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Crítica | “7800° Fahrenheit” – Bon Jovi

por Iann Jeliel
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7800° Fahrenheit

Young and wired 7800° Fahrenheit
Set to explode in the heat
You won’t tire
Cause baby was born with the beat

Retomo alguns argumentos utilizados na crítica em defesa do primeiro álbum da carreira de Bon Jovi, o autointitulado, junto a esse segundo 7800° Fahrenheit, que tangem ao início quente e irresponsável de uma das melhores bandas da história do rock. A estilística entre os dois não se difere tanto, consta no exercício essencialmente baladeiro, com hits sintetizadores oitentistas, que carregavam uma romantização contagiante pertencente a aquela época. Um controle calculado do melódico, capaz de reiterar os espaços entre refrões sonoplásticos grudentos sem torná-los repetitivos de modo cansativo.

In and Out of Love é o maior exemplo disso, a canção é basicamente seu título, mas não deixa de ser estimulante aos ouvidos, pela diegese muito bem trabalhada de refrão, efeitos sonoros e solos de guitarra do lendário Riche Sambora. As demais músicas seguiram essa rebuscagem carregada de variações do timbre, visando não perder o fôlego rítmico, ponto em que esse álbum consegue evoluir em relação ao anterior, principalmente pela maior variação temática, romantizando também cenários, anseios particulares, fora da simples idealização de casos amorosos. Acho curioso, que muita das letras possuem um duplo sentido sexual mais evidente, além de um pretexto comumente narcisista do eu-lírico, um pressuposto comum de bandas que começam a fazer muito sucesso e no álbum seguinte levantam o ego nas letras que dialogam com a consequência do sucesso.

Embora, dentro da lógica de sobreposição dos títulos como monte da narrativa do álbum, a criatividade letrista de Jovi e Sambora nesse caso é inegavelmente um pouco confortável, resumida à calorosidade das situações narradas. Não à toa, membros da banda já declararam abertamente não gostar tanto assim dessa sua criação. De fato, em termos comparativos, o anterior possuía uma identidade mais bem estabelecida, embora analisando individualmente as músicas, ainda tem ótimos e regulares resultados. Minhas canções favoritas, fora o principal hit são: The Hardest Part Is the Night, que introduziria um pouco da pegada urbana futura da banda no instrumental, além de uma das suas letras mais virtuosas; King of the Mountain, talvez a melhor canção ao dosar espaços vazios de respiros entre os riffs – “I… King of the Mountain… I… King of the Hill…” –; Secret Dreams, por conta do tecladinho de fundo maravilhoso do David Bryan a dar a climática necessária ao refrão e a contestada (I Don’t Wanna Fall) To The Fire, que adoro pelas mesmas características mencionadas ao restante do álbum.

As demais, não que eu desgoste, mas tenho alguns problemas variados entre elas. A favorita de muitos por exemplo, Only Lonely, penso como uma das músicas românticas mais datadas e água com açúcar da trajetória da banda, com uma rítmica constantemente travada, ao invés de bem pausada, fora que melosa em demasia para o instrumental adotado. Outra bastante elogiada é Tokyo Road, que de fato, pela introdução e lírica, possui o teor mais hard rock do álbum, empolgante em alguns momentos, mas que parece não encaixar tanto com a estilística unitária do todo pensando nas pausas abruptas de vocal entre as estrofes. The Price of Love e Silent Night possuem ótimas letras e rítmicas, mas o refrão deixa um pouco a desejar, não tem o caráter grudento das anteriores. Always Run To You também não chega a ser ruim, mas é genérica demais, sem identidade e esquecível.

Como dito, assim como o primeiro, 7800° Fahrenheit é um disco subestimado, repetitivamente mais viciante, literalmente incendiário com seus refrões memoráveis, constância rítmica misturada entre efeitos e repetições dançantes e joviais. A própria banda que não gosta tanto do trabalho que me desculpe, mas é inegável que ele foi um passo essencial na maturação do futuro ícone do rock que se tornariam definitivamente, a partir de seu próximo álbum.

Aumenta!: In and Out of Love, The Hardest Part Is the Night, Secret Dreams
Diminui!: Always Run To You
Minha Canção Favorita do Album!: Secret Dreams

7800° Fahrenheit
Artista: Bon Jovi
País: EUA
Lançamento: 27 de março de 1985
Gravadora: Mercury Records, Vertigo Records
Estilo: Rock, Hard Rock, Glam Metal

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