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Crítica | 7etenta e 5inco

Jogando com a mesmice.

por Felipe Oliveira
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Mesmo após o choque criativo provocado com Pânico (1996), o slasher conseguiu encontrar uma fase interessante no início dos anos 2000 com a era dos remakes, fase essa que, tanto esteticamente como forma de revitalizar alguns títulos, traziam uma abordagem refrescante até para os fãs mais exigentes. Enquanto essa remodelagem ia esfriando, outros subgêneros assumiram o espaço e atenção do público, como no caso do found footage e do torture porn.  Em 2007, as produções de cunho sobrenatural estavam em alta, o que não impedia de recorrer a outros formatos e narrativas.  No caso de 7etenta e 5inco, tentava apelar para o slasher, numa trama pouco inspirada e perdida ao executar uma fórmula prestigiada.

Dez anos depois que uma terrível noite de massacre aconteceu, de repente os sobreviventes começam a ser caçados um a um. Um final de semana com drogas, bebidas, sexo, estupidez e trotes telefônicos pareciam ser os elementos perfeitos para garantir a diversão dos jovens, até que o grande casarão que se encontravam se tornou palco de um violento assassino munido com um machado e motivações misteriosas.

Iniciando de um jeito brutal, tudo indicava que a abertura tão sangrenta seria ideal para compreendermos os eventos atuais. Considerando o mistério por trás de toda a matança, 7etenta e 5inco foi apresentando um dos pontos mais fracos de sua narrativa: manter a curiosidade para o que se sucedia. O problema foi a falta de engajamento para dar um pouco de cadência, mas apesar do passado voltar para um acerto de contas, o roteiro não estava disposto a contar sua história sem parecer medíocre. Se de um lado as peças do quebra-cabeça coincidentemente se formavam, do outro, parecia que tudo gritava a necessidade de ser um filme genérico, o que mais uma vez influenciou negativamente na aura de suspense que o filme pretendia passar. Dividido entre esses dois pontos, o objetivo era que o enredo se tratasse de um precursor afiado (ainda que trivial) sustentando um suspense que logo iria explodir com um plot twist. De boas intenções não passou.

Ao querer resgatar os elementos na linha Eu Sei o que Vocês Fizeram no Verão Passado, Dead Tone manteve por muito tempo o vilão no escuro enquanto tentava formar o seu campo de ação: uma festa. Mas bem, entre o primeiro e segundo ato do longa, Brian Hooks e Deon Taylor queriam manifestar a doses lentas um slasher que bebia bastante da conhecida fórmula. Então, o jogo perigoso que envolvia realizar um trote e segurar a vítima por até um minuto e quinze segundos (o que nomeia o filme) que culminou no crime brutal na abertura, era dos momentos mais esperados e de entretenimento para a noitada, só que a motivação por trás da antiga tragédia seguia uma trilha de vingança que precisava fazer sentido nesse cenário que apontava para o ápice do filme. E com todos os furos e exageros, a dupla conseguiu reproduzir os tropos do subgênero numa trama sobre um jogo que possibilitaria as peças principais: motivo, vingança e revelações.

Contando ao que tinha para entregar como um slasher, o longa provou não ser um total desperdício, somando um misto de alívio cômico que definia o estilo imprevisível e contagiante do killer. que partindo de um humor involuntário, o encapuzado — bem parecido com o visual usado no filme Lenda Urbana —, surpreendia pelo jeito desesperado, brutal e violento que se dirigia contra quem que estivesse em seu caminho — e nisso, 7ententa e 5inco explorou o que tinha de melhor, porém, se apresentou muita tarde em prol da suposta composição de suspense.

Por mais que tenha ao menos entregado sequências exageradas e dignas para a proposta, não foi o suficiente para amenizar o pessimismo acompanhado de personagens mal escritos que nem ao menos sobressaíram do contexto machista, e apenas foram objetos do que a previsibilidade pedia. Mas nada se comparou ao golpe baixo do elenco sem carisma, belos, caricatos e pouco talentosos. Com certeza, para o gran finale funcionar precisaria do apoio dos mesmos, mas envolto num movimento corriqueiro para fazer revelações, a direção optou por poupar takes e orçamentos para entregar o desfecho que parecia épico, mas que só serviu para comprovar o nível de ruindade da produção.

Longe das alegorias de Michael e Myers e Freddy Kruger, Hooks e Taylor quiseram fazer de 7etenta e 5inco um típico misto de slasher e whodunnit que seria divertido montar o quebra-cabeça e desvendar o mistério brutal de vingança por causa de um jogo estúpido. Ares de O Massacre da Serra Elétrica ali, Lenda Urbana aqui, em sua abordagem anticlimática em 2007, Dead Tone apresentava sua história caricata, cheia de semelhanças com títulos do subgênero ou com péssimas homenagens, mas que no fim trazia uma lição ao falar sobre trotes: nunca, de maneira nenhuma, quando a ameaça bater, apague as luzes para atender a porta.

7etenta e 5inco (Dead Tone / 7eventy 5ive, EUA, 2007)
Direção: Brian Hooks, Deon Taylor
Roteiro:  Brian Hooks, Deon Taylor
Elenco: Antwon Tanner, Brian Hooks, Wil Horneff, Jud Taylor, Aimee Garcia
Duração: 98 minutos

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