Hoje, Papai Lulu ensinar-vos-á sobre mimo e birra, meus filhos.
Capítulo 1: O Choro Pode Durar Uma Noite…
Vivemos em tempos onde estamos cercados por seres desgastantes, especializados em transformar qualquer espaço em um reality show sobre reclamar por que as coisas não estão do seu gosto; sobre fechar a cara porque descobriu que a Terra não gira em torno do seu umbigo; e sobre pedir e pedir, até que se lhe dê alguma coisa. Tenho algumas experiências lidando com indivíduos assim, e estou certo de que posso ajudá-los a enfrentar tais provações. Para isto, convido-vos a acompanhar um estudo de caso. Chamarei de “A Ascensão de Kevin e Seu Reinado de Lágrimas”.
Você poderá trocar qualquer nome exemplificado deste Café com Papai Lulu por semelhantes. Exemplos: “Enzo”, “Karen” e outras personas-alcunha correlatas!
Se vocês ainda não conhecem o Kevin, posso dizer que ele foi um vendedor de cogumelos que o Templo Plano da Sétima Crítica resgatou das garras do Ini:Migo e trouxe para o seio da sanidade. Aqui, porém, ele se tornou a encarnação do “querer é poder“, deixando todos os adultos prestes a perder o réu primário. Dono de um bico que desafia as leis da física, Kevin especializou-se em se fazer de vítima, de desentendido, de injustiçado, de sobrecarregado. Ele se joga no chão toda vez que não tem o que quer, e já chegou a fazer ofertas escabrosas para mim e para Ritter Fan, com a condição de analisarmos o desenho favorito dele: Meu Lindo Cavalinho Filosófico. Uso este exemplo para que vocês entendam o tipo de pessoa com quem podem estar lidando. Portanto, toda vez que algum chorão te identificar como alvo, aconselho que comece a acenar para alguém ao longe, no horizonte. A pessoa vai se ajoelhar no chão, então jogue óleo ou chiclete, para sujar toda a roupa. Ela vai gritar “eu te odeio!”, então você grita de volta: “eu escarrei na sua comida!”. Sejam firmes, pois o Ini:Migo é muito articulado, e se você deixar, a tal “fase passageira” vai durar até o mimado gastar toda a herança em terapia…
VOCÊ SABIA? Todas as manhãs, enquanto toma um café, pode-se treinar diferentes intensidades de beliscões!
.
Capítulo 2: Celacanto Provoca Maremoto
Aqui, estamos em outro patamar. Quero educá-los na arte de ignorar um Kevin qualquer em suas vidas. Pode ser seu esposo, sua filha, primo, aluna, colega de trabalho ou um desconhecido querendo o seu assento no avião. Admoesto-vos que tal decisão exige a frieza de um agente secreto e a criatividade de um roteirista de novela, mas confio em vossa perseverança e capacidade de improviso! Deixo, aqui, 5 dicas luminosas. Sigam com cuidado e responsabilidade.
1 – Técnica do “Olhar Através“ [variação do conselho que vos dei no capítulo anterior]: finja que a pessoa dando um showzinho é um fantasma. Começou a levantar o tom de voz? Sorria para as câmeras de segurança e murmure: “Ah, o vento está forte hoje…“.
2 – Psicologia Reversa do Caos: Diga “Grita mais, Kevin! Assim o Papai Noel vai te dar mais presentes!“.
A pessoa mimadinha vai continuar chorando, claro, mas você terá a satisfação de, em poucos segundos, ver a lógica dela colapsar.
3 – Distração com Shaming Sutil: Aponte para um adolescente de fone de ouvido e sussurre: “Viu, Kevin? Esse aí já superou a fase de birra… Tenta acompanhar“!
4 – Ameaça de Exposição Viral: “Continua assim que eu começo a filmar e posto no TikTok!”, ou ainda: “Você sabe que eu tenho prints de tudo isso, né?“.
5 – Último Recurso: Ofereça um pacote de “balas de 5 segundos de silêncio“. Se não tiver, jogue um pirulito no chão e grite “CORRE, É DE GRAÇA!“.
Deus está escrevendo a sua vida, é claro. E ele faz tudo certo, obviamente. Mas não se esqueça de que a sua vida são as “linhas tortas” das quais diz o ditado.
.
Capítulo 3: Enzificação Karenificada dos Comportamentos
Neste capítulo, fiéis leitores, farei uma denúncia. Ela servirá de análise cuidadosa para todos os que ainda acham que mimadinhos e mimadinhas são apenas pessoas que gostam de fazer pequenos espetáculos de birra. Não, não, não. Essas pessoas vão verdadeiras manipuladoras e adoram uma plateia! Portanto, atentai, ó, filhos, para este relato verídico.
Por trás da carinha de coitado, Kevin é um estrategista: ele acha que, após o show público (como escrever um editorial cheio de mentiras, por exemplo), ainda tem o direito de dar patadas em quem ousa lhe impor limites. Recusa-se a comer legumes porque “brócolis é opressão vegetal“. Quebra o tablet e culpa o cachorro e o gato. E quando é chamado à atenção, seu rosto vira um meme de “como ousam?“, seguido de um discurso cheio de baba, lágrimas, suor e catarro verde sobre “direitos das crianças” — que ele aprendeu vendo desenhos entre um ataque de birra e outro. O segredo, aqui, é lembrar que Kevin não é criança: é apenas um mimadinho que veste a pele de CEO de startup falida: sempre está certo e nunca é responsável por nada.
Você poderá ter um pouco de paz desses indivíduos se começar a falar sobre coisas de pessoas adultas, como os melhores remédios para torcicolos inexplicáveis que duram 35 dias.
.
Capítulo 4: No Abismo, com Hashtags
A pergunta que não quer calar: o que será dessa geração criada entre birras e likes? Preparem-se para um futuro onde os KevEnzos da vida serão influencers ensinando “como ter tudo sem fazer nada” (calma, isso é Bilionarismo 101, não é? Acho que me confundi, meus filhos, perdoem-me); políticos defendendo “direitos aos berros“, e coaches de autoajuda especializados em “culpar os pais por traumas de infância — mesmo que você tenha mais de 40 anos“. Enquanto isso, nós, sobreviventes, seremos os avós que contarão histórias iniciadas com “no meu tempo era diferente…“. Mas não vos aflijas, ó, filhos meus. Se tudo der errado, sempre restará o consolo de que os KevEnzo, um dia, terão filhos. E aí o carma lhes servirá um café da pior torra, sem açúcar e com direito a muito pó no fundo da xícara. Deixem estar…
Vendo, pois, a jumenta, o anjo do Senhor, encostou-se contra a parede, e apertou contra a parede o pé de Balaão; por isso tornou a espancá-la.
Números 22:25
Meus ensinamentos de hoje terminaram, meus filhos. Até o próximo café com Papai Lulu!