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Crítica | Dragon Ball: O Castelo do Diabo

por Guilherme Coral
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estrelas 2,5

Lançado nos cinemas japoneses em 1987, durante o festival Toei Manga Matsuri, O Castelo do Diabo segue o exemplo de seu antecessor, nos trazendo uma nova visão sobre determinado trecho da história criada por Akira Toriyama. Sua trama continua de onde paramos em A Lenda de Shenlong, com Goku a caminho da ilha de Mestre Kame com o intuito de ser treinado pelo eremita. Como no mangá, contudo, o mestre não aceita Son de imediato como seu pupilo. Ao mesmo tempo temos a chegada de Kuririn com o mesmo objetivo de Goku. Com isso, Kame propõe um teste para ambos: quem trouxer a ele uma bela jovem (pichi-pichi gal no japonês) irá poder ser treinado.

Neste ponto começam a entrar as diferenças em relação ao anime original. Ao invés de deixar a busca a cargo dos jovens, o eremita pede que busquem uma donzela em específico: a Bela Adormecida de um longínquo castelo ao Oeste. Desde já, podemos identificar um avanço da narrativa em relação ao filme anterior: O Castelo do Diabo trabalha em cima de um trecho menos significativo dentro da trama geral de Dragon Ball, o expandindo. Com isso, ao invés de uma sensação de termos episódios simplesmente reescritos, ganhamos algo equivalente a um episódio filler prolongado.

Embora não ofereça muito conteúdo em termos de história, o média-metragem garante as risadas do espectador através do ótimo trabalho de dublagem do elenco em geral, em especial Kōhei Miyauchi como Kame. Além disso a relação competitiva entre Goku e Kuririn consegue nos manter entretidos, um sempre sabotando o outro a fim de ser treinado pelo Mestre. Por outro lado, grande parte das piadas utilizadas são tiradas diretamente do anime, reiterando o fato desta ser uma obra dispensável para quem já assistiu o desenho completo.

E quanto aos elementos novos do filme? Por mais que O Castelo do Diabo apresente um novo antagonista, este não chega a despertar o interesse do espectador em nenhum momento – sua construção é feita de maneira rápida e sem provocar nenhuma tensão. Através dele ganhamos algumas cenas de ação, mas estas logo se tornam repetitivas pela reutilização de diversos planos dentro da obra. Caímos, portanto, dentro da animação propriamente dita que, similarmente a A Lenda de Shenlong, recicla cenas inteiras do anime original. Desta vez, porém, os animadores decidiram ser mais discretos e não utilizar trechos da sequência de abertura. Novamente, trata-se de um fator que passa despercebido para os não familiares à série em si.

Ainda no tratamento da arte, encontramos certos defeitos na qualidade dos cenários que acabam sendo muito destoantes das cores vivas dos personagens. Em determinadas sequências fica claro que estamos diante de duas camadas distintas, prejudicando consideravelmente a imersão do espectador. Além disso a união do antigo com o tecnológico não funciona de maneira orgânica, como é costumeiro na franquia, gerando, não só localizações, como criaturas demasiadamente forçadas dentro da narrativa.

A trilha sonora, por outro lado, agrada, se encaixando perfeitamente dentro da trama. Ouvimos novamente variações da música de abertura e novas melodias que procuram compor a figura do antagonista (sem obter êxito, devido ao roteiro apressado). Através de tons mais animados, as sequências de luta acabam soando mais divertidas, embora não vejamos resoluções criativas apelando para o humor, como no original.

O Castelo do Diabo é uma obra que, por pouco, diverte o espectador, trazendo consigo problemas técnicos de animação e roteiro. É um filme que se disfarça como filler, perdendo um pouco do caráter de mera reciclagem de seu antecessor. Ainda assim, é uma experiência válida apenas para aqueles que não assistiram o anime original, ao passo que utiliza muito do humor característico de Akira Toriyama.

Dragon  Ball: O Castelo do Diabo (Doragon Bōru: Majin-Jō No Nemuri Hime, Japão, 1987)
Roteiro: Keiji Terui
Direção: Daisuke Nishio
Elenco: Masako Nozawa, Mayumi Tanaka, Hiromi Tsuru, Naoki Tatsuta, Naoko Watanabe, Tōru Furuya, Kōhei Miyauchi, Mami Koyama, Shūichirō Moriyama.
Duração: 48 min.

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