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Crítica | Agatha desde Sempre – 1X07: Se a Morte Me Encontrar

Patti LuPone sobe ao palco!

por Ritter Fan
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  • spoilers. Leiam, aqui, as demais críticas da minissérie e, aqui, todas as nossas críticas do Universo Cinematográfico Marvel.

Com o fim de Agatha Desde Sempre avizinhando-se com os dois episódios finais indo ao ar apropriadamente na véspera do Dia das Bruxas, a showrunner Jac Schaeffer, que retorna à direção, entrega o que reputo ser o melhor episódio da minissérie até agora. O começo até dá a entender que estamos diante de algo bobo, com Agatha e Billy sendo transformados respectivamente na Bruxa Má do Oeste e em Malévola para enfrentar outra provação, desta vez em um castelo e envolvendo cartas de tarô, espadas e um teto que promete esmagá-los, mas, aos poucos, o capítulo vai ganhando corpo, servindo não só de cola entre os detalhes que foram deixados para trás e que talvez sequer tenhamos percebido, como também revelando a verdadeira identidade de Rio Vidal e, mais importante do que tudo isso, dando à veterana Patti LuPone seu grande e merecido destaque.

Mesmo considerando as mortes anteriores, que foram cuidadosas em mostrar os corpos, era pouco provável que Jennifer “Jen” Kale e Lilia Calderu fossem despachadas desta para melhor somente na base da areia movediça. O retorno delas era, portanto, perfeitamente esperado, mas o roteiro de Gia King e Cameron Squires trabalha uma progressão não-linear embebida na própria narrativa, como parte da vida de uma Lilia mais jovem que viveu por muito tempo exatamente assim, desgarrada do tempo, pulando de época em época, o que explica e contextualiza seus poderes divinatórios. Na verdade, o texto não explica o poder, mas sim utiliza-o como base para uma estrutura narrativa que fica mais saliente neste episódio, claro, ganhando as devidas contextualizações e inevitáveis didatismos aqui e ali, mas que, na verdade, perpassa toda a minissérie até este ponto, como os flashbacks de frases não terminadas revelando o sentido completo.

E Schaeffer trabalha uma decupagem exemplar que mantém a cadência da história sempre acelerada e sempre interessante, pulando espacial e temporalmente entre núcleos, mas sem causar nenhum tipo de confusão e ainda estabelecendo uma breve “história de origem” para Lilia na Itália, há centenas de anos, com sua Maestra (Laura Boccaletti), que consegue criar um arco narrativo completo – sem dúvida apressado, admito – para a personagem que, como Glinda, a Bruxa Boa do Norte, já deixa na cara sua função heroica ao derrotar sozinha as Sete de Salem e, ao final, entregar-se ao seu destino, mas mantendo a impressão de que seu ciclo é constante e eterno. Em meio a isso tudo, Jen, como a Rainha/Bruxa Má (de Branca de Neve) ganha, das divinações de Lilia, um papel relevante de guia, de alguém que vai iluminar o caminho adiante, o que indica que o episódio focado nela, o terceiro, que lidou com a primeira provação provavelmente não será o único nessa linha.

É interessante e até corajoso notar como a própria Kathryn Hahn fica em segundo plano no episódio, mesmo que seus histrionismos que imitam perfeitamente a imortal composição dramática de Margaret Hamilton, no clássico longa de 1939, tenham destaque no início. Hahn, muito apropriadamente, abre espaço para a premiada LuPone subir no palco da minissérie para sua performance final, algo que a atriz faz com muito vigor, seja parecendo “desmiolada” no subsolo do Caminho das Bruxas, seja como a segura e altruísta Glinda, na superfície. A revelação de que Vidal é a Morte, com um visual inspirado no Dia de Los Muertos mexicano empresta uma camada extra de interesse ao episódio, criando uma conexão mental para mim – que inexiste no Universo Cinematográfico Marvel, eu sei, mas não consigo evitar – entre ela e Thanos, já que os dois, nos quadrinhos, são amantes e o Titã faz o que faz por amor, mas, na prática, pavimentando o caminho para que ela seja a vilã dos episódios finais, mesmo que isso ainda não exatamente diga a que veio a série, se eu quiser ser bem sincero, já que as peças ainda não foram completamente encaixadas, pelo menos não para mim.

Agatha desde Sempre continua seu caminho firme e forte de dar espaço para seu elenco fazer o que faz de melhor, surpreendendo na direção de arte e, aqui e ali, na forma como alguns episódios são trabalhados. Não é e não será uma daquelas minisséries de fazer o queixo cair, mas, se alguma coisa, episódios como Se a Morte Me Encontrar mostram que houve cuidado e carinho na criação da premissa e em sua execução, ao mesmo tempo mantendo-a autocontida e conectada com os eventos que envolveram a Feiticeira Escarlate – que morreu, ou não, talvez – principalmente em WandaVision e em Doutor Estranho 2, e permitindo que um miniuniverso de bruxaria e misticismo para além do que já fora apresentado seja descortinado. Agora é esperar e torcer para que a véspera do Halloween traga bons agouros para Agatha e companhia!

Agatha desde Sempre – 1X07: Se a Morte Me Encontrar (Agatha All Along – 1X07: Death’s Hand in Mine – EUA, 23 de outubro de 2024)
Criação e desenvolvimento: Jac Schaeffer
Direção: Jac Schaeffer
Roteiro: Gia King, Cameron Squires
Elenco: Kathryn Hahn, Joe Locke, Sasheer Zamata, Ali Ahn, Patti LuPone, Aubrey Plaza, Laura Boccaletti, Chloe Camp
Duração: 37 min.

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