- Há spoilers. Leiam, aqui, as críticas dos outros episódios da série, e, aqui, todo o nosso material de Game of Thrones.
Depois de Os Plebeus estagnar a narrativa, A Semeação Vermelha, penúltimo episódio da temporada, vem para colocar a trama nos eixos para o grande final da temporada, que promete ser um espetáculo visual com a batalha entre os dragões. Em síntese, o sétimo episódio lida diretamente com Rhaenyra tentando nivelar o poder bélico contra Vhagar, recrutando bastardos de Porto Real para tentarem dominar Vermithor, depois da surpresa com Seasmoke escolhendo Addam como seu montador. De maneira subsidiária, vemos poucas movimentações nos outros núcleos que organizam o tabuleiro para a season finale, com mais tempo dedicado à Harrenhal.
O começo do episódio com o confronto de Rhaenyra e Addam na praia, observados por seus respectivos dragões, é absolutamente lindo, talvez o shot mais belo da produção até agora. Apesar de ter minhas ressalvas pela reviravolta da guerra nascer do acaso e não de uma estratégia da Rainha Preta, os momentos envolvendo Addam são bons, envolvendo um misto de lealdade e ambição. O acontecimento também é o estopim do interessante drama sobre a mentira do sangue puro da casa Targaryen e da participação dos bastardos. O confronto entre Rhaenyra e Jace é o principal destaque dessa linha dramática, com grande atuação de ambos os atores e ótimos diálogos no roteiro eficiente de David Hancock, mas vemos algo similar com os arcos de Hugh e Ulf que traz à tona um dos principais temas desse universo, lembrando ligeiramente a grande jornada de Jon Snow.
A sequência de eventos dos bastardos sendo convocados até a chegada em frente a Vermithor é rápida, talvez até cheia de facilidades como a constante invasão de Porto Real, mas há um tom de tensão e inquietude muito bem construído por Loni Peristere. A vinda do dragão é outro shot espetacular, mesclando um senso de maravilhamento com uma sensação aterrorizante, o que se torna concreto com a carnificina que se sucede. A sequência é intencionalmente escura, enfatizando as chamas do dragão e ganhando um atmosfera quase de horror, finalizando com a excelente reivindicação de Hugh. Gostaria de ter visto mais do personagem para que o momento tivesse mais impacto, mas de maneira geral é um passo narrativo marcante. No entanto, Peristere perde um pouco do tato nas sequências com Ulf, que são quase cômicas e um tanto deslocadas, incluindo o momento ruim que ele reivindica Silverwing.
Penso, porém, que o episódio acaba sofrendo com a falta de progressão dos capítulos anteriores. Tudo que acontece aqui poderia facilmente ter se desenrolado anteriormente, ou pelo menos com uma construção mais orgânica, se aproveitando dos plebeus e dos bastardos e menos focado em momentos de pura enrolação. Como disse, o texto de Hancock é eficiente em dar destaque ao que merece, mas o episódio mostra suas fragilidades quando precisa abordar tramas e mistérios mal desenvolvidos, como os núcleos de Rhaena e Alicent, além de que pouco progride as intrigas palacianas da temporada para além da participação de Larys.
Sobre Harrenhal, tenho sentimentos mistos. Confesso que até pensei que Daemon tinha ido embora do castelo antes do episódio, então ver uma forma de “desfecho” para essa trama é gratificante, se ainda decepcionante. Tudo acabou sendo um arco para enterrar o ego de Daemon, algo melhor evidenciado pelas ações de Oscar Tully e a “conversa” com Viserys. É uma conclusão interessante, mas que tem uma trajetória ruim, cheia de desvios arrastados e pouquíssimo desenvolvimento de Riverlands para que o evento tenha melhores efeitos. De qualquer forma, entre novos montadores de dragões e o exército reunido por Daemon, a virada de jogo de Rhaenyra foi efetivada, algo exemplificado pela eufórica sequência final do episódio. No fim, A Semeação Vermelha é um bom episódio que deveria ter acontecido algumas semanas atrás, mas que organiza a narrativa para um final em que os lados da guerra devem entrar em conflito.
A Casa do Dragão – 2X07: A Semeação Vermelha (House of The Dragon – 2X07: The Red Sowing) | EUA, 28 de julho de 2024
Criação: Ryan J. Condal, George R. R. Martin
Direção: Loni Peristere
Roteiro: David Hancock
Elenco: Matt Smith, Emma D’Arcy, Rhys Ifans, Steve Toussaint, Sonoya Mizuno, Fabien Frankel, Olivia Cooke, Matthew Needham, Tom Glynn-Carney, Ewan Mitchell, Phia Saban,Harry Collett, Bethany Antonia, Phoebe Campbell, Jefferson Hall, Kurt Egyiawan, Kieran Bew, Abubakar Salim, Paddy Considine
Duração: 58 min.