Home FilmesCríticasCatálogos Crítica | 60 Segundos (2000)

Crítica | 60 Segundos (2000)

117 minutos de tédio.

por Kevin Rick
4,2K views

60 Segundos é um filme tão estranho. A obra bebe de resquícios dos filmes energéticos dos anos 90 e a mania com carros velozes e perseguições de ruas da primeira metade dos anos 2000 – não à toa, a produção tem muitas semelhanças com os primeiros longas da franquia Velozes e Furiosos. Logo, estamos diante de uma obra dramaticamente superficial com intuito de dar à audiência uma experiência de corridas e adrenalina, mas o filme parece querer rejeitar qualquer semblante de diversão. Produzido por Jerry Bruckheimer e estrelado por Nicolas Cage, o longa tinha o potencial de repetir o sucesso que a dupla teve em A Rocha Con Air – A Rota da Fuga, mas 60 Segundos é puro tédio.

A premissa não poderia ser mais batida: o reformado ladrão de carros Randall “Memphis” Raines (Cage) precisa voltar ao mundo do crime quando seu irmão mais novo se envolve numa dívida com um perigoso gângster britânico. Para salvar seu irmão da morte, Memphis aceita a tarefa praticamente impossível de roubar cinquenta carros em três dias. Não tenho muitos problemas com a composição genérica da história, até porque o início da narrativa passa rapidamente por contextualizações que não importam para entrar no cenário de Memphis juntando sua equipe para tentar realizar o roubo insano. Os principais problemas de 60 Segundos começam a partir desse ponto.

De início, a narrativa demora bastante para reunir o grupo de Memphis. Os momentos de recrutamento do protagonista são demorados e totalmente desinteressantes, sendo que o elenco ao seu redor dispõe de pouco carisma e química – mais culpa do roteiro e dos diálogos do que dos atores, considerando que temos figurões como Robert DuVall e Angelina Jolie participando da obra. A situação fica ainda mais estranha quando o plano entra em ação, porque 60 Segundos acaba sendo menos um blockbuster de corridas e mais um filme super básico de heist (assalto). Seria até interessante misturar as duas linguagens, talvez enveredar a história para algo como Onze Homens e um Segredo, mas nem o texto e nem a direção tem criatividade para as sequências de roubos (a não ser que o espectador adore ver ligações diretas e personagens abrindo portas de carros de diferentes maneiras).

Chega a ser cômico a pobreza de imaginação do longa nesses blocos, dispondo de coisas como uma pessoa distraindo um guarda das câmeras de vigilância ou então o assalto de um veículo que tinha uma cobra dentro. A história até tenta imprimir humor ao dividir o grupo durante os roubos, mas falta qualquer senso de malandragem e recreação nos segmentos curtos e chatinhos, além de que pouco vemos dos personagens e de suas dinâmicas para existir qualquer relação carismática. O destaque negativo fica com o tempo de tela de Angelina Jolie, em tese a coadjuvante do filme, mas que aparece em momentos tão esparsos na história que por muitas vezes esqueci da sua personagem. Se não fosse o bastante, o roteiro impõe um certo tratamento sério e dramático em torno da relação dos irmãos e o blá blá blá do “crime não compensa” que, claro, não combina e não tem qualquer efeito neste tipo de proposta.

No entanto, a maior bizarrice de 60 Segundos está na sua falta de set-pieces e momentos de ação – confesso não entender como a produção custou 100 milhões de dólares, considerando quão pouco vemos de energia cinética e explosões características dos longas produzidos por Bruckheimer. Até temos perseguições de carro aqui e ali, mas o cineasta Dominic Sena é pouco engenhoso com a câmera e as sequências acabam muito rápidas para termos qualquer sentimento de adrenalina. A grande exceção é uma longa perseguição de carro no ato final (será que o orçamento ficou todo aqui?), que é até legalzinha considerando tudo, mas que não compensa a morte lenta da narrativa. O desfecho da obra com lutinhas mal coreografadas do protagonista contra o vilão raso e maniqueísta da história é a perfeita conclusão anticlimática para um dos piores filmes de ação de Nicolas Cage. Talvez o filme se chame “60 Segundos” porque essa é a quantidade de tempo de adrenalina que sentimos nas suas duas horas tediosas.

60 Segundos (Gone in 60 Seconds) – EUA, 2000
Direção: Dominic Sena
Roteiro: Scott Rosenberg
Elenco: Nicolas Cage, Angelina Jolie, Giovanni Ribisi, Delroy Lindo, Will Patton, Christopher Eccleston, Chi McBride, Robert Duvall
Duração: 118 min.

Você Também pode curtir

Este site usa cookies para melhorar sua experiência. Presumimos que esteja de acordo com a prática, mas você poderá eleger não permitir esse uso. Aceito Leia Mais