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Crítica | Acapulco – 2ª Temporada

Passado e presente convergindo.

por Ritter Fan
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  • spoilers. Leiam, aqui, a crítica da temporada anterior.

Quando encerrei minha crítica da primeira temporada de Acapulco, mencionei que o final apontava para uma mudança de estrutura e que isso seria essencial para uma eventual segunda temporada, já que mesmo os breves 10 episódios iniciais já lutaram – sem ganhar sempre – para manter a narrativa livre de repetições e de sobreposições que tiraram um pouco do frescor da história. E fico feliz em constatar que o que os showrunners ensaiaram no encerramento da temporada inaugural como um elemento capaz de mudar um pouco a forma como a vida de Máximo Gallardo Ramos é contada realmente acontece e que não é apenas algo que serve de chamariz para a nova temporada, passando a fazer parte de cada um dos episódios.

E que mudança é essa? Muito simples: o Máximo do presente, vivido por Eugenio Derbez, leva seu sobrinho Hugo (Raphael Alejandro), para uma viagem até Acapulco para o velório de Don Pablo Bonilla (Damián Alcázar), seu chefe da época em que trabalhava no resort Las Colinas. O que poderia ser um artifício simples o suficiente para ser “resolvido” em apenas um episódio, ganha contornos mais interessantes, com Máximo usando a viagem para continuar contando sua história de vida a Hugo, mas, desta vez, no próprio local onde os eventos se passam e, mais importante ainda do que isso, com as duas linhas temporais conversando mais diretamente, inclusive com algumas quebras da quarta parede bastante originais, como fazer os dois Máximos interagirem diretamente.

Essa escolha narrativa não só cria uma maior e mais interessante convergência entre presente e passado, como tende a manter o espectador ainda mais interessado na história que, no processo, ganha menos repetições e mais agilidade, com bons novos personagens sendo introduzidos, especialmente a simpática e vibrante Isabel (Gabriela Milla) que acaba sendo o novo interesse amoroso do Máximo jovem (Enrique Arrizon) e que permite que ele lide com o noivado de Julia (Camila Perez) com Chad (Chord Overstreet, o ator que mais naturalmente se parece com o Coringa que eu já vi…). O triângulo (ou quadrado, como queiram) amoroso que se forma ao longo da temporada é bem trabalhado e desenvolvido, com os roteiros muito claramente fazendo esforço para fugir dos clichês básicos das comédias românticas.

Outra ponta narrativa que ganha destaque e também um desenvolvimento bacana é o que lida com a homossexualidade de Sara (Regina Reynoso), irmã de Máximo, com o conflito com sua mãe Nora (Vanessa Bauche) chegando ao ponto alto e uma resolução crível e terna. Até mesmo Memo (Fernando Carsa, que faz dois papeis na temporada) ganha sua própria história não só do lado amoroso, cujo desenvolvimento é essencialmente off screen), como profissional, com Máximo fazendo de tudo para o amigo subir de posição na hierarquia do Las Colinas.

Encarando a temporada de maneira mais distante e fazendo o exercício de imaginar o Máximo de 1984 transformando-se no Máximo do presente, diria, porém, que há pouca evolução macro para o personagem, o que significa que os showrunners podem ter imaginado contar essa história ao longo de mais temporadas do que realmente necessário. Há pouca mobilidade narrativa para permitir tanta variedade nos episódios, mesmo que, por vezes, vejamos algo bem diferente e de alta qualidade, como é o capítulo dedicado à “origem” de Diane Davies (Jessica Collins), dona do resort e mãe de Chad, e isso pode afetar a narrativa macro. Trata-se de uma simples história de como um garoto pobre de Acapulco tornou-se um magnata nos EUA e eu não sei se uma evolução “ano a ano” do personagem é algo que tenha real futuro, mas, claro, deixemos para julgar quando esse futuro realmente chegar.

Em sua segunda temporada, que é o que importa pelo momento, a série mostra que é capaz de trazer novos elementos e artifícios narrativos que a torna ainda mais interessante para além de uma comédia romântica padrão. Ainda que o final deste segundo ano não aponte para uma mudança na forma de contar a história como aconteceu no primeiro, se os showrunners souberem acelerar a história da ascensão (e queda?) de Máximo Gallardo, pode ser que a multiplicidade de eventos mantenham a chama acesa por mais algum tempo.

Acapulco – 2ª Temporada (EUA – 21 de outubro a 16 de dezembro de 2022)
Criação: Austin Winsberg, Eduardo Cisneros, Jason Shuman
Showrunner: Austin Winsberg, Chris Harris
Direção: Jay Karas, Nicole Treston Abranian, Victor Nelli, Jr.
Roteiro: Austin Winsberg, Jonathan Green, Gabe Miller, Joe Cristalli, Tamara Yajia, Mara Vargas Jackson, Eduardo Cisneros, Jason Shuman, Eddie Quintana, Ilse Apellaniz, Maggie Freakins, Nico Correia, Carla Olivia Torres, Chris Harris
Elenco: Eugenio Derbez, Enrique Arrizon, Fernando Carsa, Hemky Madera, Damián Alcázar, Camila Perez, Chord Overstreet, Vanessa Bauche, Regina Reynoso, Bianca Marroquín, Raphael Alejandro, Jessica Collins, Rafael Cebrián, Carlos Corona, Will Sasso, Regina Orozco, Lobo Elias, Ricardo Cañamar, Sofia Ruiz, Gabriela Milla
Duração: 300 min. (10 episódios)

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