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Crítica | A Casa do Dragão – 2X05: O Regente

Mau presságio.

por Kevin Rick
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  • Há spoilers. Leiam, aqui, as críticas dos outros episódios da série, e, aqui, todo o nosso material de Game of Thrones.

Depois da batalha épica em O Dragão Vermelho e o Dourado deixar a audiência eufórica com o início efetivo da Dança dos Dragões, o quinto episódio da temporada retorna à abordagem de espera e de preparações. É, sim, um balde de água fria que acaba matando um pouco do entusiasmo com os desdobramentos da guerra civil no lado da ação, mas que de certa forma é esperado considerando o passado do seriado, que normalmente segue um episódio de grande escopo com um capítulo paciente de organização narrativa. Nesse sentido, noto certas qualidades na trama política da obra, com mudanças de poder, táticas de contra-ataque e consequências do conflito da semana passada ganhando dimensão, mas também é notável a enrolação do texto de Ti Mikkel, no que acaba sendo um episódio provavelmente forjado por conta de limitações de orçamento.

O núcleo de Daemon é o principal exemplo desse problema. Tudo que acontece ali é equivocado para mim, começando pela maneira que essa linha narrativa é um desserviço para o melhor personagem da primeira temporada, nesse retrato de total incompetência do rei consorte. Talvez seja um início da derrocada do personagem em torno de sua ambição pela coroa, mas torná-lo incapaz de tomar decisões inteligentes e racionais é um desperdício imenso. Além disso, aquelas sequências oníricas já passaram da validade, aparecendo para encher linguiça e sem propósito dramático que não seja mostrar as perversões de Daemon. O tempo gasto ali poderia ser investido na expansão do conflito entre as casas Blackwood e Bracken, que é tratado como importante, mas que só recebe desenvolvimento em elipse e sem peso narrativo. Aliás, continuo sem entender a resistência da produção em mostrar mais de Westeros, com os Lannisters e os Starks ficando apenas em menções.

Os outros núcleos são mais interessantes, ainda que com diversas limitações. Em Porto Real, acho interessante como o resultado da batalha em Pouso de Gralhas ganha uma representação problemática para a moral do povo, mudando ainda mais a opinião pública dos Verdes. Como um leitor bem pontuou em outra crítica, o seriado tem intenção de dar papel ativo para a população sem face, o que pode indicar uma revolta ou no mínimo uma forma de contra-ataque de Rhaenyra, algo que ganhou camadas intrigantes com a cena da rainha tramando com Mysaria. É um indício de que a “guerra” dos sussurros e dos rumores pode ter importância, o que pode trazer substância para as superficialidades políticas da série, com um conflito secundário de Mysaria contra Strong (que desesperadamente precisa de melhores desenvolvimentos). Só espero que as invasões secretas da história sejam menos bobas, mas veremos se a subtrama da espiã enviada a Porto Real será promissora.

Também gosto do drama familiar em torno da queda de Aegon e a ascensão de Aemond. A produção continua lidando muito bem com esse aspecto, dando destaque para reações diversas tanto na sequência do rei acamado quanto do “golpe” na reunião do conselho. Ambas as cenas são bem escritas e dirigidas, seja de um lado emocional, seja da perspectiva do futuro do reino. Particularmente, o shot da reação de Alicent com Aemond dando ordens como regente é especial e apresenta algumas camadas de interpretação, passando pela diminuição de poder dos Hightower já que Aegon, apesar de violento, é mais facilmente manipulável, enquanto Aemond é verdadeiramente perigoso, bem como pelo terror das escolhas do regente, que decide fechar Porto Real. De um lado, penso que isso só acentua a unidimensionalidade do roteiro, com os Verdes mais e mais retratados como vilões, mas é um momento de impacto na história que aprecio por ser orgânico (ressalta o bloqueio de Corlys, aumenta a participação do povo, destaca a batalha política por opinião pública) e por elevar a vilania do caolho, que gradualmente tem tomado a posição de Daemon como o melhor canastrão do seriado.

Por fim, é difícil não ficar animado com a sequência de Rhaenyra e Jace borbulhando a ideia de novos montadores de dragões para equiparar o poder de Vhagar com os monstros dormindo abaixo do castelo. Infelizmente, é mais um passo para o arco de Rhaenyra como a salvadora da pátria, o que mina a ambiguidade característica desse universo, mas essa decisão pode ter efeitos práticos muito bons, seja do ponto de vista narrativo como uma nova manobra militar e como expansão para novos personagens (olhando para o bastardo Ulf White), seja da pura diversão visual que teremos com mais dragões e mais batalhas. É um desfecho que promete, razão pela qual ainda mantenho esperança de que a série pode almejar um nível de qualidade mais consistente, mesmo que O Regente não seja um episódio especial, esticando muita coisa sem necessidade e apresentando muitas cenas dispensáveis (olhando principalmente para Harrenhal). Mas ei, aqueles efeitos especiais do episódio anterior e possivelmente dos próximos não existem sem essa economia.

A Casa do Dragão – 2X05: O Regente (House of The Dragon – 2X05: Regent) | EUA, 14 de julho de 2024
Criação: 
Ryan J. Condal, George R. R. Martin
Direção: Clare Kilner
Roteiro: Ti Mikkel
Elenco: Matt Smith, Emma D’Arcy, Rhys Ifans, Steve Toussaint, Sonoya Mizuno, Fabien Frankel, Olivia Cooke, Matthew Needham, Tom Glynn-Carney, Ewan Mitchell, Phia Saban,Harry Collett, Bethany Antonia, Phoebe Campbell, Jefferson Hall, Kurt Egyiawan, Kieran Bew, Abubakar Salim
Duração: 58 min.

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