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Crítica | K-9 and Company: A Girl’s Best Friend

por Luiz Santiago
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John Nathan-Turner era Produtor de Doctor Who quando criou K-9 and Company, em 1981. A série tinha por objetivo trazer Sarah Jane Smith novamente às telas, mas não ao lado do Doutor e sim em aventuras individuais, ajudada por K-9 Mark III, um presente recebido por ela do 4º Doutor.

A série teve um único episódioA Girl’s Best Friend, exibido no Reino Unido em 28 de dezembro de 1981, tendo uma audiência média de 8,4 milhões de espectadores. Fica evidente que o índice para o Piloto não era mal, e isso fez com que Bill Cotton, à época, Controlador da BBC One, aprovasse o projeto, liberando-o para produção. O impasse veio quando, no final daquele mesmo ano, Cotton foi substituído por Alan Hart, que reviu a ordem do antigo Controlador e cancelou K-9 and Company.

Mesmo que a série não tenha ido adiante, seu único episódio de 50 minutos foi de grande importância para o estabelecimento da vida de Sarah Jane Smith após anos de viagem com o Doutor. As citações sobre ela no Universo Expandido de DW e mesmo a premissa utilizada por Russell T. Davies para criar The Sarah Jane Adventures em 2007 veio do que foi abordado nesse Piloto: o relacionamento de Sarah com a tia Lavinia, a mudança de casa, o exercício da profissão de jornalista, a personalidade marcante de quem viu coisas que mais nenhum humano normal ao seu redor havia visto (a não ser que tenha viajado ou se envolvido com o Doutor ou algum outro alienígena)…

A história de A Girl’s Best Friend cumpre perfeitamente o seu papel ao apresentar de maneira simples e bastante completa para um primeiro episódio, os protagonistas do show e suas formas de agir em momentos de perigo. O roteiro de Terence Dudley consegue uma atmosfera sombria ao longo de todo episódio, cujo núcleo vilão é o Culto de Hécate, praticado por vizinhos da mansão da tia de Sarah Jane, em Moreton Harwood (esse mesmo fantasma místico iria assombrar Sarah de maneira quase mortal na série da Big Finish).

A protagonista vai até a propriedade da tia a fim de passar o Natal, mas fica desapontada ao ver que Lavinia viajara para os Estados Unidos sem comunicá-la. Em seguida, Brandon Richards, o jovem protegido de Lavínia, telefona. Ele também chegara para a passagem do Natal e é ao seu lado que Sarah descobre K-9 Mark III em uma caixa permanecida fechada por três anos, envida para ela pelo 4º Doutor, em 1978. A caixa havia ficado fechada porque o Doutor deixou-a no único endereço que tinha da companion, a antiga residência de Lavinia. Mas a essa época Sarah já não morava mais com a tia e passou cerca de três anos sem lhe fazer uma visita na nova casa, a mansão de Moreton Harwood.

Além de questões familiares e de amizade terem um bom destaque no roteiro, é a linha do horror que ganha maior força e Terence Dudley faz um bom trabalho na contextualização da atmosfera correta e no ótimo contraste dessa realidade com o que se espera de uma vila campestre à época do Natal. A luta de Sarah Jane contra o Culto de Hécate, que pretendia sacrificar Brandon, é talvez o ponto mais fraco da história, não por sua ocorrência, mas pelos vergonhosos efeitos especiais — o que é bastante comum em se tratando de um produto da BBC ligado ao universo de DW, especialmente nesse período.

É realmente de se lamentar que a série não tenha ido adiante. Havia um grande potencial para boas histórias e Elisabeth Sladen simplesmente brilha quando aparece na tela, conseguindo segurar muitíssimo bem um show como protagonista. A colocação de K-9 aqui é infinitamente melhor e bem mais divertida do que a vista em SJA e sua interação com Brandon é ainda melhor que aquela que o seu modelo seguinte irá ter com Luke Smith.

Não é possível entender porque Alan Hart detestou tanto o Piloto a ponto de cancelar a série que já tinha sido confirmada para produção. Conforta-nos saber, no entanto, que o episódio se tornou elemento-chave quando se fala de Sarah Jane, algo que nenhum Controlador de rede de televisão conseguiu apagar da História.

Breve resumo sobre os modelos de K-9

Ao longo da História de Doctor Who e seus spin-offs — dentre os quais K-9 and Company foi o primeiro — tivemos alguns modelos do cão-robô chamado K-9. Para que não haja confusão do leitor na hora de fazer comparações e entender melhor o que foi abordado na crítica acima, disponho aqui um breve resumo dos modelos de K-9 até o momento (abril de 2014).

