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Crítica | A Fúria dos Sete Homens

por Guilherme Coral
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estrelas 3

A sequência final de Sete Homens e um Destino, após duas continuações que, por si só já eram desnecessárias e que nada de novo acrescentaram, novamente traz um diferente ator no papel de Chris Adams. O personagem já fora vivido por Yul Brynner, George Kennedy e agora chegara a hora de ninguém menos que Lee Van Cleef encarnar o líder dos sete homens, o que já nos dá um motivo bastante forte para darmos uma chance para essa última entrada da série (antes do reboot de 2016). O interessante é que, embora seja bastante comum dentro do western, é que não há a necessidade do espectador ter visto os longas anteriores, especialmente que agora temos o maior salto temporal dentro da franquia.

Anos se passaram desde as aventuras do já lendário Chris. Agora ele se estabilizou em uma cidade como xerife e prefere não se meter em problemas – chegou até mesmo a se casar. Naturalmente que sua tranquilidade não duraria muito e todo seu status quo se altera com o cruel estupro e assassinato de sua esposa, que, por sua vez, o coloca de encontro com o cruel bandido, De Toro (Ron Stein), que acabara de saquear uma pequena cidade, deixando vivas somente as mulheres e crianças.

Evidentemente a trama em si não foge do comum dentro gênero, ou até mesmo na franquia, o que verdadeiramente diferencia A Fúria dos 7 Homens das obras que o antecederam é a construção da problemática central. O roteiro ocupa um longo trecho para criar o sentimento de vingança em Chris, que o força a, mais uma vez, reunir sete homens para uma missão. Curiosamente, não vemos o personagem indo atrás um a um dos membros da equipe, visto que ele os tira de uma vez da prisão. De fato esse é um filme mais lento que os anteriores, mas que funciona de forma muito mais orgânica.

Claro que o trabalho de Lee Van Cleef é um dos grandes méritos do longa. Seu jeito canastrão de ser é mais que a clássica figura do cowboy, há uma intensidade em suas palavras e seu olhar e o ator consegue transmitir um verdadeiro cansaço ao personagem, algo que é deixado de lado quando, enfim, ele sai de sua “aposentadoria”. E os problemas começam a surgir nesse ponto. De uma hora para a outra o protagonista verdadeiramente se transforma – deixa de lado o seu ferimento (que o deixara moribundo por um bom tempo), esquece a morte de sua esposa, chegando até a se apaixonar novamente, da sua própria forma, é claro. Esquecimento esse que se estende para as mulheres que acabaram de perder seus maridos e logo se veem encantadas pelos ex-detentos.

Felizmente as cenas de ação, apenas duas, são realizadas de forma mais criativa, explorando a personalidade de cada um dos sete, ainda que esses, novamente, não sejam nada construídos ao longo da projeção. O tiroteio final, no estilo “survival”, é bastante interessante nos estágios iniciais, evidenciando mais uma vez a calma exibida no roteiro, que gasta um certo tempo para preparar as armadilhas contra os antagonistas (que, obviamente, estão em número muito maior que os mocinhos). O texto também oferece uma tensão ao espectador, criando a dúvida se veremos a morte de Chris, por mais que isso não ocorra, visto que ele somente retorna para sua aposentadoria, tendo conquistado uma nova esposa com seu jeito canastrão.

A Fúria dos 7 Homens consegue, no fim, ser superior às duas sequências que o antecederam. Trata-se de um filme bastante previsível e sem grandes novidades, que recicla muito do material já apresentado na franquia, mas que não deixa de ser divertido, tanto por uma progressão narrativa que se diferencia do que veio antes em alguns aspectos e pelo trabalho de Lee Van Cleef. Não posso deixar de indagar, contudo, sobre a necessidade do longa-metragem ter sido realizado, assim como os outros Sete Homens, fora o original, claro.

A Fúria dos 7 Homens (The Magnificent Seven Ride!) – EUA, 1972
Direção:
 George McCowan
Roteiro: Arthur Rowe
Elenco: Lee Van Cleef, Stefanie Powers, Michael Callan, Mariette Hartley, Luke Askew, Pedro Armendáriz Jr.
Duração: 100 min.

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