Home TVEpisódio Crítica | Doctor Who – Série Clássica: The Ambassadors of Death (Arco #53)

Crítica | Doctor Who – Série Clássica: The Ambassadors of Death (Arco #53)

por Luiz Santiago
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Equipe: 3º Doutor, Liz (+ UNIT, Brigadeiro Lethbridge-Stewart e Benton)
Era: UNIT — Ano 2
Espaço: Reino Unido e órbita da Terra
Tempo: Anos 1970

Se o espectador for capaz de entender o difícil processo de produção de Doctor Who na Era Clássica (e em parte, na Nova Série também), tirando o peso desse aspecto do que é visto em The Ambassadors of Death, ele certamente terá um arco que é puro entretenimento, uma ficção científica mista de fantasia e investigação, lembrando um pouco as aventuras da 6ª Temporada (especialmente The Invasion) e servindo como um dos maiores exemplos de que a série definitivamente havia mudado.

O roteiro é assinado por David Whitaker, que já havia trazido para Doctor Who importantes aventuras como The Rescue (#11), The Enemy of the World (#40) e The Wheel In Space (#43). Essas colaborações anteriores permitiram ao roteirista uma facilidade maior na manipulação do universo do show que ele conhecia em outro “formato temático”, adaptando-o para o momento do exílio do Doutor e desenvolvendo um plot de conspiração muitíssimo bem arquitetado pelo General Carrington (John Abineri), plantando pistas falsas e distribuindo suspeitas e reviravoltas por todo o roteiro.

Inicialmente é um pouco difícil aceitar que tamanha e intricada realidade tenha sido planejada, desenvolvida e mantida através do comando de um único homem, que mesmo com ajuda de criminosos menores e alguns cientistas, mantinha sozinho o controle das operações, almejando um destino final vingativo para a espécie alien radioativa em questão, os Embaixadores. Posteriormente, isso fica mais fácil, pois nos familiarizamos com o que é posto, compreendemos a intenção do texto e vemos que o final patético da história segue bem a agenda desse tipo de trama, embora não apague a sensação de que o personagem e seu plano foram desenvolvidos com bastante exagero, mesmo que simule alguns projetos da NASA e tenha raízes artísticas notáveis como o álbum Space Oddity (1969), de David Bowie e o filme 2001: Uma Odisseia no Espaço.

O plano do General, todavia, é pensado e executado de uma forma instigante, mantendo ativo o interesse do espectador durante os sete episódios do arco, diferente do que acontecera em Doctor Who and the Silurians. Mesmo que em um ponto ou outro da história haja alguns minutos ou cenas de pouco impacto, elas passam rapidamente. Entre o capítulo 5 e 6, nós temos a impressão de que o “assunto principal” havia se esgotado e a história descambaria para uma sequência de eventos chateantes. Ledo engano. A trama ganha um novo elemento instigante e segue em alta até o final, num cenário de muitas filmagens em externas.

O espectador aqui morre de vontade de ver o interior da TARDIS e acompanhar a nave novamente pelo espaço, mas isso não acontece. Nossa dose de exploração, porém, é alimentada pelas naves terráqueas Mars Probe 7 e Recovery 7 e, claro, pela presença dos Embaixadores de uma espécie alien radioativa que chegam a nos dar um baita susto quando um de seus indivíduos tira o capacete espacial.

Com direito a tiroteios, perseguições, o Doutor pilotando uma nave espacial da Terra, isótopos radioativos, embaixadores alienígenas na Terra, conspiração militar comandada por um General maluco e bandidos, burocracia e mídia tendenciosa, The Ambassadors of Death é um arco sólido, bem dirigido e com boas atuações do elenco principal. O desfecho é mais que satisfatório e, apesar de não haver de fato um cliffhanger, a finalização empurra com graça o público para o próximo capítulo, não para ver o que aconteceu com os Embaixadores mas para acompanhar as histórias do Doutor, que, na Terra, acaba aumentando o apelo diegético da série já que todas essas ameaças “estão aqui entre nós”. Doctor Who nunca esteve tão próxima do público quanto nestes anos do Doutor na UNIT.

The Ambassadors of Death (Arco #53) — 7ª Temporada
Direção: Michael Ferguson
Roteiro: David Whitaker
Elenco: Jon Pertwee, Caroline John, Nicholas Courtney, Ronald Allen, John Levene

Audiência média: 7,49 milhões

7 episódios (exibidos entre 21 de março a 02 de maio de 1970)

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