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Crítica | Busca Implacável 3

por Guilherme Coral
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estrelas 2,5

Bryan Mills, o famoso MacGyver interpretado por Liam Neeson, volta às telonas para fazer o que sabe fazer de melhor: acabar com bandidos em um frenesi típico de um touro ensandecido. A fórmula do primeiro filme se repete aqui em Busca Implacável 3, porém de forma mais disfarçada que o segundo – Luc Besson e Robert Mark Kamen certamente tomaram conta das críticas da obra anterior e decidiram dar um tratamento levemente diferente para o longa. Não se enganem, porém, a criatividade passa longe, mas não é isso que o espectador espera de um filme como esse, não é? O que, obviamente, não apaga seus evidentes defeitos.

A começar já temos uma cena introdutória completamente desnecessária que praticamente entrega o vilão por trás de toda a história, portanto, se puderem, ignorem um dos mandamentos dos cinéfilos e cheguem atrasados à sessão, garanto que a experiência será melhor – quando os créditos de abertura rolarem, podem entrar na sala. Após esse entr’acte que, obviamente, já tenta oferecer um pouco da ação que podemos esperar no restante do filme (como um medo dos roteiristas que a audiência vá embora se não ver ação logos nos 2 segundos iniciais), partimos para Bryan Mills. Revelar o motivo por trás dessa sua terceira busca implacável seria contar 80% da história do filme, portanto resumirei em uma sinopse curta e nada clara: ele quer vingança. Dessa vez ninguém foi raptado ou algo similar, algo fora do esperado ocorreu e Mills precisa achar o culpado. O problema está no fato que a polícia acredita que ele está por trás do ocorrido, nos colocando em uma dupla perseguição, com Neeson cumprindo o papel de gato e rato, com ninguém menos que o melhor policial de toda a costa Oeste atrás dele, interpretado por Forest Whitaker, em um papel a ele muito conveniente em termos de interpretação.

Busca Implacável 3 traz consigo o velho desconforto dos filmes de ação modernos. Preenchidos por uma fotografia que simplesmente não para – mesmo nos momentos de tranquilidade a câmera na mão é uma constante – a narrativa adota um tom permanente de urgência, caindo, porém, no erro de causar um desconforto visual que chega a cansar nosso olhar. O mesmo ritmo, naturalmente, se mantém nas cenas de ação em si, que não fogem do que já vimos nos dois antecessores. Há um claro apelo para o espetáculo visual, em especial nas cenas de perseguição de carro, escolha desnecessária, considerando a maior simplicidade que aprendemos a gostar na obra original. Estamos, é claro, na idade das explosões e se o filme não tivesse ao menos uma não poderia ser considerado um filme de ação pós-Transformers. Apesar disso, Besson e Kamen sabem se controlar na maior parte do tempo, nos oferecendo apenas as velhas galhofas de heróis de ação.

A montagem segue o rumo da foto e encadeia planos atrás de planos em rápida velocidade. O primeiro ato do filme é marcado por uma evidente pressa em nos jogar direto no frenesi e apresenta sequências curtas que mal dão espaço para o espectador respirar, como uma forma de pular a história logo para cairmos direto nas perseguições. Aqui não tenho como questionar a utilidade de toda a subtrama envolvendo a gravidez da filha de Mills, algo que não possui qualquer valor narrativo em qualquer ponto do filme, assim como muitas das cenas envolvendo a garota. Essa pressa parece também passar para a atuação de Liam, que aparenta completamente robótico nos momentos iniciais – somente quando o pavio é aceso enxergamos sua retratação com uma maior naturalidade, resta a dúvida se o ator já não está cansado dos mesmos papéis de novo e de novo.

Diante de tais defeitos, Busca Implacávelestá longe de ser o bom filme que o primeiro foi. Ainda assim, temos aqui uma divertida ação descerebrada, onde o herói é infalível e praticamente invencível e as perseguições e brigas são constantes. Com uma carga dramática falha, o filme faz o que sabe fazer de melhor, mas demonstra um cansaço marcado pela evidente falta de inovação de um roteiro que busca disfarçar a fórmula já super-utilizada. No fim, o espectador sai cansado da sala de cinema.

Busca Implacável 3 (Taken 3 – França, 2014)
Direção:
 Olivier Megaton
Roteiro: Luc Besson e Robert Mark Kamen
Elenco: Liam Neeson, Forest Whitaker, Maggie Grace, Famke Janssen, Dougray Scott, Sam Spruell, Don Harvey
Duração: 109 min.

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