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Crítica | “Dancê” – Tulipa Ruiz

por Handerson Ornelas
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Um disco pra se ouvir com o corpo, pra se deixar levar…

E é com essa afirmação que Tulipa Ruiz resume seu terceiro e novo disco: Dancê. Uma das maiores vozes dessa geração da música brasileira, Tulipa mostra em seu novo trabalho uma obra com qualidades em proporções invejáveis. Muito além de representar a música popular brasileira, em Dancê a cantora revive o soul nacional com canções pra embalar desde danças mais vibrantes quanto baladas mais calmas, tudo com arranjos essencialmente orgânicos, cheio de excelentes sequência de metais.

Dizer que seu terceiro disco mostra um amadurecimento parece quase irônico já que Tulipa parecia mostrar uma sonoridade madura e experiente já em seu disco de estréia, Efêmera. Mas Dancê certamente é seu disco mais sólido até o momento, bem centrado em sua ideia, cheio de arranjos fantásticos, letras simples e bem elaboradas, tudo com uma excelente produção em parceria com o Natura Musical, seu irmão Gustavo Ruiz, e gravado nos estúdios do Red Bull Station em São Paulo. Dancê, acima de tudo, leva a sério seu título e celebra ao máximo a Disco Music, o Soul e toda a essência da música brasileira.

É impossível ouvir Dancê sem, no mínimo, balançar a cabeça ou aquele pézinho disfarçado em tom de dança. É um disco pra realmente se ouvir com o corpo, como definiu bem a cantora. O baixo introdutório de Prumo já chama o ouvinte pra dança, o que se intensifica com os agudos da voz sexy de Tulipa e os metais que permanecem por todo o disco. Basta colocar as fantásticas Proporcional e Elixir pra tocar e na mente vem rapidamente um nome: Tim Maia. Os belos arranjos, a extrema harmonia de instrumentos e o conjunto de metais cobrindo o vocal de Tulipa nos chamando para o baile mostram canções que poderiam muito bem ser uma homenagem ao famoso Síndico. O clima descompromissado das letras (que ainda assim, são muito bem compostas) ressalta ainda mais a ideia do disco: dançar.

Importante ressaltar também que a ideia de Dancê tem suas variações. O disco segue sua temática, mas você pode ver algo além de canções dançantes na vibe soul, principalmente nas faixas onde existem parcerias. Pode ser tanto o samba de clima suingado de Tafetá (participação de João Donato), a acusticidade de Oldboy, ou a vibe californiana-surfista de Virou (participação do paraense Felipe Cordeiro) com a típica guitarra na vibe de Dick Dale embalando uma clássica surf music, que ainda lembra bastante também Lulu Santos, artista com quem Tulipa fez parceria no disco anterior, Tudo Tanto. No fim, Tulipa até mostra um lado experimental bastante interessante em Algo Maior, com participação de gente que entende desse tópico – Juçara Marçal e Kiko Dinucci – fechando o disco com uma explosão instrumental de bateria, gritos e metais.

Tulipa Ruiz chega a seu terceiro álbum se provando um dos grandes nomes da atual música brasileira e, o mais importante, fazendo um disco essencialmente pop e de fácil consumo. Dancê nos leva para a pista de dança e mistura tanto o que há de moderno quanto o que há de oitentista na música. É frenético, despretensioso, divertido e de grande auto-astral. Em resumo, se trata de uma sonoridade rara. Em um universo perfeito, sem jabás, e onde a indústria musical se leva mais a sério, seria garantido um caminhão de hits pra ser tocado nas rádios.

Aumenta!: Elixir
Diminui!: –
Pra quem gosta de: Tim Maia, Céu, Ana Cañas

Dancê
Artista: Tulipa Ruiz
Lançamento: 5 de maio de 2015
País: Brasil
Gravadora: Natura Musical
Estilo: Soul, MPB, Disco

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