Mais uma vez a Marvel usa o Quarteto Fantástico de trampolim para expandir seu universo. É nessa publicação que Galactus e o Surfista Prateado apareceram pela primeira vez (Trilogia de Galactus), que Ronan, o Acusador e a Suprema Inteligência dos Kree surgiram e onde vemos, pela primeira vez, mais detalhes sobre o planeta natal de Rhomman Dey, o Prime Centurion que transfere seus poderes para Richard Rider, transformando-o em Nova.
O lugar óbvio para isso acontecer era, claro, na publicação própria de Nova, mas, em 1979, com baixa circulação, ela estava para ser cancelada no número #25. Assim, a editora elegeu a publicação do Quarteto Fantástico para ampliar a mitologia do herói, fazendo com que Reed Richards, em uma de suas usuais investigações científicas, desvie um raio transportador para seu laboratório, onde a Rainha Adora, de Xandar, se materializa. Mas, junto com ela, vem um Skrull. Derrotada a ameaça, graças à ajuda do Coisa, aprendemos a origem de Xandar, que fora destruída por Zorr, alienígena que viria a ferir mortalmente Rhomman Dey na caçada intergalática que o centurião iniciou. Com o planeta destruído, quatro enormes asteroides foram misteriosamente preservados em escudos de força (nós sabemos que foi o Vigia, em uma de suas interferências “indevidas”, mas Adora não) e, com o tempo, os xandarianos uniram as esferas, criando ambientes separados para cidades, agricultura, mineração e fábricas.
Mas então os Skrulls chegaram e Adora usou o raio de transporte para procurar ajuda, caindo no colo do Quarteto Fantástico (o porquê desses raios não caírem no meio do deserto de Gobi ou lugares assim é um mistério…). Com isso, os heróis, com exceção de Johnny Storm, não pensam duas vezes e partem para Xandar. O Tocha Humana está passando por problemas existenciais e quer ter uma vida mais tranquila. Ele busca conversar com seus amigos Vingadores, com o Homem-Aranha, mas convenientemente não os encontra, indo parar em uma universidade para completar seus estudos, mas sem saber que está sendo observado de perto pelo Monóculo, em uma linha narrativa que se desenvolveria mais para a frente.
No número seguinte, já estamos em Xandar, no meio de uma feroz batalha entre a Tropa Nova e os Skrulls. A chegada do Quarteto logo faz com que a balança pese mais para o lado de Xandar e os Skrulls retrocedem pelo tempo suficiente para Reed, Sue e Ben aprenderem sobre Xandar e seu magnífico Computador Vivo, que guarda, há mais de dez mi anos, todo o conhecimento coletivo dos xandarianos mortos. É interessante notar que, apesar de estarmos em Xandar e os centuriões se vestirem com uniformes parecidos com os de Nova, não há menção a ele nem mesmo à expressão Tropa Nova (Nova Corps.). Trata-se, assim, na verdade, de um embrião de ideia que é plantada ali por Marv Wolfman e que somente seria explorada em todo seu potencial anos depois. Mas essa introdução é providencial, pois ela viria a se encaixar com o final da publicação solo de Nova, ajudando-a a ter um encerramento digno.
A arte de Keith Pollard e Joe Sinnott é de se tirar o chapéu, com um enorme detalhamento dos cenários, boas expressões faciais e uma excelente capacidade de preencher o campo visual de forma harmônica nas cenas de batalha. Apesar da história envolvendo Johnny não ser lá muito interessante, retirando muitas oportunidades de mais foco em Xandar, o trabalho dos dois artistas consegue superar até os problemas do roteiro claudicante entre Xandar e Terra.
Um pouco mais sobre a Tropa Nova
Inicialmente, a Tropa Nova, surgida de maneira insipiente em Quarteto Fantástico #204 e 205, era uma força de soldados e exploradores do planeta Xandar. Os 500 integrantes da tropa são divididos em recrutas, Centuriões e, finalmente, seu líder, o Centurião Nova Prime e retiram seus poderes da Força Nova, gerada pelo Computador Vivo que reúne todo o conhecimento coletivo dos xandarianos nos últimos 10 mil anos e que viria a ser conhecido como Worldmind.
Durante sua história editorial, a Tropa Nova foi destruída várias vezes, sendo reconstruída não muito tempo depois. Eles sofreram nas mãos de Zorr, Nebula e, depois, foram vítimas da Onda de Aniquilação na saga Aniquilação. Richard Rider, o Nova da Terra, já chegou a ter todo o poder da Tropa Nova apenas com ele, com poderes próximos de ilimitados e acesso absoluto ao Worldmind.
A Força Nova é capaz de conceder aos seus usuários superforça, supervelocidade, super reflexos e percepção aguçada, além de voo a velocidades superiores à da luz, fator de cura e raios de energia. O uniforme da Tropa Nova usa uma padronagem de azul e amarelo ouro, com estrelas pulsantes no tórax, além de um característico capacete em forma de balde com uma estrela vermelha ao centro. Há vários modelos, dependendo da hierarquia, mas todos eles permitem que o usuário respire no vácuo.
Quarteto Fantástico #205 (Fantastic Four #205, EUA – março e abril de 1979)
Roteiro: Marv Wolfman
Arte: Keith Pollard, Joe Sinnott
Editora: Marvel Comics
Páginas: 27