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Crítica | Pegando Fogo

por Gisele Santos
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Bradley Cooper está na crista da onda. Depois dos repetidos sucessos de Se Beber, Não Case e as indicações ao Oscar por O Lado Bom da Vida e Trapaça o ator de 40 anos está vivendo seu melhor momento. Realmente não entendo o que leva críticos e diretores a acharem Cooper esse grande ator de sua geração, mas confesso que há nele um diferencial, talvez pela sua beleza clássica ou ainda pelo olhar certeiro que dispara em quase todos os personagens que interpreta.

Talvez esse diferencial não tenha sido suficiente para Cooper assumir o papel principal em Pegando Fogo, drama gastronômico dirigido por John Wells (Álbum de Família), e por muitos momentos o ator não dê conta de assumir essa responsabilidade. Ou talvez as limitações de Cooper como ator tenham se somado a um roteiro raso e previsível e uma direção automática demais, o que resultou em um filme que se vende como um prato de 3 estrelas Michelin e entrega mais um sobremesa bem açucarada, mas que ainda assim vai agradar àqueles de paladares pouco exigentes.

Lógico que quase toda a trama se passa na cozinha. Por isso, fãs de reality shows culinários, que cada vez fazem mais sucesso no Brasil, curtirão boa parte da trama. Adam Jones, uma espécie de Jamie Oliver só que mais soturno, viciado e sempre metido em alguma confusão, passa anos em Paris em um dos restaurantes mais conceituados da cidade. Só que os vícios e os excessos fazem com que ele ferre a vida de muita gente, e a sua própria, e vê sua carreira desandar totalmente. Depois de um período de penitência (quando ele decide abrir nada menos que 1 milhão de ostras! Oi?) ele viaja a Londres para reencontrar um antigo amigo e colega, Tony (Daniel Brühl), que gerencia um importante restaurante onde Jones irá assumir as panelas e contratar um time afiado de chefs.

O filme tem muitos problemas, como citei acima. Vamos pelo primeiro deles: o roteiro. Steve Knight opta por uma trama linear com poucos momentos de virada realmente impactantes para o espectador. Tirando uma boa sacada, que envolve vingança e uma estrela do prestigiado Guia Michelin, o roteiro traz poucas surpresas e acaba tornando toda a experiência muito insossa.

O elenco também acaba se tornando um problema. Apesar de constar grandes nomes como Brühl (que por sinal se submete a uma cena muito desnecessária no filme, na minha opinião), Sienna Miller, Emma Thompson, Omar Sy, Uma Thurman e Mathew Rhys, o filme não tem a capacidade de tirar desses atores o seu melhor, e as interpretações são rasas, muito superficiais, muito aquém de seus talentos já mostrados em outros momentos.

Mas nem tudo é ruim em Pegando Fogo. As cenas na cozinha são bem feitas e dizem que nem Cooper, nem Sienna usaram dublês na preparação dos pratos mostrados em cena. Apesar do final muito convencional, de um roteiro linear e de poucos atrativos ao longo das quase 2 horas de trama (o filme poderia ser mais curto) é quase impossível você sair do cinema sem água na boca. A dica é: vá sem fome (tanto física quanto aquela que temos por bons filmes, sabe?) e talvez você saia da sala com alguma alegria ou com a sensação de que o dinheiro do ingresso poderia ser melhor investido em um restaurante bem bacana!

Pegando Fogo (Burnt, Estados Unidos – 2015)
Direção: John Wells
Roteiro: Steven Knight
Elenco: Bradley Cooper, Sienna Miller, Daniel Brühl, Emma Thompson, Omar Sy, Matthew Rhys, Uma Thurman, Alicia Vikander
Duração: 110 minutos

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