- Há spoilers. Leiam, aqui, as críticas dos outros episódios da série, e, aqui, todo o nosso material de Game of Thrones.
Talvez o pior episódio da temporada (às vezes de toda a série), A Rainha que Sempre Foi é um desfecho representativo do que foi o segundo ano da obra: uma narrativa claudicante que sempre faz preparações, mas nunca recompensa a audiência. Eu entendo que tem muita história pra contar, mas a sensação ao final desse episódio é agridoce, como se não tivéssemos tido um terceiro ato. Chega a ser curioso como a temporada acaba praticamente com a mesma “promessa” do ano anterior de termos o embate direto entre os pretos e os verdes.
De maneira geral, o roteiro de Sara Hess foca em dinâmicas entre os personagens, em especial com Rhaenyra. Muitos desses momentos são dramaticamente interessantes, como a conversa franca com Alicent ou o jantar com os montadores de dragões. Os diálogos, os atritos e até mesmo o humor com Ulf são bem escritos e bem atuados, inclusive com uma direção de Geeta Vasant Patel que resgata o estilo da primeira temporada de um show em Westeros mais teatral e de grandes dramalhões. Mesmo assim, porém, fica o sentimento de uma falta de conclusão para muitos desses desenvolvimentos, até porque muitos núcleos não foram bem trabalhados ao longo da temporada.
O principal exemplo é Harrenhal. É interessante sim ver Daemon finalmente realizar seu juramento, sem falar que a interação entre Matt Smith e Emma D’Arcy é excelente, mas é um momento apagado pelo terrível arco do rei consorte. Basicamente, Daemon passou a temporada inteira marinando em Harrenhal para ter um “desfecho” de arco forçado com uma visão do futuro do Rei da Noite e de Daenerys Targaryen, no que é uma trama mística tão aleatória quanto desinteressante, fazendo uma mudança de atitude do personagem que soa inorgânica.
Da mesma forma, o texto não faz justiça à Aemond como antagonista, basicamente perambulando como um garoto mimado em todo o episódio, e, apesar de divertido, não compro a maneira repentina que os roteiristas decidiram desenvolver o núcleo de Tyland Lannister. É uma das primeiras vezes na temporada que vemos uma pequena expansão da narrativa, mas com uma construção corrida, que serve mais de alívio cômico do que realmente uma manobra política intrigante. A verdade é que a produção perdeu muito tempo com situações ruins em episódios anteriores e, agora, decidiu “organizar” os lados da guerra para finalizar o ano com um “cliffhanger“.
E vamos combinar, que gancho covarde. Aquela montagem no final do episódio é um tapa na cara da audiência, como se tivéssemos visto uma temporada inteira de preparação para receber um “cenas dos próximos capítulos”. E não falo nem de uma recompensa em termos de ação com algum grande espetáculo visual, como acredito que muitos esperaram, mas de uma narrativa com recompensas dramáticas para além de uma temporada inteira que é efetivamente um ato preparativo com muitas barrigas narrativas e momentos de enrolação. Felizmente, algumas dinâmicas entre os personagens e grandes atuações, especialmente de Emma D’Arcy, deixam o episódio razoável, mas longe de ser um season finale no mínimo satisfatório, tampouco notável.
A Casa do Dragão – 2X08: A Rainha que Sempre Foi (House of The Dragon – 2X08: The Queen Who Ever Was) | EUA, 04 de agosto de 2024
Criação: Ryan J. Condal, George R. R. Martin
Direção: Geeta Vasant Patel
Roteiro: Sara Hess
Elenco: Matt Smith, Emma D’Arcy, Rhys Ifans, Steve Toussaint, Sonoya Mizuno, Fabien Frankel, Olivia Cooke, Matthew Needham, Tom Glynn-Carney, Ewan Mitchell, Phia Saban,Harry Collett, Bethany Antonia, Phoebe Campbell, Jefferson Hall, Kurt Egyiawan, Kieran Bew, Abubakar Salim, Paddy Considine
Duração: 58 min.
