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Crítica | A Invasão das Aranhas Gigantes (1975)

Aranhas gigantescas de origem alienígena tocam o terror numa cidade interiorana.

por Leonardo Campos
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Um personagem questiona outro: “você já assistiu Tubarão?”. Olhado com inquietude, o questionador continua, agora afirmativo: “Comparado com isso aqui, ele parece um peixe dourado”. Também lançado em 1975, A Invasão das Aranhas Gigantes é um típico filme B quase Z com o reino animal colocando a humanidade para respirar fundo e sofrer momentos extenuantes de agonia. Produto de sua época e, por isso, repleto de passagens misóginas, uso de um modelo rudimentar de jumpscare, dentre outras características de alguns filmes do subgênero horror ecológico realizado no período, a narrativa nos apresenta a chegada de um meteoro que cai numa cidade do interior do estado de Wisconsin e causa pane nos rádios, nos carros e noutros serviços e produtos que dependem da tecnologia para funcionar.

O evento produz uma cratera enorme num local de região, buraco que libera pedras parecidíssimas com diamantes, para alegria de alguns desavisados que não fazem ideia do que se trata. As supostas preciosidades, na verdade, são as bases para a saída das aranhas mortais causadoras da devastação que tomará toda a cidade e ceifará a vida de muitos de seus habitantes. Quem dirige essa trama de excessos é Bill Rebane, realizador guiado pelo texto assinado por Robert Easton e Richard L. Huff, todos donos de um empreendimento cinematográfico que é ruim, mas se torna bom com toda a sua bizarrice divertida, recurso que nos permite ser diletante sem se preocupar muito com a análise do conteúdo, opaco e estéril dramaturgicamente em seus 84 minutos. Com os closes brutais promovidos pela direção de fotografia de Jack Willoughby, A Invasão das Aranhas Gigantes também é cheio de excessos não apenas na temática, mas em sua estética.

O design de som de James Bryan produz alguns ferrões musicais saltitantes, voltados a colocar horror onde a imagem não consegue falar por si. Na condução do enorme aracnídeo, temos a dupla de supervisores dos efeitos especiais, Robert Millay e Richard Albain, criadores do bichão que é acoplado num fusca, estratégia barata e insana, mas que funciona para as necessidades do filme que ainda colocou um filtro vermelho nos faróis do automóvel, tendo em vista reforçar os olhos esfuziantes das aranhas assassinas e perigosas. As suas patas, se observarmos com a devida atenção, nunca tocam no chão, fato que nos faz questionar como elas se locomovem. No entanto, por ser uma narrativa de aracnídeos gigantescos e aniquiladores, deixamos esses pormenores de lado para não prejudicar a diversão, muito limitada por sinal, pois as aranhas parecem pouco.

Se é um filme de aranhas e elas quase não aparecem, qual a graça então? Essa é uma pergunta que o espectador pode se fazer, com total coerência, pois A Invasão das Aranhas Gigantes não goza dos privilégios de ter um elenco em desempenhos dramáticos surpreendentes ou uma história que oferte atrativos que não sejam boas cenas com aracnídeos monstruosos. Fica então a decepção, principalmente nas cenas noturnas, criadas para disfarçar os problemas técnicos enfrentados em todo o processo criativo. Ademais, sobre a história, após da queda do meteoro, as aranhas que escapa se alimentam dos animais de uma fazenda local e aumentam de tamanho. Os afobados que pegam as tais pedras para tentar ganhar uma grana, sofrem uma bizarra surpresa.

Quem é chamado para resolver o problema é o Dr. Vance (Steve Bradie), cientista da Nasa, homem que se desloca para investigar os conflitos causados pelos aracnídeos, apoiado pela Dra. Jenny Langer (Barbara Hale) e pelo Dr. Jeff Jones (Alan Hale). Juntos, a equipe precisa descobrir uma alternativa para eliminar as aranhas e salvar os habitantes que ainda restam. Há, para preencher as lacunas dramáticas, algumas subtramas que envolvem sexo, machismo, relações tóxicas e outras situações que hoje seriam motivo para debates e problematizações. Depois da empreitada, a indústria cinematográfica ainda iria investir em outras tantas histórias sobre aranhas mortais, dentre os destaques, Tarântulas – Carga Mortal e A Maldição das Aranhas, ambos da década de 1970, antecipações para o luxuoso e mais estruturado Aracnofobia, de Frank Marshall, com selo de Steven Spielberg na produção executiva.

A Invasão das Aranhas Gigantes (The Giant Spider Invasion) — Estados Unidos, 1975
Direção: Bill Rebane
Roteiro: Richard L. Huff, Robert Easton
Elenco: Steve Brodie, Barbara Hale, Robert Easton, Leslie Parrish, Alan Hale Jr.
Duração: 84 min.

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