmente chegando a seu fim.

Eu vi o futuro. Seus amigos viverão, mas a equipe não.

O fim de Enoch, com uma atuação fantástica de Joel Stoffer, marca de verdade o começo do fim da série e, ainda que passe uma mensagem positiva sobre os componentes da equipe, diz com todas as letras que eles, como grupo, estão cumprindo a derradeira missão. Uma bela despedida cheia de lições de vida para um personagem que, mesmo razoavelmente recente, cativou corações, fazendo-me lembrar um pouco da singela despedida de Bobbi e Hunter no memorável Parting Shot.

Os mais atentos perceberão que eu abri a presente crítica afirmando que este é um episódio praticamente perfeito, pelo que é importante explicar o porquê, já dizendo que o “problema” de forma alguma afeta a experiência em si ou mesmo a avaliação em estrelas, como a nota máxima deixa evidente. A questão é que, mesmo sendo uma coda tradicional, aquele epílogo com Nathaniel e Kora quebrou completamente o clima, como se um balde de água fria fosse jogado. Não que eu tenha algo contra o vilão-em-treinamento, mas esse episódio não precisava disso ali para quebrar a beleza do que nos foi trazido…

Mesmo com a imersão quebrada pelo foguinho de Kora e pelo sorriso de satisfação de Nathaniel, As I Have Always Been é um clássico episódio de Agents of S.H.I.E.L.D. que mexe profundamente com o espectador que vem fielmente acompanhando a jornada. Chega quase a ser uma maldade dos showrunners, mas, como bons masoquistas que somos, queremos mais! Só que com a presença de Fitz agora…

Agents of S.H.I.E.L.D. – 7X09: As I Have Always Been (EUA, 22 de julho de 2020)
Showrunner: Jed Whedon, Maurissa Tancharoen, Jeffrey Bell
Direção: Elizabeth Henstridge
Roteiro: Drew Z. Greenberg
Elenco: Clark Gregg, Chloe Bennet, Ming-Na Wen, Iain De Caestecker, Elizabeth Henstridge, Henry Simmons, Natalia Cordova-Buckley, Jeff Ward, Enver Gjokaj, Joel Stoffer, Tobias Jelinek, Thomas E. Sullivan, Dianne Doan, Byron Mann
Duração: 43 min.

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