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Crítica | A Mosca 2 (1989)

por Leonardo Campos
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Depois do sucesso de A Mosca, dirigido por David Cronenberg, não demorou muito para os produtores investirem em uma sequência para o filme. Sem o elenco principal do anterior, a narrativa investe no “devir” do primeiro: o filho de Seth Rogers (Jeff Goldblum). Ágil, divertido e com uma dinâmica que até funciona bem dentro do gênero aventura, o filme funciona se for pensado longe das prováveis comparações com o seu antecessor. Engraçado observar que o roteiro foi escrito por quatro pessoas, baseadas no argumento e nos personagens de outras duas. Menos, às vezes, pode se tornar mais. Tanta gente envolvida nem sempre é algo sinônimo de sucesso e a sequência é a prova cabal disso. O foco do filme é Martin (Eric Stoltz), como já mencionado, o filho de Seth. O rapaz possui características físicas e intelectuais acima do normal e percebe que é parte de um projeto exploratório de um grupo de cientistas que o cerca. Lançado em 1989, A Mosca 2 trouxe mais um espetáculo de efeitos especiais e maquiagem, além de alguma reflexão sobre o legado de Cronenberg, mas é tudo tão superficial que a narrativa se transforma apenas num espetáculo de puro entretenimento ligeiro.

O que inicialmente aparenta ser uma relação cheia de respeito, hierarquia e troca de interesses nobres acaba se tornando uma guerra onde a “fera” dentro do pequeno-grande Martin será liberada, com direito a uma imensa trilha de corpos ensanguentados, esmagados e triturados. Somos informados, ao longo dos atos, que a sua mãe morreu no parto e o garoto ficou confinado neste laboratório, cercado por uma equipe formada por profissionais das mais variadas áreas, todos interessados em compreender o menino “devir”. Cada avanço é uma surpresa e os estudos para melhor entende-lo tornam-se cada vez mais ineficientes, haja vista a modificação constante da estrutura do garoto assustadoramente imprevisível. Sob a orientação de Dr. Bartock (Lee Richardson), Martin possui o metabolismo de um inseto e com cinco anos de vida ele já se torna um adulto. Quando as mutações começam a reagir e a cobaia científica percebe que não há nenhuma preocupação “amigável” por parte de Bartock, o lado rebelde-revoltado-vingativo do rapaz aflora-se e os problemas tornam-se ainda maiores. Martin se rebela, foge para a casa de Beth e quando procuram Stathis (John Getz), elo com o filme anterior, tentam arranjar uma possível cura para o jovem mutante, algo que infelizmente não será possível de se realizar.

É quando o caos se instala e A Mosca 2 avança vertiginosamente pelo gênero aventura, sem muita preocupação com a abordagem filosófica que fez do primeiro filme um primor narrativo. Preocupados em repetir a fórmula de sucesso de bilheteria do antecessor, a continuação não é uma produção necessariamente ruim. É apenas irregular e menos interessante que o seu antecessor, narrativa que teve a direção sofisticada de David Cronenberg, um cineasta de estilo mais coeso, também responsável por um texto com discussões mais ligadas aos interesses da sociedade da época. Com 105 minutos de duração, A Mosca 2 pretende-se um filme que reforça poder dos efeitos especiais como representação do avanço tecnológico da indústria do cinema, entretanto, oferta ao espectador um roteiro fraco e perdido, além de uma direção robótica por parte de Chris Wallas, provavelmente guiado pelos interesses dos produtores. Há alguns momentos inspirados, tais como a condução musical de Christopher Young, a direção de fotografia razoável de Robin Vidgeon, o design de produção atmosférico de Michael S. Botton e maquiagem do geralmente competente grupo de Chris Wallas Inc. São setores que cumprem as suas respectivas funções, mas não conseguem dar conta das irregularidades dramáticas. O problema em A Mosca 2, sem dúvida, é textual. Os atos iniciais são mais arrastados e o desfecho investe num espiral de loucura propicio para fazer o caos se espalhar.

A Mosca 2 (The Fly 2) – Estados Unidos. 1989.
Direção: Chris Wallas.
Roteiro: Mick Garris, Jim Wheat, Ken Wheat e Frank Darabont, baseados no argumento de Mick Garris.
Elenco: Eric Stoltz, Daphne Zuniga, Lee Richardson, John Getz, Ann Marie Lee, Frank C. Turner, Andrew Rhodes, Rob Roy, William S. Taylor.
Duração: 105 min.

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