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Crítica | Agents of S.H.I.E.L.D. – 3X09: Closure

por Ritter Fan
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estrelas 4,5

Aviso: Há SPOILERS do episódio e da série. Leia as críticas dos outros episódios, aqui e de todo o Universo Cinematográfico Marvel, aqui.

Sei que estou me repetindo, mas não me canso: se alguém que gosta de séries de ação e/ou de super-heróis não assiste Agents of S.H.I.E.L.D. ou parou de assistir ainda em seu começo em razão de uma temporada inicial não mais do que mediana está perdendo um grande trabalho de Jed Whedon. Pensando em retrospecto, não consigo me lembrar de nenhuma outra série que tenha tão claramente aprendido com seus erros e corrigido radicalmente seus problemas, evoluindo sobremaneira no processo.

A prova cabal dessa minha afirmação é que o sensacional Many Heads, One Tale, episódio responsável pela convergência fluida e lógica de todas as linhas narrativas da temporada, foi seguido de um episódio tão bom quanto, que continua uma sequência arrebatadora em uma meia temporada até agora fora de série. É elogio demais? Acho que não, pois estamos falando de uma série de um sub-gênero que tenta se esquivar de usar super-heróis abertamente e que tem a desvantagem de ter que lidar com a estrutura gigante de mais de 20 episódios exigida pela TV aberta americana. E, no lugar de partir para o “caso da semana” ou “vilão da semana”, caminho que tentou no começo, ela literalmente, hoje, subverte a estrutura narrativa de séries assim e traz roteiro atrás de roteiro que contam uma grande história só com várias ramificações, ou seja, não tem na história macro algo que está visível apenas no fundo narrativo e sim na frente, em destaque.

Mas Closure é muito bom por razões bem diferentes do capítulo anterior. No episódio, vemos a série caminhar por um lado sombrio que não poupa ninguém. A quase ritualística morte de Rosalind – uma sequência “prelúdio” sem trilha sonora, com Coulson e Ros fazendo a corte em um jantar frugal que anuncia a tragédia – é potente e violenta, um daqueles momentos que faz o espectador pular do sofá em descrença. Particularmente, não queria que ela tivesse morrido, mas sua morte faz sentido lógico. É a vingança de Ward, cada vez mais largando de lado sua humanidade e tornando-se mais profundamente um monstro, talvez um dos personagens que mais radicalmente foi mudado ao longo das temporadas e que, no processo, tenha ganhado camadas interessantíssimas de complexidade.

E essa vingança, claro, coloca Coulson em parafuso, espelhando a loucura de Ward, ao mobilizar a S.H.I.E.L.D. em interrogatórios atrás de interrogatórios para desenterrar eventuais segredos sobre o passado do ex-agente e ao transferir o cargo de diretor para Mack, ainda que interinamente, deflagrando uma missão altamente confidencial que envolve sequestro e tortura (na versão light). Além disso, a responsabilidade que Mack passa a carregar nos ombros cria bons momentos, com o grandalhão de bom coração ajustando-se ao cargo à toque de caixa, com Fitz e Simmons capturados em ataque da Hydra usando sua versão “pobre” de Magneto, vivida por Mark Dacascos em sequência que não poupa vidas e, mais importante ainda que isso, a formação dos Guerreiros Secretos (finalmente!) em uma sequência padrão de “discurso heroico” que não funciona tão bem quanto deveria, mas que estabelece as bases para a vindoura pancadaria inumana (será que teremos Daisy, Lincoln e Joey contra Giyera e Lash e outras surpresinhas já no midseason finale?).

O roteiro de Brent Fletcher é muito ágil e não dá tempo para o espectador pensar, às vezes sendo rápido demais, mas dentro do que se pode esperar de uma série do gênero, que precisa descartar um pouco da lógica em prol da narrativa. Novamente vemos tortura pelas mãos de Ward: Fitz e Simmons são os alvos em uma montagem que estabelece bem a passagem de tempo apesar da rapidez da história e que não deixa de mostrar aquilo que tem que mostrar. Toda a fotografia, muito escura, mas não o suficiente para criar confusão, emula bem o que se passa nas mentes de Coulson e Ward, cada um insanamente perseguindo seus objetivos, com um Gideon Malick muito bem inserido em uma sequência-chave em que finalmente converte Ward em seu “pupilo” usando de muita psicologia e inteligência.

Ainda que o episódio tenha sido econômico nas cenas abertamente de ação, servindo como preparação para o embate final em duas frentes, o pouco que vemos é cirúrgico, desde a tomada do tiro em Rosalind em travelling que vai do plano aberto ao close-up no rosto satisfeito de Ward até o fantástico mergulho de um desesperado Coulson no portal interplanetário. Mesmo ele desmaiando ao chegar lá (não sei se gostei…), o midseason finale promete tanto na Terra quanto no planeta noturno.

Closure tinha tudo para desapontar, por suceder o excelente Two Heads, One Tale e por anteceder o último episódio do ano. Mas Jed Whedon tinha outros planos e entregou mais um exemplar que comprova o amadurecimento de sua série. Quem acompanha a série desde o começo sabe como Agents of S.H.I.E.L.D. cresceu. E, pelo visto, continuará crescendo.

Agents of S.H.I.E.L.D. – 3X09: Closure (EUA, 2015)
Showrunner: Jed Whedon
Direção: Kate Woods
Roteiro: Brent Fletcher
Elenco: Clark Gregg, Chloe Bennet, Ming-Na Wein, Iain De Caestecker, Elizabeth Henstridge, Nick Blood, Adrianne Palicki, Henry Simmons, Luke Mitchell, Constance Zimmer, Matthew Willig, Andrew Howard, Juan Pablo Raba, William Sadler, Scott Heindl, Dillon Casey, Powers Boothe, Mark Dacascos
Duração: 43 min.

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