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Crítica | A Múmia: Tumba do Imperador Dragão

por Guilherme Coral
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estrelas 1,5

O sucesso comercial dos dois filmes anteriores da franquia A Múmia, ao lado das críticas positivas, naturalmente favoreceria a vontade do estúdio de realizar um terceiro longa-metragem. A necessidade de se fazer algo maior e melhor, ao lado do desânimo do diretor, Stephen Sommers, em trabalhar em mais uma obra dessa escala, contudo, acabou causando uma grande demora para que o filme fosse lançado. A Múmia: Tumba do Imperador Dragão acabou sendo lançado sete anos depois de seu antecessor, tempo muito grande quando se trata de sequências de blockbusters, podendo causar o esquecimento do público. Apesar disso, o longa se saiu bem nas bilheterias, o que, infelizmente, não tem qualquer relação com sua qualidade.

A trama se passa alguns anos após os eventos de O Retorno da Múmia. Rick (Brendan Fraser) e Evelyn O’Connell (Maria Bello, substituindo Rachel Weisz no papel) estão aposentados das suas aventuras até o momento no qual são contactados para irem à China, a fim de resgatar um objeto que não pode cair nas mãos erradas. Lá eles encontram seu filho, Alex (Luke Ford) e Jonathan (John Hannah), sem saber que esse objeto seria utilizado para reviver um antigo imperador chinês, que fora amaldiçoado junto de seu exército. Cabe, agora, a eles encontrar uma maneira de impedir com que essa nova múmia obtenha todo o seu poder de volta.

A mudança do cenário do Egito para a China e a utilização do Exército de terracota na trama foi uma boa escolha do roteiro de Alfred Gough e Miles Millar, que poderiam ter oferecido um novo ar à franquia. Apesar dessa mudança, os filmes anteriores não foram esquecidos e constantemente referências e brincadeiras se fazem presentes nos diálogos e novas locações apresentadas. Mais do que isso, essa alteração de local permitiria que a franquia se renovasse constantemente, gancho, aliás, que chega a ser deixado nos momentos finais, quando Jonathan decide se mudar para o Peru, onde ele acredita que não existem múmias.

Tudo isso, porém, é desperdiçado pelas inconsistências do roteiro, que começam a se apresentar logo nos trechos iniciais. Gough e Millar nos dão a impressão de que não faziam ideia do que colocar no texto e acabam introduzindo elementos novos inúmeras vezes, criando furos e situações convenientes demais, como a habilidade do vilão em trocar de forma, a necessidade de seu exército atravessar a muralha para se tornar imortal ou a adaga como única arma capaz de matá-lo de uma vez por todas. Nenhum desses pontos é minimamente trabalhado ao longo do filme, são simplesmente jogados na narrativa e precisamos aceitá-los, da mesma forma que os personagens se livram de qualquer pergunta possível e imaginável.

Para piorar, o característico humor presente nesse reboot da série parece não ter guardado a mesma força dos anteriores e o que nos diverte nos trechos iniciais, minimamente, acaba nos cansando quando vamos progredindo na projeção. Isso se dá em razão, claro, das excessivas repetições da mesma piada inúmeras vezes, trazendo apenas pequenas variações. Além disso, em razão das prolongadas cenas de ação, muitas das quais não contam com o menor valor narrativo, nos vemos exaustos, olhando para o relógio mais de uma vez para ver quando o filme irá, enfim, terminar. A noção de aventura que tanto marcara a franquia até aqui, se perde, dando lugar a um entretenimento sem sal e pouco atrativo.

Não ajuda, claro, o fato da computação gráfica já ter nascido envelhecida, garantindo uma desconfortável artificialidade a qualquer cena com elementos fantásticos em tela. O mais triste é constatar que inúmeros desses elementos são totalmente desnecessários, como a própria mudança de forma da múmia ou os yetis, que surgem de uma hora para a outra em uma cena que poderia ter sido, inteiramente, cortada. Claro que a fantasia sempre esteve presente na série, mas seu sucesso dependia da forma como ela se encaixa no roteiro, algo que não ocorre aqui. A preferência por utilizar esse CGI acaba desperdiçando completamente Jet Li, ainda que seu retrato do imperador seja excessivamente dramático.

A Múmia: Tumba do Imperador Dragão, portanto, falha em captar a essência de seus antecessores, nos trazendo um entretenimento dispensável, que nos cansa já na primeira metade do filme. Tendo nas mãos a oportunidade de constantemente renovar a franquia, os realizadores jogam tudo para o alto na tentativa de oferecer algo grandioso e, nessa empreitada, esquecem que o mais importante elemento dessa série é a atmosfera de aventura e não o tom épico de grandes batalhas ou vilões superpoderosos. Quando nem o humor desse reboot de A Múmia consegue nos prender, se torna bem claro que a série deve chegar ao seu fim.

A Múmia: Tumba do Imperador Dragão (The Mummy: Tomb of the Dragon Emperor) — EUA, 2008
Direção:
 Rob Cohen
Roteiro: Alfred Gough, Miles Millar
Elenco: Brendan Fraser, Jet Li, Maria Bello, John Hannah, Michelle Yeoh, Luke Ford, Isabella Leong, Anthony Chau-Sang Wong, Russell Wong, Liam Cunningham
Duração: 112 min.

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