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Crítica | Batman: Morte em Família

por Erik Blaz
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Prepare-se para levar uma bela surra Robin! E não se esqueça… Isso vai doer mais em você do que em mim!

-Coringa

  • spoilers para aqueles que ainda não leram esta obra.

Se o senhor leitor é um pouco fã de Batman, deve saber que, na longa carreira de super-herói do morcegão, já se passaram vários passarinhos, digo, Robins.

Mas, no finalzinho da década de 80, o manto do garoto prodígio estava nas mãos de Jason Todd e havia um problema: os fãs do Homem Morcego não suportavam o moleque! Jason era rebelde, inconsequente e pior… incontrolável e isso começou a irritar muita gente! Então, a casa das ideais (DC Comics) resolveu acabar com o problema permitindo que os leitores da época pudessem ligar literalmente para ela e darem seu veredito. A sentença? Morte!

Mas, para isso, não bastava simplesmente matar o garotinho sem mais nem menos. Então, escalaram Jim Starlin, famoso por criar o vilão Thanos para Marvel e por ser a cabeça por trás de obras cósmicas, como Odisseia Cósmica e Desafio Infinito. Bem diferente do que estava acostumado a fazer, ele foi responsável por criar a história enquanto o falecido artista Jim Aparo que trabalhou na série Renegados (que você pode saber mais aqui) respondia pela arte.

Indo direto ao ponto, vamos ao roteiro de Starlin que começa ameno, mostrando como o temperamental Robin II não servia para ser a dupla de Batman. Mas os ares começam a mudar quando o roteirista coloca um objetivo para levar o novo garoto prodígio para os braços da morte. Resumidamente, Jason Todd descobre que sua mãe biológica ainda está viva, porém, fora do país e, enquanto isso, o nosso querido vilão Coringa foge de Arkham e dos Estados Unidos. O que de fato faz crescer esta obra exponencialmente são as referências da época utilizadas para compor a história.

O vilão possuía uma arma nuclear em mãos (um pouco difícil até para o Palhaço do Crime), todavia, isso representava a preocupação do país com este tipo de contrabando de armamento. Outro aspecto são as referências explícitas aos problemas envolvendo terrorismo vindo do Irã e às políticas econômicas implantadas pelo presidente Ronald Reagan.

Essa realmente doeu!

Indo próximo ao desfecho da história (que realmente é o ponto alto), a tensão e a violência aplicadas na obra se aproximam de um conto de Alan Moore muito conhecido, chamado A Piada Mortal. Robin enfim encontra sua mãe biológica que o entrega ao Coringa. Em seguida, ele é espancado pelo Palhaço do Crime com um pé de cabra. Após toda a tortura, o vilão ainda explode o local onde está o garoto prodígio junto com sua mãe. Realmente Starlin consegue mexer com o sentimento do fã que lê a obra e também mostra a relação de Superman com o governo que supostamente fora retirado do conto O Cavaleiro das Trevas, escrito pelo celebre Frank Miller.

Com tantas referências, comparações e uma violência acima da média, Starlin acerta na maioria da narrativa deixando alguns poucos detalhes atrapalharem a obra. Até mesmo a linha tênue que separa o herói do anti-herói parece quase se romper e, durante o fim da trama, o roteirista deixa evidente a possibilidade do vilão saber a identidade do herói. De certa forma, é um final gratificante, mas que deixa todo fã pensando: “O herói finalmente daria um fim ao vilão”. Se o leitor não entendeu por não ter lido a HQ, recomendo então que leia e tire suas conclusões. A aproximação com a realidade vivida no fim da década de 80 se misturando com a tragédia do pupilo de Batman torna esta história um clássico.

Sobre a arte de Aparo, ela é limpa e sem muitos detalhes. Seu trabalho é bem visto nas feições e personagens deixando o cenário um pouco de lado. Mas isso não atrapalha nem de longe o entendimento do roteiro que fica bem claro nas mãos de Jim Starlin.

Batman: Morte em Família
(Batman: A Death in the Family #426-429, EUA, 1988 )
Roteiro: Jim Starlin
Arte: Jim Aparo
Arte-Final: Mike DeCarlo
Capa: Mike Mignola
Editora: DC Comics
Editora no Brasil: Abril Jovem
Páginas: 125

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