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Crítica | À Deriva (2022)

Alicia Silverstone lutando pela sobrevivência neste horror ecológico com tubarão e muito marasmo.

por Leonardo Campos
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Eis um exemplo de filme que tentei ao máximo defender nesta dinâmica de tribunal das narrativas cinematográficas. Mesmo diante de tantas críticas negativas, nacionais e internacionais, me permitir dar uma chance ao retorno dos tubarões, feras assassinas do cinema que, na verdade, nunca deixaram de habitar o nosso imaginário. Outro motivo foi também a presença de Alicia Silverstone, uma destas atrizes do panteão hollywoodiano de minha geração, alguém que não conseguiu se manter neste sistema cheio de paradoxos e perversidades. Sem grandes expectativas, decidi conferir À Deriva, uma produção que traz alívio absurdo ao apresentar os seus créditos finais, tamanha a experiência tediosa que é tê-la como entretenimento, haja vista o desenvolvimento caótico e insuportável de um monte de situações dramáticas que poderiam ter rendido algo bem mais interessante. São 80 minutos, caro leitor, que parecem uma temporada extensa e chata de alguma série que você viu, mas não gostou.

Escrito e dirigido por Le-Van Kiet, o filme tem como base o desempenho de dois personagens: Kyle (James Tupper) e Jaelyn (Alicia Silverstone), casal que atravessa uma fase bastante complicada em suas vidas. Ela sofreu um aborto e perdeu o primeiro filho, conflito que é o ponto de partida para que ambos decidam passar o luto numa região à beira-mar, tendo em vista desanuviar e mudar o rumo do sofrimento, no geral, atravessar as tais etapas dos enlutados. O clima do lugar não é dos melhores, pois é época das monções, fenômeno climático que provoca fortes chuvas ou longas secas em diferentes períodos do ano. Assim, o que deveria ser um momento de paz e tranquilidade se transforma em mais uma luta por sobrevivência, algo que tira elimina a felicidade do casal e os coloca numa desafiadora convivência.

Ah, e como demonstrado pelo cartaz e trailer, além da tempestade que os acomete desvincular a cabana onde dormiam no hotel, a dupla precisará batalhar para lidar com alguns tubarões bastante ferozes que aparecem, nalguns trechos editados com imagens reais destas criaturas, convincentes, apesar de insuficientes, noutros, em aparições bizarras realizadas pelo orçamento disponível, serviço produzido por Bachnn, supervisor da equipe de efeitos visuais. Sim, os tubarões são horrorosos, não há conexão com as demonstrações de imagens reais com o que foi construído por programação, mas este em si nem é o grande problema. O terrível neste filme é a demora para tais “monstros” aparecerem, pois é com quase uma hora de narrativa que os tubarões começam a tirar a tranquilidade do casal e dinamizar a trama.

E, para piorar, mesmo com o escalafobético desfecho, com pouco mais de vinte minutos de histeria e batalha, ainda assim, À Deriva se mantém insosso. Os diálogos, até então, frágeis e pouco convincentes, já tiraram a nossa paciência há tempos, algo que não se reestabelece quando o filme resolve agitar as coisas. Apesar de algumas passagens líricas no visual da direção de fotografia de Matt S. Bell, a contemplação da paisagem em planos gerais é descuidada, deixando claro para o espectador que estamos vendo, em algum lugar, o pedacinho da área verde por detrás da camada de efeitos. A trilha sonora de Jean-Paul Wall, além de não empolgar, parece entrar erroneamente em alguns trechos, problema que não é exatamente do compositor, mas de quem editou. E, por fim, tentei dar uma moral para a atriz que protagoniza a narrativa, mas o seu desempenho estridente, em muitos trechos, é demasiadamente constrangedor, como no geral, é o filme em si.

À Deriva (The Requin, EUA – 2022)
Direção: Le-Van Kiet
Roteiro: Le-Van Kiet
Elenco: Blake Lively, Óscar Jaeneda, Brett Cullen, Sedona Legge, Sully Seagull
Duração: 86 min

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