Em King of Norway presenciamos algumas grandes mudanças para esse bem construído cenário que é a quinta temporada de Boardwalk Empire. A começar, temos a mais óbvia: os flashbacks de Nucky avançaram para um tempo no qual ele já é um jovem adulto, já como vice-xerife. Se lembrarmos bem, em Cuanto, Thompson já caíra nas graças do xerife de Atlantic City e não só fora convidado para jantar em sua casa, como foi contratado para ser seu ajudante.
Tal pulo no tempo ocorreu na hora precisa, mantendo o dinamismo presenciado em todos os capítulos deste ano. Continuar com um Enoch ainda criança seria insustentável para a estrutura da temporada e antes mesmo de começarmos a nos cansar desse período da história, Terence Winter decidiu omitir alguns anos. Novamente volto a ressaltar a escolha corajosa do showrunner em não deixar pontas para um possível spin-off, ao menos não para esse passado, até então nunca contado de Nucky.
Abrimos o capítulo com o, então, vice-xerife investigando a denúncia de uma senhora sobre um corpo nas areias de Atlantic City. Desde já nos salta aos olhos o trabalho de Marc Pickering, que consegue trazer todos os trejeitos de Nucky. É como se observássemos, de fato, um Steve Buscemi mais novo e desde já conseguimos acreditar completamente neste personagem. Minha única ressalva fica em relação à prótese dentária aplicada no ator, algo que se destaca negativamente na composição do personagem – ainda que esta seja uma das notáveis características de Buscemi. Uma solução levemente mais discreta seria de maior agrado, ainda que, com o passar dos minutos, consigamos nos acostumar com esse estranho elemento.
Chegamos, então, na segunda grande mudança do episódio: a presença de Al Capone. A quinta temporada, enfim, rompeu com sua estrutura vigente de intercalar em capítulos os personagens mostrados. Temos, portanto, diversos indivíduos que, até agora, não haviam compartilhado os cinquenta minutos de projeção. Tal escolha por parte do roteiro, dessa vez nas mãos de Steve Kornacki, demonstra uma sutil aceleração no ritmo da obra. À princípio vimos como um possível deslize deste ano, mas tal transição rapidamente se provou ideal. As peças do tabuleiro se mexem de forma ainda mais agressivas e os verdadeiros antagonistas começam a se revelar. Devo dizer que ver Torrio se aliando com Lansky e Luciano foi algo totalmente inesperado – e que maneira de se trazer o brilhante trabalho de Greg Antonacci como Johnny para o centro da jogada!
Nucky, porém, não é o único Thompson em problemas. Voltamos a ver a perspectiva de Eli em um dos pontos altos do episódio. Os diálogos entre o ex-xerife e Nelson Van Alden roubam a cena e o mérito não somente vai para o roteiro, como para as interpretações de Shea Whigham e Michael Shannon, que, a este ponto, já se encontram em perfeita harmonia com seus personagens. Não me canso de afirmar que Boardwalk é uma série que sempre caminha para a frente e esses dois indivíduos são a completa prova disso. Basta olharmos para trás, para a primeira temporada, que veremos a completa evolução (mesmo que para um viés negativo) dos personagens.
King of Norway finaliza ainda com uma grata surpresa, trazendo de volta Daughter, uma enigmática personagem da quarta temporada, nos deixando ainda mais curiosos para o que virá na próxima semana. O ótimo ritmo estabelecido desde Golden Days for Boys and Girls se mantém sólido, ganhando uma leve aceleração que caminha para um dramático clímax.
Não há como prever o que veremos neste desfecho da história de Nucky Thompson e cada vez mais somos fisgados por esse suspense.
Boardwalk Empire 5X05: King of Norway
Showrunner: Terence Winter
Direção: Ed Bianchi
Roteiro: Steve Kornacki
Elenco: Steve Buscemi, Kelly Macdonald, Michael Shannon, Shea Whigham, Stephen Graham, Vincent Piazza, Michael Kenneth Williams, Paul Sparks, Gretchen Mol, Anatol Yusef, Boris McGiver, Greg Antonacci
Duração: 55 min.