- Há spoilers do episódio e da série. Leia, aqui, as críticas dos outros episódios e, aqui, de todo o Universo Cinematográfico Marvel.
Gostaria de poder dizer que All Roads Lead… tirou Agents of S.H.I.E.L.D. do viés de baixa que começou com Inside Voices e que continuou com The Honeymoon, mas a verdade é que o novo episódio foi desapontador. Não diria que foi efetivamente ruim, pois os showrunners da série parecem não conseguir criar nada de trincar os dentes como em outras séries do subgênero que existem aos borbotões por aí, mas, por ser um capítulo que, de certa forma, encerra um arco, seus problemas foram mais sensíveis.
Toda aquela lenta trama relacionada com a câmara de fusão do super-soldado que seria usada em Ruby originalmente, mas que Hale cogitou usar em Daisy chega a seu clímax aqui, com Beiçuda-Girl e Strucker-Boy passando o episódio inteiro ameaçando Fitz e Simmons para fazê-los consertar o que quebraram. As sequências no complexo na Inglaterra foram cansativas, repetitivas e sem nenhum senso de urgência. Em termos comparativos, se a cena do tiroteio com a dupla de cientistas que vimos em The Honeymoon pelo menos tinha o bem coreografado tiroteio para mostrar a que veio, em All Roads Lead… o roteiro de George Kitson, do ótimo Best Laid Plans, falha em absolutamente todos os níveis, não entregando nada que a usualmente excelente direção de Jennifer Lynch – estreando em AoS – consiga corrigir.
E o mesmo vale para o confronto posterior à fusão de 8% do gravitonium na moça, que, previsivelmente, a transforma de louca em louca-varrida flutuante. Talvez o melhor momento tenha sido Strucker ser transformado naquelas “cabeças encolhidas” que algumas tribos indígenas nas regiões equatorianas e peruanas do Amazonas costumavam (ou costumam, não sei) fazer. O restante foi extremamente anti-climático, praticamente Hale revezando com Daisy nas súplicas para a Suicide Blonde parar de dar ataque.
Sim, foi interessante – e gratificante – ver Yo-Yo explodir de raiva e cortar a garganta da moça, mas, mesmo este momento pareceu forçado, deslocado dentro da estrutura que vinha sendo montada. Entendo perfeitamente que Elena estava transtornada de dor em razão da incompatibilidade de seus braços com seu poder, mas houve pouco tempo para transformá-la convincentemente em uma assassina capaz de matar a sangue frio e de maneira tão sanguinolenta. De toda forma, será interessante ver como Daisy, Mack e os demais lidarão com essa situação nos episódios finais. Se eu tivesse que especular, esse assassinato aumentou em muito as chances da inumana não estar viva para ver a possível sexta temporada estrear.
Do lado da equipe que inexplicavelmente ficou no Farol (não faz sentido algum deixar Coulson e Mack de lado diante de um ataque em massa à base de Hale, mas tudo bem…), vemos o desenrolar do despertar de Talbot como agente da Hydra. Suas ordens, porém, não são nada claras. Matar Robin? Sequestrar a menina? Qual seria o objetivo de uma coisa ou outra? E, assim como na ação na Inglaterra, tudo foi extremamente lento e com um desfecho anti-climático, ainda que, aqui, a tensão tenha sido um pouco maior no momento em que o general vira a arma para seu queixo. Teria sido um final interessante para ele, mas os showrunners preferiram trilhar um caminho mais óbvio, infelizmente.
O episódio, que é o último antes da estreia de Vingadores: Guerra Infinita, aponta para uma invasão alienígena em seu encerramento, com Hale abrindo as portas para Qovas. Será muito – mas MUITO – estranho se houver duas invasões diferentes, por duas razões diferentes acontecendo no Universo Cinematográfico Marvel. Sempre advoguei pela separação entre séries e filmes, mas nunca desse jeito, com eventos extremamente parecidos e de relevância global acontecendo simultaneamente. Por outro lado, se Qovas tem alguma ligação com Thanos ou se sua confederação alienígena quer impedir a invasão de Thanos, o tangenciamento com Guerra Infinita torna-se perigosamente próximo demais e não faço ideia como isso pode ser equacionado de forma razoável entre filme e série. Mas creio que descobriremos muito em breve.
Outra coisa que me deixou na dúvida foi se Ruby realmente morreu. Não me parece que há um meio-termo para gargantas cortadas daquele jeito, mas, se aquele foi de fato o fim da personagem, toda sua construção desde sua introdução em All the Comforts of Home me pareceu muito barulho por nada ou quase nada. Ok, não dá para chamar os braços cortados de Yo-Yo – e sua consequente transformação em assassina – de “quase nada”, mas a ameaça que Ruby representava acabou sendo muito aquém do que inicialmente mostrado, de certa forma desperdiçando seu potencial. E que fique claro: eu só defendo a volta da personagem em prol da narrativa da temporada e não pela “atriz” em si, já que minhas aspas deixam claro o que acho dela.
All Roads Lead… simplesmente tinha que ter sido melhor. Era importante quebrar o marasmo desse pedaço da temporada agora, para ajudar a aumentar o hype pelos quatro episódios finais. Infelizmente, teremos que esperar pelo menos mais uma semana para ver a série voltar à forma.
Obs: Fiquei sem espaço para encaixar um comentário final: Deke estava particularmente insuportável no episódio. Está na hora de, ou darem cabo dele, ou esquecerem dele como esqueceram do irmão da senadora…
Agents of S.H.I.E.L.D. – 5X18: All Roads Lead… (EUA, 20 de abril de 2018)
Showrunner: Jed Whedon, Maurissa Tancharoen, Jeffrey Bell
Direção: Jennifer Lynch
Roteiro: George Kitson
Elenco: Clark Gregg, Chloe Bennet, Ming-Na Wein, Iain De Caestecker, Elizabeth Henstridge, Henry Simmons, Natalia Cordova-Buckley, Jeff Ward, Catherine Dent, Dove Cameron, Briana Venskus, Brian Patrick Wade, Spencer Treat Clark, Zach McGowan, Adrian Pasdar, Peter Mensah, Reed Diamond
Duração: 43 min.