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Crítica | A Vingança de Frankenstein

Peter Cushing faz o que pode em continuação de ritmo fraco e sem o charme do original.

por Rafael Lima
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Aproveitando o grande sucesso comercial obtido por A Maldição de Frankenstein (1957), a produtora Hammer Film viu a chance de seguir os passos da Universal Studios e criar uma franquia para chamar de sua em torno da famosa história de Frankenstein, não perdendo tempo para encomendar uma sequência para sua adaptação do famoso romance de Mary Shelley. Assim sendo, essa continuação, mais uma vez tendo o cavalheiro do horror, Peter Cushing, à frente do elenco, chegou aos cinemas em 1958, somente um ano após o lançamento do filme original. A Vingança De Frankenstein começa do exato ponto em que o filme anterior parou, com um inconsolável Dr. Victor Frankenstein (Peter Cushing) sendo encaminhado para guilhotina por uma série de assassinatos na Suíça. Entretanto, o esperto Frankenstein consegue enganar seus algozes, e é um pobre sacerdote que acaba sendo guilhotinado em seu lugar. O cientista foge para a pequena cidade alemã de Carlsbruck, onde estabelece uma clínica para pessoas carentes utilizando o nome falso de Dr. Victor Stein. Como auxiliar, Victor conta somente com o corcunda Karl (Oscar Quitak), o único a conhecer sua verdadeira identidade, pois o ajudou a fugir de seu país de origem. Quando o Dr. Hans Kleve (Francis Matthews), um jovem e ambicioso cientista reconhece Frankenstein, ele chantageia o cientista para que ele possa tornar-se seu assistente. É então que Frankenstein revela ao Dr. Kleve seu novo projeto: transportar cérebros vivos para corpos construídos para serem perfeitos, e o corcunda Karl é a cobaia voluntária para realizar esse experimento.

Infelizmente, A Vingança De Frankenstein figura entre os trabalhos mais fracos comandados pelo diretor Terence Fisher. Começando pelo título equivocado, já que Frankenstein não se vinga de nada e nem de ninguém. Ok, confesso que essa reclamação pode ser vista como uma bobagem, mas ela só fica evidente pelos outros problemas da obra. Quando assisti A Maldição De Frankenstein, vi um filme que dispensava sequencias, devido ao seu excelente final ambíguo. Mas por ser mais uma vez dirigido por Fisher e contar com o retorno de Peter Cushing, além do roteirista Jimmy Sangster , que escreveu o exemplar anterior da franquia, resolvi dar uma chance para este segundo filme.

Antes de falar do que não gostei, devo aplaudir a interessante ideia de tirar o foco da Criatura, como fez a franquia da Universal, e centrar a história no Dr. Frankenstein, o personagem mais interessante do filme de 1957. Foi uma inversão de expectativa curiosa para a época, pois a série da Universal havia acostumado o público a acompanhar o monstro, com novos cientistas loucos sendo trazidos a cada filme, enquanto a Hammer mantém a figura do cientista ao longo de toda a franquia, e são os monstros que mudam. Mas infelizmente as ideias boas param por aí. O grande problema de A Vingança De Frankenstein é que não existe drama ou suspense, algo essencial em um filme de horror, com a obra tendo sérios problemas de ritmo, além do roteiro de Sangster falhar em construir arcos dramáticos coerentes para os seus personagens. 

A atmosfera de tensão que Fisher soube construir tão bem não só no filme original, mas em muitos outros de seus trabalhos inexiste aqui. Peter Cushing até consegue criar um desenvolvimento interessante para o Barão Victor Frankenstein, carregando certa continuidade com o filme anterior (continuidade que se perde completamente nas sequências seguintes). O cientista continua sendo um homem egoísta e prepotente, culpando outras pessoas por seus erros do passado, mas não passou em branco pelas experiências do filme anterior. Embora nunca admita, fica bastante claro que o Doutor Frankenstein tenta se redimir pelos pecados cometidos anteriormente, e até nutre simpatia por seus pacientes, ainda que também os veja como oportunidades para aplicar as suas teorias. 

Cushing tenta carregar o longa inteiro nas costas, mas infelizmente, isso não basta. O corcunda Karl, que deveria ser a grande figura dramática do projeto só consegue despertar apatia no público. O conceito do personagem é bem interessante, afinal, desta vez a Criatura de Frankenstein (Michael Gwynn) é alguém que tem a consciência que já foi humano, e ainda carrega os seus traumas humanos, mas infelizmente essa boa ideia não é aproveitada a contento, de modo que o monstro não consegue provocar nem medo e nem simpatia. Não há muito o que dizer sobre os outros coadjuvantes da história. O personagem do Dr. Kloves está aqui meramente para ficar impressionado pelo brilhantismo de Frankenstein e ser o rosto jovem da película, enquanto a jovem enfermeira Margaret (Eunice Gayson) é apenas um possível interesse amoroso para Karl e Klove.

Para fechar o festival de tragédias, nem no visual, que costuma ser o forte dos projetos do Terence Fisher para a Hammer, o filme se salva. Toda a estética do longa metragem é bastante pobre e básica no geral, não fazendo jus ao charme gótico que tornou o estúdio famoso, com o mesmo podendo ser dito sob o trabalho de maquiagem. Enfim, ainda que tenha conquistado os seus admiradores, A Vingança De Frankenstein a meu ver, entra para o time de péssimas sequências de ótimos filmes. Embora quase nenhuma das sequências façam jus ao filme original de 1957, (e justiça seja feita, este não é o pior filme da série) a maioria delas ao menos diverte em algum nível, o que infelizmente não é o caso aqui.

A Vingança De Frankenstein (The Revenge Of Frankenstein) – Reino Unido, 1958
Direção: Terence Fisher
Roteiro: Jimmy Sangster, George Baxt, Hurford Janes (baseado em personagem criado por Mary Shelley)
Elenco: Peter Cushing, Francis Matthews, Eunice Gayson, Oscar Quitak, Michael Gwynn, John Welsh, Lionel Jeffries, Richard Wordsworth, Charles Lloyd Pack, John Stuart, George Woodbridge, Arnold Diamond, Marjorie Gresley, Anna Walmsley, Gerald Lawson, Michael Ripper
Duração: 89 Minutos

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