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Crítica | Noite Sem Fim

por Melissa Andrade
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Liam Neeson parece ter sido moldado para papéis de filmes de ação. Não a toa são os que mais constam de sua filmografia recente. Passou uma trilogia defendendo a filha e a esposa, em formatos variados e agora chegou a vez de defender um filho. Não parece muito promissor e, infelizmente, não é.

Jimmy é um alcoólatra que vive as custas de Shaw Maguire, amigo de longa data e para quem fez trabalhos sujos no passado. Shaw por sua vez é um gangster reformado e que tenta dar legitimidade aos seus negócios. Algo que não passa pela cabeça do único filho Danny que vê na oportunidade de transportar drogas para os albaneses a chance de faturarem alto. Shaw é contra, mas Danny já fechou negócio e recebeu adiantado. Em uma reunião em sua casa as coisas não terminam bem e ele acaba matando os albaneses. O crime seria encoberto se Mike, filho de Jimmy, não tivesse presenciado tudo e caído nas mãos de Danny. Jimmy que não fala com o filho a anos é chamado para amenizar a situação, mas tudo piora quando ele mata o filho do amigo para salvar o seu e agora, os dois precisam fugir se quiserem sobreviver.

Alguns filmes estão fadados a darem errado desde o princípio e assim é Noite Sem Fim. Mesmo com uma direção de fotografia brilhantemente executada por Martin Ruhe e a trilha sonora de Junkie XL que deixa o espectador conectado a trama acelerada, o filme peca em diversos outros pontos. A começar por seu roteiro falho que leva a uma montagem um tanto desconexa e a enorme quantidade de personagens importantes que são mal aproveitados. Liam Neeson e Joel Kinnaman tentam com vontade, porém, estão longe de parecer pai e filho. Ainda que possuam uma história mal resolvida entre eles, não conseguem convencer o espectador que de fato exista essa ligação sanguínea. Neeson se destaca um pouco como homem durão e que quer consertar os erros do passado ao fazer uma única coisa certa. O mesmo não pode ser dito do personagem de Ed Harris que entra numa espiral de vingança, apenas porque pode, mesmo sabendo que foi seu filho o causador de todos os problemas e o errado na história. Ele prefere se esconder atrás do poderio de seus asseclas e tem atitudes burras. E é justamente aqui que o roteiro se torna frágil e quebradiço, pois a situação é tão clara que não faz o menor sentido a volta que a trama dá para chegar a solução final.

Clichês nem sempre são ruins, depende da maneira que são inseridos. Aqui, deixam claro que o roteirista não quis sair da zona de conforto e apostar em algo mais substancial. Por exemplo: os albaneses que são limados da trama logo no início. Por que não acrescenta-los no enredo também? Faria mais sentido um embate triplo do que essa briga sem fundamento entre dois amigos antigos. Especialmente se pararmos para pensar no quão esperto o personagem de Ed Harris teve que ser para fugir da cadeia enquanto gangster, para no final, acabar caindo nessa cilada sem volta. Lamentável.

Noite Sem Fim explora a previsibilidade da natureza humana dentro de um filme longo de ação. Sugere que não podemos ou não devemos confiar cegamente em alguém e mesmo aquele que nos desapontou pode ainda nos surpreender. Mas, isso seria ainda mais previsível não? Uma redenção? Complicado.

Noite Sem Fim (Run All Night – USA 2015)
Direção: Jaume Collet-Serra
Roteiro: Brad Ingelsby
Elenco: Liam Neeson, Ed Harris, Joel Kinnaman, Boyd Holbrook, Bruce McGill, Genesis Rodriguez, Vincent D’Onofrio, Lois Smith, Common, Beau Knapp, Patricia Kalember, Daniel Stewart Sherman, James Martinez, Tony Naumovski, Radivoje Bukvic
Duração: 114 min.

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