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Crítica | A Casa do Dragão – 2X01: Um Filho por Um Filho

Um castelo cheio de ratos.

por Kevin Rick
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  • Há spoilers. Leiam, aqui, as críticas dos outros episódios da série, e, aqui, todo o nosso material de Game of Thrones.

Mais de um ano após o desfecho de A Rainha Preta, retornamos para Westeros com um início de segunda temporada bastante comum: organização de tabuleiro. A guerra é iminente, o fogo vai arder e dragões irão morrer, mas em um começo atípico para A Casa do Dragão, o roteiro de Ryan J. Condal tenta resgatar as tramoias políticas que fizeram o sucesso de Game Of Thrones, em que líderes, monarquias e monstros caíram pelas ações de ratos escondidos pela história, como Mindinho e Lorde Varys. Eu já havia perdido o interesse nesse lado narrativo da produção, mas Um Filho por Um Filho reacende uma pequena chama de expectativa. A frase de Helaena e as diversas cenas de ratos podem fazer com que a metáfora/simbologia do episódio soe óbvia, mas pode ser o indicativo de algo diferente.

Afinal, não é segredo para ninguém que o spin-off de GoT é mais dramalhão do que fantasia política, sendo que nem digo isso completamente como algo pejorativo. Ao longo da primeira temporada, elogiei bastante o tom de drama familiar com camadas de tramas palacianas e direção teatral que percorrem o derivado, mas obviamente que melodrama só te leva a um certo patamar. A estreia da segunda temporada parecer querer ensaiar uma narrativa mais inteligente, apesar de ainda tropeçar em alguns personagens sem personalidade (olhando para você Otto Hightower), diálogos nem sempre inspirados (como a interação óbvia entre Larys Strong e Aegon II) e algumas ações que soam muito fáceis (como o assassinato ao final do episódio, mas mais dele à frente).

É notável, porém, como o texto do episódio é paciente. Não ter que lidar com saltos temporais beneficia o andamento da história e a ginástica entre núcleos, com mais tempo dedicado para desenvolver os esquemas e as traições sem tudo parecer corrido. Praticamente todos os personagens importantes ganham espaço, com muitas indicações dos conflitos e arcos que veremos no ano. Há também sugestões de uma temporada mais expansiva, com participações de outras casas, incluindo os Starks, no que é uma guerra inevitável. Ironicamente, grande porção do episódio nos apresenta personagens buscando alternativas diferentes da violência, ao passo que, como citei na crítica do episódio final do ano de estreia, Rhaenyra e Alicent vão ser obrigadas a batalhar por conta das escolhas de outros.

A rainha aparece pouco no episódio, mas sua presença é sentida na grande maioria das interações, já que sua reação à morte de Lucerys irá determinar o rumo do mundo. Gosto da atuação de Emma D’Arcy aqui, caminhando entre melancolia e raiva. Penso que A Casa do Dragão ainda carece de um certo peso dramático, muito por conta dos personagens soarem como versões menos interessantes de GoT, mas a atriz tem me conquistado e me passado emoção desde a temporada passada. Matt Smith me diverte às vezes com sua canastrice e Eve Best tem uma postura que chama a atenção, mas é D’Arcy que continua roubando a cena.

Inclusive cheguei a criticar algumas vezes esse encaminhamento narrativo de torná-la a grande queridinha do público, com os verdes retratados como antagonistas, mas o acontecimento final do episódio parece indicar que maniqueísmo está fora da mesa e que teremos uma guerra suja, não apenas com efeitos especiais de dragões (o que é sempre divertido!), mas também com uma narrativa de bastidores com substância. A vingança de Rhaenyra é tão terrível quanto intrigante para os desdobramentos da história. Não gosto da facilidade com que os assassinos chegam ao quarto da rainha e do príncipe, mas a direção tem um bom nível de suspense e lida com destreza a morte de Jaehaerys, sem algo necessariamente gráfico, em que apenas o som de uma criança sendo decapitada é precisamente grotesco.

Um Filho por Um Filho ainda está engatinhando em termos políticos, mas é um bom episódio de organização da história geral, dos lados da guerra e de contextualização da temporada passada. O desfecho brutal é o momento de maior impacto do episódio, mas penso que as conspirações e as traições são o verdadeiro destaque. A morte do príncipe pode levar o próximo episódio de 8 a 80 bem rápido, mas espero que os roteiristas mantenham esse tom paciente, com uma direção que mescla a abordagem teatral dos dramas familiares (dessa vez com melhor iluminação), a ansiedade e o interesse com o jogo de politicagem, e, claro, o lado épico com grandes paisagens, batalhas e criaturas fantasiosas. Talvez tenhamos uma temporada mais equilibrada, ou assim espero.

A Casa do Dragão – 2X01: Um Filho por Um Filho (House of The Dragon – 2X01: A Son for a Son) | EUA, 16 de junho de 2024
Criação: 
Ryan J. Condal, George R. R. Martin
Direção: Alan Taylor
Roteiro: Ryan J. Condal
Elenco: Matt Smith, Emma D’Arcy, Rhys Ifans, Steve Toussaint, Eve Best, Sonoya Mizuno, Fabien Frankel, Olivia Cooke, Matthew Needham, Tom Glynn-Carney, Ewan Mitchell, Phia Saban,Harry Collett, Bethany Antonia, Phoebe Campbell, Jefferson Hall, Kurt Egyiawan, Kieran Bew, Abubakar Salim
Duração: 59 min.

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