Home TVEpisódio Crítica | Agatha Christie’s Poirot – 2X02: A Dama de Véu

Crítica | Agatha Christie’s Poirot – 2X02: A Dama de Véu

Segundas intenções.

por Luiz Santiago
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Em A Dama de Véu, Hercule Poirot está convencido de que os criminosos do Reino Unido estão com tanto medo dele, que simplesmente pararam de cometer crimes. No conto de mesmo título, publicado no livro Poirot Investiga, essa percepção orgulhosa e meio delirante do detetive belga também é tratada de maneira cômica, e nesta adaptação da obra para a série Agatha Christie’s Poirot, vemos como o humor é uma boa ferramenta para a resolução de um caso cheio de “segundas intenções” por parte de alguns personagens, levando os homens da lei para a trilha de um verdadeiro ditado popular: “as aparências enganam“.

O roteiro de Clive Exton faz algumas modificações em relação ao conto original, mas elas funcionam bem para aquilo que a série pretende mostrar, ou seja, Poirot diante de um caso que o desafia de uma forma diferente, jogando com o seu ego e colocando-o em situações que ele ainda não tinha estado. Na cena inicial, o espectador vê uma cena de roubo, e logo imagina que o desenvolvimento da história será baseado na busca pelas valiosas peças roubadas. No bloco seguinte, porém, Poirot e Hastings vão atender ao chamado de uma dama em perigo. Uma belíssima e jovem mulher com um título de nobreza que está sendo chantageada por conta de uma carta que escreveu anos atrás, e que pode ser utilizada contra ela no presente momento de sua vida, quando está prestes a se casar.

Poirot sempre se mostrou solícito para casos de chantagem, especialmente com mulheres, e não é nada inesperado o fato de ele aceitar o caso — apesar de parecer muito simples e muito “ordinário” para suas grandes faculdades mentais. Hastings, como sempre, não perde a oportunidade de se apaixonar pela cliente, e descaradamente sai elogiando a beleza de Lady Millicent (Frances Barber), enquanto Poirot tenta entender o problema dela. A trama em geraencobertar

l é leve, tanto no texto original, quanto nesta adaptação, e os atores realmente parecem estar se divertindo bastante aqui, especialmente David Suchet. No episódio, Poirot precisa fazer um tipo de busca diferente, e é muito bom ver isso representado na tela: o personagem com os bigodes remodelados, seu disfarce e a conversa com a governanta da casa, e a brincadeira que Japp (Philip Jackson) faz com ele, quando vai tirá-lo da cadeia.

A simplicidade geral da história não impede que existam momentos muito intensos em seu desenvolvimento, que se dão essencialmente pela construção dramática feita pela direção, assinada por Edward Bennett (diretor do episódio de estreia da série, A Aventura da Cozinheira de Clapham). O derradeiro encontro de Poirot com Lady Millicent é o ponto alto de tensão no episódio, já que ela não consegue disfarçar o nervosismo e a sua verdadeira intenção ao querer ficar com a “caixinha chinesa” onde estava a “carta comprometedora”. A mistura de elementos vindos de A Carta Roubada, de Poe, é uma piscadela extra que funciona bem para criar o suspense e para mostrar um caminho diferente no processo investigativo de Poirot. A correria no museu, ao final da história, não é tão interessante quanto a tensão criada na primeira parte do bloco, mas não deixa de ser divertida, fechando com a vitória da lei num processo de roubo muito inteligente que quis utilizar as células cinzentas do grande detetive para completar e acobertar um crime.

A Dama de Véu (Agatha Christie’s Poirot – 2X02: The Veiled Lady) — Reino Unido, 14 de janeiro de 1990
Direção: Edward Bennett
Roteiro: Clive Exton
Elenco: David Suchet, Philip Jackson, Hugh Fraser, Pauline Moran, Frances Barber, Terence Harvey, Carole Hayman, Tony Stephens, Don Williams, Lloyd McGuire, Peter Geddis
Duração: 50 min.

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