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K-9 Mark I Criado pelo professor Marius, no ano 5000, no pequeno asteroide chamado K4067 e localizado no Cinturão de Asteroides, no nosso Sistema Solar. Esse modelo apareceu pela primeira vez no arco The Invisible Enemy, uma aventura do 4º Doutor ao lado e Leela. Ao final da aventura, o professor Marius dá K-9 de presente ao Doutor e Leela em agradecimento. Quando Leela se separa do Doutor, em The Invasion of Time, K-9 Mark I fica com ela em Gallifrey.

K-9 Mark II Provavelmente criado pelo Doutor tendo como modelo o Mark I do professor Marius, esse segundo K-9 apareceu pela primeira vez no arco The Ribos Operation. Na partida de Romana II, no arco Warriors’ Gate, o Doutor percebe que K-9 está danificado demais para cruzar o N-Space de volta para o nosso Universo, então, deixa-o com a Time Lady e ex-companion.

K-9 Mark III Criado ou obtido pelo 4º Doutor, esse modelo de K-9 segue o mesmo princípio do original construído pelo professor Marius. Ele apareceu pela primeira vez nos quadrinhos, numa história chamada Inter-Galactic Cat, aventura do 4º Doutor ao lado de Adric. Em seguida, o cão-robô foi deixado como presente para Sarah Jane Smith em 1978. Sarah só abre a caixa três anos depois, no episódio A Girl’s Best Friend.

K-9 Mark IV Criado pelo 10º Doutor no episódio School Reunion, depois que o Mark III foi destruído na luta contra os Krillitanes. Essa versão do robô foi um pouco mais aprimorada em relação às anteriores, mas o cão ainda possuía o modelo original do ano 5000. Ele foi criado especialmente para Sarah Jane Smith.

BBV K-9 Essa versão foi criada pela BBV Productios unicamente para que a produtora tivesse acesso a um tipo expandido de mitologia do K-9 da Série Clássica de DW sobre o qual não possuía os direitos. Fica implícito que ele é, na verdade, o K-9 Mark II, que ficou com Romana II no N-Space. No caso dessa versão (que a BBC e a Big Finish fazem questão de grifar que não tem relação alguma com o “K-9 verdadeiro”), o K-9 da BBV viaja pelo Ecto-Space ao lado de uma personagem chama The Mistress, que fica fortemente implicado tratar-se de Romana II, num Universo Alternativo.

K-9 Mark 2 Este modelo (sem o algarismo romano) faz parte da série britânico-australiana K9. Ele é a “regeneração” do K-9 Mark I (sim, você leu certo: regeneração!). O que acontece é que depois de ter sobrevivido (mesmo aos pedaços) à Time War, K-9 Mark I viajou para o ano 50 000 onde conheceu Zanthus Pia, o Chefe da Comissão Galáctica de Paz, a quem ele vê ser assassinado pelas mãos de Ahab, um mercenário do século 501. Como é uma testemunha ocular, K-9 é perseguido e pula em um Manipulador do Espaço-Tempo, vindo parar na Terra, em 2050 e na Mansão Gryffen. Ele se autodestrói para salvar o pequeno grupo de humanos do local, ameaçados pelos Jixen. Usando a energia de um teste de viagem no tempo empreendido pelo professor Alistair Gryffen, um Dispositivo de Reparação Robótica de K-9, chamado Regeneration Unit, é ativado. O cão, então, literalmente, se regenera (como o Doutor faz, ficando com um novo corpo). Após esse auto-reboot, K-9 (agora Mark 2) se esquece de seus donos anteriores, inclusive do Doutor, faz sua reorientação de protocolo e passa a servir seus novos donos.

Orthrus Uma versão-duplicata de K-9 Mark 2 também da série referida no modelo acima. Ele é criado pelo personagem Drake, um humano ambicioso e que trabalha no departamento de controle de tecnologia alienígena, no episódio Jaws of Orthrus.

K-9 and Company – 1X01: A Girl’s Best Friend (Reino Unido, 1981)
Criação:
 John Nathan-Turner
Direção: John Black
Roteiro: Terence Dudley
Elenco: Elisabeth Sladen, John Leeson, Bill Fraser, Ian Sears, Colin Jeavons, Sean Chapman, Mary Wimbush, Linda Polan, Gillian Martell, Neville Barber, John Quarmby, Nigel Gregory
Duração: 50 min.

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