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Crítica | A Última Ordem

por Rafael W. Oliveira
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Falar de A Última Ordem é também falar dos marcos para o cinema que o filme de Josef von Sternberg representa. Como parte de um dos melhores e mais frutíferos períodos da era muda, o protagonista Emil Jannings foi o primeiro a receber um Oscar de melhor ator ali no início dos anos 30, quando a primeira edição da festa acontecia. Mas não somente por A Última Ordem, Emil também foi premiado por Tentação da Carne, do visionário Victor Fleming. Uma pena que este último foi perdido em um incêndio no mesmo período.

Inspirado em fatos reais, o filme de Sternberg nos apresenta ao General Dolgorucki, um czar responsável pela queda do Império Russo, que é deposto, mas que anos depois é contratado novamente para dar segmento aos seus princípios revolucionários.

A Última Ordem pode ser visto como um grande representante de diversas fórmulas que o cinema toma orgulhosamente para si hoje em dia. Há um quê de metalinguagem na posição do czar em também ser um figurante de longas daquela época, e grande parte de sua queda e ascensão no Império Russo é mostrada através de um longo flashback, recurso narrativamente ousado e improvável para a época que estamos falando.

Improvável também é o envolvimento amoroso que o filme constrói entre o czar e uma revolucionária, Natalie (Evelyn Brent), remetendo aos grandes melodramas que Hollywood ainda viria criar para si nos anos 40 e 50. Com isso, A Última Ordem elabora uma grande construção de personagem sobre o czar, relatando suas humilhações, perdas e injustiças que lhe acometeram na vida, ressaltando com eficácia todo o aspecto trágico de sua trajetória.

E nisto, uma das cenas finais onde o protagonista participa de uma cena de guerra e deixa de lado seu roteiro para atuar como se realmente estivesse lutando numa guerra real é de uma força comovente avassaladora. Há vários motivos para considerar A Última Ordem uma pérola do cinema mudo, mas o maior deles, sem dúvidas, se chamava Emil Jannings.

A Última Ordem (The Last Command) – 1929, EUA
Direção: Josef von Sternberg
Roteiro: Josef von Sternberg
Elenco: Emil Jannings, Evelyn Brent, William Powell, Michael Visaroff, Fritz Feld
Duração: 88 min.

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