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Crítica | A Vida Depois

O amadurecer frente ao trauma.

por Felipe Oliveira
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Depois de alguns trabalhos com videoclipes e curta-metragem, a atriz e também cineasta Megan Park escolheu um tema delicado para explorar em seu debut como diretora e roteirista em um filme: os casos de tiroteios em escolas dos EUA. Pelo tópico, é ao menos esperado um cuidado na forma em que será abordado e Park optou por desenvolver na produção os efeitos através da ótica do coming of age. O resultado é um retrato sensível, emocionante e por vezes bem-humorado expresso em uma atuação carregada de Jenna Ortega.

Se destacando cada vez mais no ramo, a atriz encarna em A Vida Depois a jovem Vada, uma estudante do ensino médio que é jogada numa derrocada emocional em consequência da tragédia ocorrida em sua escola. É curioso notar a maneira em que Park trata The Fallout (no original) – que significa resultado, efeito – espelhando sua história como uma das muitas ocorrências intermitentes de tiroteios em colégios americanos, e essa escolha torna seu retrato ainda mais realista e responsável pela consciência do enfoque que sempre busca enfatizar o impacto e reflexão.

E essa ênfase surge inesperadamente na narrativa que coloca o telespectador a presenciar o terror no âmbito escolar por meio de Vada, que introduzida com sua leveza contagiante e estilo desajeitado, é arrastada para seis minutos de pânico junto a outros colegas. A partir deste momento, a cinematografia de Kristen Correll se mostra excepcional por realizar planos mais fechados para evidenciar o pavor em uma sequência que arrebata pelo impacto e sensibilidade retratados. Sendo valorizada por enquadramentos fechados e planos detalhes, Ortega se prova uma escolha certeira para o papel em cada estágio de emoções as quais sua personagem flutua, e obviamente, além da entrega para as notas cômicas que o filme atinge em meio ao seu foco dramático.

Por vezes, Park soa familiar em seu recorte de amadurecimento da juventude, que mesmo contando com um elenco pontual ao trazer os talentosos Maddie Ziegler e Niles Fitch, é por manter o foco em Vada que o longa vai renovando a aura de algo habitual e se encaixa mais em uma abordagem simples e intimista do despertar, do autoconhecimento e de muitas outras experiências que vêm no pacote de ser jovem, de vivenciar todas essas coisas enquanto sobrevivem ao trauma que foram atingidos de diferentes formas. É dar tempo ao tempo, seguir em frente porque a vida continua? Para os questionamentos que surgem, Park busca constantemente imprimir em seu relato uma representação mais honesta possível do que está sendo encarado.

Além da performance brilhante e esmagadora de Ortega, o maior feito de A Vida Depois é ser simples e eficiente no que se propõe: falar sobre os efeitos impensáveis do trauma enquanto um coming of age. O que é mais um exemplo do cuidado da abordagem, por considerar quem são as vítimas do seu tema; estudantes, jovens, que têm suas vidas jogadas contra rumos inesperados, e Park conseguiu conduzir com domínio um relato delicado.

A Vida Depois (The Fallout – EUA, 2021)
Direção: Megan Park
Roteiro: Megan Park
Elenco: Jenna Ortega, Maddie Ziegler, Niles Fitch, Will Ropp, Lumi Pollack, John Ortiz, Julie Bowen, Shailene Woodley
Duração: 97 minutos

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