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Crítica | Abraham Lincoln: Caçador de Vampiros

Um mashup que traz o ex-presidente dos Estados Unidos em batalha com vampiros.

por Leonardo Campos
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Diante de um processo de produção cultural extenso e com tradição narrativa milenar, a estratégia de fusão de universos se apresenta como uma opção viável para criação de conteúdo para o consumo das massas interessadas em novidades. O mashup, realizado há algum tempo na literatura, tem produzido materiais curiosamente favoráveis para este cenário, mesmo que a mixagem dos elementos distintos que compõem a receita não resulte em algo de qualidade. Abraham Lincoln: Caçador de Vampiros, escrito por Seth Grahame-Smith é um destes casos. Apesar da coleção de críticas não favoráveis publicadas em sua época de lançamento, visto uma década depois, o filme mantém as suas irregularidades dramáticas, mas exibe um tom carnavalesco em sua proposta que atende aos requisitos mínimos de sua proposta: o entretenimento. Sem pretensão de se transformar num clássico referencial para a mitologia dos vampiros, a aventura repleta de efeitos visuais é adrenalina pura, com toques de sensualidade.

Lançado em 2012, o filme dirigido pelo cineasta russo Timur Bekmambetov assume uma narrativa de terror que envolve o 16º presidente dos Estados Unidos, vigente na época da Guerra Civil Americana, com uma das mitologias mais profícuas no âmbito do terror: os vampiros. No roteiro, temos a retirada do narrador presente no livro, escolha de tradução intersemiótica que propicia uma maior fluência para a trama no âmbito audiovisual. Ao longo de seus 105 minutos, acompanhamos a trajetória secreta do ex-presidente, um homem que lutou contra a escravidão, teve forte presença política e deixou uma série de contribuições que ainda ressoam na contemporaneidade, mas que nas malhas da ficção aqui apresentada, adentrou por batalhas ofegantes contra as terríveis criaturas da noite, sugadoras de sangue.

Responsáveis por perpetuar maldições para todos os que se tornam as suas vítimas, os vampiros em Abraham Lincoln: Caçador de Vampiros perpassam um caminho assertivo de maquiagem, excessivamente carregado apenas nas demandas dos efeitos visuais, carregados demais. Produzido por Tim Burton, o filme se perde demais com o tom frenético e perde as chances de aumentar a carga dramática. Em sua dinâmica, acompanhamos a figura ficcional interpretada por Benjamin Walker, homem atormentado por um trauma que envolve a sua infância difícil. Ao testemunhar a morte de sua mãe por um vampiro, ele jura vingança e conta os dias para iniciar a sua revanche, energia que o guia até a vida adulta. O seu foco é destruir o líder Jack Barts (Marton Csokas), uma tarefa complexa de se realizar.

No caminho, conhece Henry (Dominic Cooper), um misterioso homem responsável por lhe apresentar o mundo dos vampiros e suas peculiaridades, personagem que também foi vítima da maldição que é viver como uma criatura noturna para a eternidade. Neste esquema, conhece Mary Todd (Mary Elizabeth Winsted), mulher que representa o lado doce da vida, o amor, o distanciando, de certa maneira, do foco que é a sua revanche. Constrói uma família, mas movido pelas ameaças vampíricas constantes em seu cotidiano, vive a duplicidade de assumir um posto político e ser um caçador de monstros. Entre perdas e ganhos, trafega por uma jornada de muitas batalhas, contempladas pelo uso de 3D, tecnologia estabelecida em diversas produções do período, aqui, uma escolha desnecessária que contribui ainda mais para o tom excessivo do que nos é apresentado. Repleto de sínteses visuais, o filme investe num vertiginoso jogo de mudanças de perspectivas na direção de fotografia assinada por Caleb Deschanel, culminando numa intensa aventura, fragilizada pelo avanço rápido dos arcos.

A diversão é garantida. A qualidade é questionável.

Abraham Lincoln: Caçador de Vampiros (Abraham Lincoln: Vampire Hunter, EUA – 2012)
Direção: Timur Bekmambetov
Roteiro: Seth Grahame-Smith
Elenco: Benjamin Walker, Dominic Cooper, Anthony Mackie, Mary Elizabeth Winstead, Rufus Sewell, Marton Csokas, Jimmi Simpson, Joseph Mawle, Robin McLeavy, Erin Wasson, John Rothman
Duração: 100 min.

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