Home QuadrinhosArco Crítica | O Espetacular Homem-Aranha #122: A Última Cartada do Duende

Crítica | O Espetacular Homem-Aranha #122: A Última Cartada do Duende

por Luiz Santiago
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estrelas 4,5

Quando Gwen Stacy morreu, na Amazing Spider-Man #121, os fãs enlouqueceram. A morte da bela loira não havia sido previamente anunciada e os acontecimentos narrados na edição eram realmente densos, mostrando o fracasso do Aranha em salvar sua amada, e a fuga do Duende Verde… A edição #122, de julho de 1973 é a sequência desse acontecimento. A história escrita por Gerry Conway e com desenhos de Gil Kane é uma típica história de ódio e vingança, no mais instigante sentido dramático dessas palavras.

Quem já leu as edições de maiores pancadarias do Homem-Aranha sabe que ele fica violento quando está nervoso. Em A Última Cartada do Duende, essa característica vem à tona e nos mostra um Aranha consumido pelo ódio e cujo desejo máximo é se livrar de seu maior inimigo. A revista traz ação do início ao fim, e planta duas pistas que seriam fundamentais para o desenvolvimento de algumas histórias da ASM nos anos seguintes: a pessoa misteriosa que assistiu a morte do Duende Verde e o Epílogo de Peter Parker com Mary Jane.

Um dos momentos de maior conflito interno dessa história está ligado ao “outro lado” do Homem-Aranha, que deixa mais visível o seu lado passional de Peter Parker e não de herói mascarado e livre pelos problemas seculares. Quando vai visitar Harry, na esperança de encontrar o Duende Verde (Norman Osborn), Parker ouve as súplicas do amigo “viajado” no LSD, pedindo para que ele não vá embora e que o ajude. Em apenas três quadros Gerry Conway resolve essa questão, assumindo o desvio moral de Parker, que naquele momento, só tinha energias para procurar vingança. Um diálogo interno da personagem mostra o quanto isso é forte na história, e a capacidade de Conway em criar um ponto moral dessa categoria no meio de uma HQ:

Harry Osborn: Me ajude!

Peter Parker (em pensamento): Então foi a isto que tudo chegou, Peter? Você fica e ajuda seu amigo ou vai ao encalço da vingança… a simples e violenta vingança? Não tem muito o que discutir, não é?

Sem responder a pergunta, Parker desce as escadas da mansão Osborn, ouvindo os gritos ensandecidos de seu amigo Harry, e então sai da casa e bate a porta. Esse momento é um dos mais interessantes da revista, fora, é claro, o momento em que o jato morcego controlado remotamente perfura o peito do Duende Verde, matando-o.

Em todos os sentidos, essa edição da Amazing Spider-Man é um acerto de contas. Não apenas pela morte do vilão, mas principalmente pela consciência que Peter Parker tem em relação a sua própria existência, sua capacidade, seu alcance de poder. É um acerto de constas consigo mesmo. A fala do herói, quando vê o Duende caído, com o jato cravado no peito, é algo que me emociona até hoje, e que deveria ser lida para os cidadãos que defendem a pena de morte: “engraçado… Achei que ver o Duende Verde morrer diminuiria a dor da morte de Gwen. Em vez disso, só fez eu me sentir vazio… exausto… e talvez um pouco mais solitário.”. Eu simplesmente amo essa fala final. É um término perfeito da dupla história mais densa da ASM. Quanto ao Epílogo, ele foi absolutamente necessário. Trazer Mary Jane para a cena em um momento que o herói sofria com uma grande perda, foi o correto a ser feito. O grande problema é que décadas depois a Marvel se veria em uma encruzilhada: depois de tanta enrolação (e já tendo uma candidata morta), era a hora de, enfim, casar o cabeça de teia…

Mas isso é assunto para um outro dia.

Amazing Spider-Man Vol. 1 – #122 (EUA, julho de 1973)
Roteiro: Gerry Conway
Arte: Gil Kane
Arte-final: John Romita, Tony Mortellaro
Marvel Comics

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