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Crítica | The Walking Dead – Vol. 6: Vida de Agonia

por Guilherme Coral
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estrelas 4

Aviso: contém spoilers

O pesadelo em Woodbury continua com Kirkman mostrando a verdadeira natureza da raça humana no pós-apocalipse. Com sua narrativa ágil o autor consegue manter a tensão na pequena cidade como uma constante do início ao fim do volume. Essa relativa pressa, porém, acaba prejudicando o enfoque humano da obra. Não há bem e mal em The Walking Dead, tudo é trabalhado em tons de cinza, fugindo do maniqueísmo muito presente em produtos do mesmo estilo – aqui, contudo, Woodbury é explorada quase que unicamente como um local de terror, do qual as pessoas “boas” querem simplesmente sair. Evidentemente a questão da ignorância por parte da maioria dos moradores sob proteção do Governador é abordada, mas não podemos deixar de sentir falta de uma abordagem mais profunda na questão. Ao invés disso, Kirkman foca unicamente na fuga do protagonista e seus amigos.

twd-6-imagemEsse deslize não quer dizer que a obra seja necessariamente ruim ou regular, o padrão de qualidade se mantém sim, mas aqui, diferente da maioria dos volumes, deixa um gosto de quero mais, do que poderia ter sido. Ainda veremos mais da cidadezinha futuramente, mas um enfoque maior nela somente ajudaria a crescer a tensão e a sensação de desamparo sentida pelo leitor ao ver os personagens centrais praticamente impotentes. Curiosamente, mesmo após escaparem do cárcere e voltarem para a prisão, nossa mente não escapa de Woodbury, ela permanece como uma ameaça constante e sabemos que muito mais está por vir, especialmente após a tortura do Governador, certamente um dos pontos da obra na qual a violência é mais explícita, representando perfeitamente a agonia de Michonne depois de todo seu sofrimento nas mãos do psicótico vilão.

Kirkman ainda sabe empregar precisamente algumas elipses para não cair na repetitividade. A chegada de Rick na prisão infestada de zumbis, por mais que seja resolvida rapidamente, traz um pequeno susto ao leitor e o autor sabe que não deve perder muito tempo na situação, servindo como uma pequena brincadeira do roteiro, que aparentava, até então, ter chegado em um ponto de maior tranquilidade – a mensagem é passada: não podemos parar para respirar em The Walking Dead.

A arte de Adlard e Rathburn, já bastante amadurecidos no traçado, perfeitamente simboliza isso através de um uso maior do preto, tornando cada quadro um tanto mais escuro, mostrando a queda vertiginosa à caminho da desolação, já nos oferecendo um vislumbre do que veremos a seguir. Acima disso, os personagens em si passam a tomar decisões, realizar ações mais radicais – a facilidade com que Rick mata Martinez, por exemplo, contrasta maravilhosamente bem com aquele policial recentemente acordado de um coma que vimos em Dias Passados. O mesmo vale para quase todos os personagens.

Por mais que Woodbury tenha sido sub-explorada até então, não nos oferecendo poucos detalhes que garantam sua profundidade, o volume seis de The Walking DeadDias de Agonia, mantém o padrão de qualidade que esperamos da obra de Robert Kirkman. O arco da prisão continua nos deixando cada vez mais inquietos, duvidando de qualquer tranquila resolução para ele. E agora, se ele sobreviver, teremos um vilão psicótico com uma gigantesca sede de vingança.

The Walking Dead – Vol. 6: Vida de Agonia (The Walking Dead – Vol. 6: This Sorrowful Life)
Contendo:
The Walking Dead # 31 a 36
Roteiro:
 
Robert Kirkman
Arte: 
Charlie Adlard
Arte-final: 
Cliff Rathburn
Capas:
Tony Moore
Letras:
Robert Kirkman
Editora nos EUA:
Image Comics
Data original de publicação: 
setembro de 2006 a março de 2007
Editora no Brasil:
HQM
Data original de publicação no Brasil:
outubro de 2011 (encadernado)
Páginas: 
148

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